27.12.09

Melhores de 2009

Chega a última semana de 2009 e, com ela, a hora das esperadas (por uns) e temidas (por outros) listas de melhores do ano. A APJCC apresenta a sua seleção dos dez melhores filmes que passaram pelas telas de Belém nos últimos 365 dias.

Em 2009, optamos por divulgar uma lista única que represente a opinião da Associação. Entretanto, as listas individuais elaboradas pelos críticos da APJCC  continuam sendo disponibilizadas logo abaixo da seleção coletiva.

A APJCC agradece a todos que prestigiaram nossas ações cineclubistas no ano de 2009 e deseja um 2010 com muito mais cinema!

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MENÇÕES ESPECIAIS:


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LISTAS INDIVIDUAIS:


Aerton Martins


1-Bastardos Inglórios, de Quentin Tarantino
2-Amantes, de James Gray
3-Inimigos Públicos, de Michael Mann
4- Aquele Querido Mês de Agosto, de Miguel Gomes
5-A Troca, de Clint Eastwood
6-Gran Torino, de Clint Eastwood
7-Watchmen, de Zack Snyder
8- Star Trek, de J.J Abrams
9-O Lutador, de Darren Aronofsky
10- Moscou, de Eduardo Coutinho

Cauby Monteiro

1-Bastardos Inglórios, de Quentin Tarantino
2-Amantes, de James Gray
3-Inimigos Públicos, de Michael Mann
4-A Troca, de Clint Eastwood
5-Up, de Pete Docter
6-Aquele Querido Mês de Agosto, de Miguel Gomes
7-Gran Torino, de Clint Eastwood
8-Alexandra, de Aleksandr Sokurov
9-Watchmen, de Zack Snyder
10-Te Amarei Para Sempre, de Robert Schwentke

Fábia Martins

1 - Bastardos Inglórios, de Quentin Tarantino
2 - Inimigos Públicos, de Michael Mann
3 - Amantes, de James Gray
4 - A Troca, de Clint Eastwood
5 - Gran Torino, de Clint Eastwood
6 - Watchmen, de Zack Snyder
Sessão Maldita: Bunny Lake is Missing
Animação: UP

Felipe Cruz

1 - Inimigos Públicos, de Michael Mann
2 - Bastardos Inglórios, de Quentin Tarantino/ Amantes, de James Gray
3 - Gran Torino, de Clint Eastwood
4 - Moscou, de Eduardo Coutinho
5 - A Troca, de Clint Eastwood
6 - Aquele Querido Mês de Agosto, de Miguel Gomes
7 - Anti-Cristo, de Lars von Trier
Animação: UP

Mateus Moura

1 -Bastardos Inglórios, de Quentin Tarantino/ Amantes, de James Gray/ Inimigos Públicos, de Michael Mann
2 - Gran Torino, de Clint Eastwood/ A Troca, de Clint Eastwood
3 - Aquele Querido Mês de Agosto, de Miguel Gomes
4 - Inútil, de Jia Zhang-ke
5 - Moscou, de Eduardo Coutinho
6 - O Mastro de São Caralho, de Márcio Barradas
7 - Brega S/A, de Gustavo Godinho e Wlad Cunha
Animação: UP

Miguel Haoni

1 - Bastardos Inglórios, de Quentin Tarantino
2 - Inimigos Públicos, de Michael Mann/ Gran Torino, de Clint Eastwood
3 - Amantes, de James Gray
4 - Aquele Querido Mês de Agosto, de Miguel Gomes
5 - O Mastro de São Caralho, de Márcio Barradas
Melhor filme exibido no circuito alternativo em Belém: Duas Garotas Românticas, de Jacques Demy

Rodrigo Cruz

1 - Bastardos Inglórios, de Quentin Tarantino
2 - Inimigos Públicos, de Michael Mann
3 - Amantes, de James Gray
4 - A Troca, de Clint Eastwood
5 - Gran Torino, de Clint Eastwood
6 - Alexandra, de Aleksandr Soukurov
7 - Garapa, de José Padilha
8 - Brega S/A, de Gustavo Godinho e Wladmir Cunha
Animação: UP
Circuito alternativo/ cineclubes: Bunny Lake is Missing

19.12.09

"Iracema, uma transa amazônica" na tela do INOVACINE

Inovacine apresenta:

Iracema, uma transa amazônica




O Brasil é o país dos dilaceramentos. A realidade geopolítica é tão ancorada em disparidades que por vezes o brasileiro se surpreende com um país alienígena, que também é seu. Em 1974, uma equipe de filmagem resolveu mergulhar no desafio de construir uma narrativa tomando esta premissa como base, cujo resultado - o filme "Iracema, uma transa amazônica" - é talvez o trabalho mais inovador sobre os limites entre documentário e ficção já feito.

Paulo César Pereio e Edna de Cássia representam o abismo entre o "Brasil Grande" propagandeado pelo regime e a precariedade do povo que sobrevive à margem da ilusão de progresso. Orlando Senna desenvolve tal roteiro não numa escrita de ferro mas, sobretudo, no suor dos personagens.

Nesta perspectiva destaca-se, entretanto, o cine-olho de Jorge Bodanzky que ao resignificar a "realidade tomada de improviso" vertoviana dá novo sentido ao método da entrevista e das relações entre a equipe de filmagem e o universo registrado/representado.

Reexibir "Iracema" em Belém é oportunidade, não só para celebrar os 35 anos desta obra-prima, como também para reavaliarmos enquanto amazônidas o dilaceramento que abandona no meio da estrada, prostituído e banguela, este Brasil alienígena que sempre foi o nosso.

Miguel Haoni  (APJCC - 2009)




SERVIÇO:

Local: Loja Ná Figueiredo (Av. Gentil Bittencourt, 449)

Data: 21/12/09 (segunda-feira)

Hora: 18:30

Entrada franca.

REALIZAÇÃO: FAPESPA

PARCERIA: APJCC

APOIO: LOJAS NÁ FIGUEIREDO

14.12.09

Oldboy encerra programação anual do Cine CCBEU

Cine CCBEU apresenta:

Oldboy, de Park Chan-Wook




Em 1988, Dae-soo, um homem casado e com uma filha, é raptado e aprisionado sem qualquer motivo num quarto quarto de hotel.15 anos depois, ele é libertado e recebe algum dinheiro, um telemóvel e um fato novo. Desorientado, e sedento de vingança, ele luta para descobrir a razão pela qual foi preso. Mas à medida que o derradeiro confronto com o seu raptor se aproxima, Dae-soo descobre um segredo terrível...

Unanimemente aplaudido pelo público e pela crítica, Old Boy foi a grande surpresa de Cannes em 2004, ganhando o Grande Prémio do Júri presidido por Quentin Tarantino, que não poupou elogios ao realizador e ao filme.


Comentador convidado: Cauby Monteiro (presidente da APJCC)



Serviço:
Dia 17/12 (quinta)
às 18:30 h
No Cineteatro do CCBEU
(Padre Eutíquio, 1309)
ENTRADA FRANCA

Realização: CCBEU
Parceria: APJCC
Apoio: Cineclube Amazonas Douro

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CINE CCBEU: espaço de exibição de grandes obras da cinematografia mundial e fórum regular de debates sobre arte, cultura e cinema.

Numa parceria entre Centro Cultural Brasil Estados Unidos, Associação Paraense de Jovens Críticos de Cinema (APJCC) e Cineclube Amazonas Douro, o Cine CCBEU funciona quinzenalmente às quintas-feiras, a partir das 18:30. O filme  "Oldboy", de Park Chan-Wook  encerra a programação de 2009.

A equipe do Cine agradece a presença de todos que prestigiaram o trabalho nesse primeiro ano de atividades, comparecendo às sessões e participando dos debates.

O cineclube retorna no dia 07 de janeiro com o filme "Três é Demais" abrindo o ciclo "The Magnificent Andersons - Chapter Two: Wes Anderson".

Sempre com entrada franca!

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Cine CCBEU no Orkut: Perfil e Comunidade


Novo e-mail do Cine CCBEU: cineccbeu@gmail.com

11.12.09

"A prometida de Drácula" na volta da Sessão Maldita

Sessão Maldita apresenta:

A prometida de Drácula, de Jean Rollin



Penúltimo filme dirigido por Jean Rollin, mostra a busca de um professor pelos descendentes de Drácula. Uma pista acaba levando-o a uma mansão cheia de estranhas freiras, conhecidas como a "Ordem das Virgens Brancas".

Serviço:

Dia 12/12/09 (sábado)

às 22h30

no Cine Líbero Luxardo - CENTUR

Legendas em português

ENTRADA FRANCA

7.12.09

II Mostra Melhores do Ano (2 anos de APJCC)


A Associação Paraense de Jovens Críticos de Cinema completa 2 anos, e uma tradição começa a se ensaiar. Dando seguimento ao que aconteceu na comemoração do primeiro aniversário, a Associação promoverá a II Mostra Melhores do Ano. O local, mais uma vez, será o Cine Líbero Luxardo, a entrada (e a conversa), como sempre, serão francas.


Existe apenas uma diferença: no ano passado, foram vistos os melhores filmes do ano exibidos no âmbito das ações da APJCC. Agora, no ano de 2009, graças  à equipe do Cine Líbero Luxardo, além da reexibição e rediscussão das melhores sessões do Cineclube Aliança Francesa, Cine CCBEU, Sessão Maldita e Inovacine, será exibido, discutido e aplaudido (em película) o que foi considerado, unânime, pela APJCC, como o filme do ano de 2009: Bastardos Inglórios, de Quentin Tarantino.


Já são 2 anos, centenas de filmes e muita falação. 2009 foi um ano rico de ações e discussões cineclubistas para Belém. Também rico de incompreensões e decepções. 2010 se anuncia... tudo de novo, diferente.


Mateus Moura


(APJCC 2009)


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Programação


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10/12 (quinta) - "Bastardos Inglórios", de Quentin Tarantino

(excepcionalmente às 15h00)

Era uma vez em uma frança ocupada pelos nazistas a jovem shoshanna, ultima sobrevivente de uma familia judia, procura vingança. Enquanto isso o tenente Aldo"the apache" Raine comanda os bastardos: 8soldados-judeus-americanos, dispostos a fazer apenas... Matar nazistas!

Max Andreone


(APJCC - 2009)


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11/12 (sexta) - "Cidadão Kane", de Orson Welles

Cidadão Kane, para os cinéfilos franceses – entre eles: François Truffaut – representou, enquanto experiência de descoberta coletiva, a volta às salas de cinema, na Europa finalmente liberada do nazifascismo.


Foi a libertação do cativeiro da censura, o sopro de genialidade que despertou os olhos empoeirados de mesmice e os ouvidos fatigados de zumbidos de guerra. O sopro genial na verdade era um vendaval, que vinha além-mar, na voz e na imagem de um herói diferente.


Mais célebre que a crítica desfavorável do filósofo das palavras Jean-Paul Sartre foi a resposta do filósofo das imagens André Bazin ao – segundo ele – estrabismo cinematográfico do conterrâneo. A defesa do crítico francês elevou Orson Welles a um patamar até então inesperado, e a crítica, historicamente, foi uma das mais importantes do cinema.


Segundo o próprio François Truffaut o cinema moderno nasce e morre em Cidadão Kane. Por que essa empolgação desses ativos pensadores de cinema com o primeiro filme desse jovem e impetuoso cineasta? Afinal, é Cidadão Kane o maior filme de todos os tempos mesmo? O mais revolucionário? Por quê? Só vendo, revendo, ouvindo, sentindo, analisando e refletindo para saber.


Mateus Moura


(APJCC - 2009)


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12/12 (sábado) - "Embriagado de Amor", de Paul Thomas Anderson

Barry Egan leva uma vida retraída: trabalha, vive só, tem sete irmãs. Um acidente de carro, um piano e a mulher de vermelho invadem seu casulo. Como um inseto que segue uma luz hipnotizante, somos levados por Barry a descobrir as possibilidades que existem além de tudo que conhecemos e precisamos. Uma das mais belas histórias de amor pelo cinema.


Max Andreone


(APJCC - 2009)


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13/12 (domingo) - "Bunny Lake Desapareceu", de Otto Preminger

Otto Preminger é austríaco e se tornou um dos grandes diretores na poderosa Hollywood. Tinha fama de ser um homem descontrolado no set, chegando a humilhar os atores e esbofetear as atrizes com quem trabalhou. “Laura” e “Anatomia de Um Crime” são seus trabalhos mais citados pela crítica. “Laura” abriu ao diretor um grande caminho nos Estados Unidos, foi sucesso de crítica e público e lhe deu carta branca para que ele criasse uma das grandes e sublimes filmografia da Hollywood clássica. Deixou obras em todos os gêneros cinematográficos. Tinha apreço pelos temas que sublinhavam os desvios morais e conflitos comportamentais. A obra “Bunny Lake Desapareceu”, de 1965, foi apedrejada pela crítica na época de seu lançamento e colocada no forno. O filme narra a história de uma mãe desesperada, em busca de sua filha desaparecida. O filme para muitos é o patinho feio dentro da vasta filmografia do diretor.


“Bunny Lake Desapareceu” é exuberante em toda sua operação. A câmera elegante de Preminger encontra o sentido cinematográfico e domina os espaços. Cada plano na obra mobiliza certa urgência imagética, nos primeiros segundos podemos sentir o cheiro de cada peça da casa, os objetos na parede, a cama, o lençol. A trama psicológica é invadida por uma vitrine sombria, liberada por uma mise-en-scène latente e perturbadora. Sequências belíssimas compõem o jogo de Otto Preminger: a cena da loja das bonecas, o desfecho delirante e pesado. É em cada travelling, em cada plano, e em cada passo emocional dado pelos personagens, que iremos encontrar a força de “Bunny Lake Desapareceu”, elegantemente traçada por um dos grandes filhos de Hollywood.


Aerton Martins


(APJCC - 2009)


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Serviço:

de 10 a 13 de dezembro (quinta a domingo)

às 16h00 (dia 10 excepcionalmente às 15h00)

no Cine Líbero Luxardo: Fundação Tancredo Neves - Centur

Av. Gentil Bittencourt, 650, Térreo (esquina com Rui Barbosa)

Entrada Franca

Realização: Cine Líbero Luxardo e APJCC

Apoio: CCBEU

1.12.09

Belém recebe o Festival Varilux de Cinema Francês

14 cidades recebem o Festival Varilux de Cinema Francês em dezembro

Programação inclui quatro filmes inéditos e três reapresentações que marcaram o cinema francês nos últimos anos

Para fechar o Ano da França no Brasil em grande estilo, as telonas brasileiras recebem, de 4 a 11 de dezembro, a oitava edição do Festival Varilux de Cinema Francês. O evento recebe o apoio do Ministério da Cultura através da Lei Rouanet, assim como do Governo do Estado do Rio de Janeiro através da Lei de Incentivo à Cultura. Pelo sexto ano consecutivo, a Essilor-Varilux é o principal patrocinador do maior Festival de Cinema Francês do Brasil. Nesta edição e pela primeira vez, toda exibição será em formato digital, simultaneamente nas salas de 14 cidades: Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Curitiba, Recife, Porto Alegre, Fortaleza, Belo Horizonte, Salvador, Florianópolis, Natal, Goiânia, Belém e Campinas. Consulte a programação no site www.festivalvarilux.com.

A Media Mundi, produtora do evento, e a distribuidora MovieMobz selecionaram quatro filmes inéditos e três sucessos recentes do cinema francês das distribuidoras Imovision, Imagem Dreamland e Filmes do Estação. Entre os que ainda não estrearam no Brasil estão os dramas “Um segredo em família” (Un secret), de Claude Miller, com Cécile de France, Ludivine Sagnier e Patrick Bruel, e “Mais tarde você vai entender...” (Plus tard tu comprendras), do consagrado Amos Gitai, estrelado pela diva Jeanne Moreau.

Com o objetivo de desmistificar a ideia de que o cinema francês é, por definição, reservado a uma pequena elite, duas comédias populares completam a lista de inéditos. “Mais que o Máximo” (Coco), de Gad Elmaleh, foi um grande sucesso de bilheteria na França em 2009, e “A Riviera não é aqui” (Bienvenue chez les Ch´tis), de Dany Boon, o maior público de todos os tempos para um filme nacional na França, com 20,4 milhões de espectadores.

A seleção conta ainda com a exibição de três filmes que representam o melhor do cinema francês nos últimos anos: “Crimes de autor” (Roman de Gare), de Claude Lelouch, “Uma garota dividida em dois” (La fille coupée en deux), de Claude Chabrol, e “Entre os muros da escola” (Entre les murs), de Laurent Cantet, que recebeu a Palma de Ouro em Cannes no passado.

Com o apoio da Embaixada da França, da Unifrance e da Aliança Francesa, o Festival Varilux está sendo divulgado nas 14 cidades escolhidas. A marca Gefco, entra este ano como apoio desta prestigiosa manifestação cultural. TV5Monde, primeiro canal de televisão francês no mundo participa como co-patrocinador pelo sétimo ano consecutivo.

Programação:

Dia 04/12

Mais que o máximo (Coco)
De Gad Elmaleh

França, 2009, 95 min

Distribuidora: Imovision

Aos 40 anos de idade, Coco é um exemplo de sucesso. Há 15 anos, imigrou para a França sem um centavo e agora, graças à invenção de uma água vibrante, tornou-se um rico empresário. Mas sua grande recompensa ainda está por vir: o Bar Mitzvah de seu filho Samuel. Por isso, ele concentra todas as suas energias na organização do que considera o evento nacional do ano. Coco, no entanto, fica tão obsessivo em impressionar todo mundo que se aproxima da loucura. Sem perceber, ele faz sua mulher, sua mãe e mesmo seu querido filho gradualmente se distanciarem.

Dia 05/12

Um segredo em família (Un Secret)
De Claude Miller

França, 2007, 106 min

Distribuidora: Estação

Pouco depois da Segunda Guerra, ao completar 15 anos, o solitário François vai descobrir um obscuro segredo e enfrentar verdades que encobrem as aparências de sua rede familiar. Ele inventa um irmão e imagina o passado de seus pais numa viagem atribulada, que tem como pano de fundo o nazismo e a deportação dos judeus. E, como conflitos, os sentimentos naturais da existência – o desejo, a paixão, o amor e a capacidade de recuperação.

Dia 06/12

A Riviera não é aqui (Bienvenue chez les Ch´tis)
De Dany Boon

França, 2008, 106 min

Distribuidora: Imagem

Philippe Abrams é diretor de uma agência dos correios em Salon-de-Provence no sul da França. Ele é casado com Julie, cuja natureza depressiva torna a vida dele impossível. Para agradá-la, Philippe monta uma fraude para obter uma transferência para a Côte d´Azur (a Riviera Francesa), mas é desmascarado e acaba sendo transferido para Bergues, uma pequena cidade no norte do país. Para os Abrams, sulistas cheios de preconceitos, o Norte é um horror, uma região gelada e povoada por pessoas que falam um dialeto incompreensível, o “cheutimi”. Sem opção, Philippe embarca sozinho e descobre que Bergues não é tão ruim assim.

Dia 07/12

Entre os muros da escola (Entre les murs)
De Laurent Cantet

França, 2007, 128 min

Distribuidora: Imovision

François e os demais amigos professores se preparam para enfrentar mais um novo ano letivo. Tudo seria normal se a escola não estivesse em um bairro cheio de conflitos. Os mestres têm boas intenções e desejo em oferecer uma boa educação aos seus alunos, mas por causa das diferenças culturais - microcosmo da França contemporânea - esses jovens podem acabar com todo o entusiasmo. François quer surpreender os alunos ensinando o sentido da ética, mas eles não parecem dispostos a aceitar os métodos propostos. Palma de Ouro em 2008. Indicado ao Oscar.

Dia 08/12

Uma garota dividida em dois (La fille coupée en deux)
De Claude Chabrol

França / Alemanha, 2007, 115 min

Distribuidora: Imovision

Gabrielle trabalha no canal de televisão a cabo local. Um dia ela conhece o grande escritor Charles Saint-Denis (François Berléand), durante o evento de promoção do novo livro dele. Homem bem-apessoado e reconhecido, ele não encontra dificuldades em seduzir a jovem, apesar de ser casado e trinta anos mais velho. Aos poucos, no entanto, percebe que se apaixonou profundamente e que terá que disputar seu amor com Paul (Benoît Magimel), um jovem milionário e desequilibrado.

Dia 09/12

Crimes de autor (Roman de gare)
De Claude Lelouch

França, 2007, 103 min

Distribuidora: Dreamland

Judith Ralitzer é uma escritora popular, que está em busca de personagens para seu próximo livro. Paralelamente, um serial killer fugiu de um presídio de segurança máxima e Huguette, a cabeleireira de um luxuoso salão de Paris, decide mudar de vida. Os destinos deles se encontrarão, mudando a vida de todos.

Dia 10/12

Mais tarde, você vai entender... (Plus tard tu comprendras) De Amos Gitai

França /Alemanha / Israel, 2008, 90 min

Distribuidora: Estação

Rivka, senhora judia que vive rodeada de objetos do passado, prepara o jantar para seu filho Victor, enquanto acompanha na televisão o julgamento de Klaus Barbie. O ano é 1987, e o ex-líder da Gestapo, conhecido como o “açougueiro de Lyon”, finalmente enfrenta a justiça por seus crimes no Holocausto. Em seu escritório, Victor trabalha organizando os documentos e cartas que contam a história de sua família e também assiste ao julgamento. É quando Rivka reconhece na TV a voz de uma das testemunhas, a voz de um sobrevivente, que despertará emoções profundas entre mãe e filho.


Sobre a Essilor
No ano da França no Brasil, a multinacional francesa Essilor, fabricante exclusiva das lentes Varilux e anti-reflexo Crizal tem um motivo a mais para comemorar: 2009 é o ano em que a empresa comemora os 50 anos da criação das lentes multifocais Varilux, a primeira no mundo, inventada pelo francês Bernard Maitenaz, em 1959.
Para comemorar, a empresa patrocina a apresentação da oitava edição do Festival Varilux de Cinema Francês novamente. Durante o ano, a Essilor marcou presença ainda em outros eventos culturais, tais como: os patrocínios do carnaval 2009 da Acadêmicos do Grande Rio, que abordou a relação França-Brasil e do Panorama do Cinema Francês.

Sobre Media Mundi
Desde 2003, a Media Mundi atua como captadora de recursos para vários eventos culturais, geralmente ligados à França, tais como a turnê do cantor Charles Aznavour no Brasil, a peça de teatro Mademoiselle Chanel com a Marília Pêra e, mais recentemente, para o show Bibi canta e conta Piaf e a exposição dos Ícones do Design França-Brasil.
Há quatro anos a empresa se posiciona também como produtora de eventos como o Circuito Imperial, rally de carros antigos em Teresópolis, a 4ª Regata Richards Veleiros Clássicos em Búzios e agora o 8° Festival Varilux de Cinema Francês.

Sobre a MovieMobz
A MovieMobz é a primeira distribuidora do mercado mundial a operar exclusivamente por meio do lançamento de filmes e conteúdo alternativo no formato digital, tecnologia hoje disponível em mais de 205 salas de cinema e 27 cidades no país, através do Sistema da Rain Digital Cinema. No site www.moviemobz.com, uma rede social que agrega conteúdo digital para fãs de cinema, o usuário pode programar sessões dos filmes a que deseja assistir, mobilizar os amigos para marcá-los nas salas de sua preferência e conhecer pessoas com os mesmos interesses.

SERVIÇO:
Data: de 4 a 11 de novembro
Local: Moviecom arte (Shopping Castanheira) – BR 316
Horário: 22:00
* Os ingressos serão vendidas durante o festival no próprio guichê do Moviecom, com o preço tabelado corrente.


 



Site: http://www.festivalvarilux.com/

30.11.09

João Inácio discute cinema regional e nacional no Inovacine

Açaí com Jabá
de Alan Rodrigues, Marcos Daibes e Walerio Duarte. Ficção/35mm Cor/13Min. (2000)

Comédia baseada no costume do amazônida de tomar açaí. Um paraense e um turista duelam para ver quem consegue tomar mais açaí acompanhado de jabá.


Estômago

de Marcos Jorge



Na vida há os que devoram e os que são devorados. Raimundo Nonato, nosso protagonista, descobre um caminho à parte: ele cozinha. E é nas cozinhas de um boteco, de um restaurante italiano e de uma prisão - o que ele fez para acabar ali? - que Nonato vive sua intrigante história. E também aprende as regras da sociedade dos que devoram ou são devorados. Regras que ele usa a seu favor, porque mesmo os cozinheiros têm direito a comer sua parte - e eles sabem, mais do que ninguém, qual é a parte melhor.
Uma fábula nada infantil sobre o poder, o sexo e a culinária.



Comentador convidado: João Inácio



SERVIÇO:

Local: Loja Ná Figueiredo (Av. Gentil Bittencourt, 449)
Data: 08/12 (segunda-feira)
Hora: 18:30
Entrada franca.

REALIZAÇÃO: FAPESPA
PARCERIA: APJCC
APOIO: LOJAS NÁ FIGUEIREDO

Noites de Cabíria de Fellini, no Cine CCBEU



Noites de Cabíria Federico Fellini filmou os sonhos. Os seus e os deste mundo bizarro que chamamos de nosso. Suas imagens trazem a marca do eterno conflito entre realismo e fantasia: enquanto a humanidade luta em um universo miserável, o lirismo desfila nos becos e vielas para o olho sensível. Olho de gente e câmera. "Noites de Cabíria" é um instante de fé na corredeira das desilusões. Giulietta Masina encarna a clown arruinada que vive pisando em dois mundos. O seu e o nosso. E como guerreira-poetisa resiste à crueldade e à frustração destes mundos. Para Cabíria (e para os poetas e apaixonados dentre nós) a vida simplesmente segue. Bela como nos filmes. Miguel Haoni (APJCC - 2009)

Serviço: Dia 03/12 (quinta) às 18:30 h
No Cineteatro do CCBEU (Padre Eutíquio, 1309)
ENTRADA FRANCA
Realização: CCBEU Parceria: APJCC Apoio: Cineclube Amazonas Douro

Cine CCBEU no orkut:
Comunidade: http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=87934260
Perfil: http://www.orkut.com.br/Main#Profile?uid=13419179513607839065

12.11.09

O Apocalypse Glauberiano no Cine CCBEU

Cine CCBEU apresenta:

"A Idade da Terra" de Glauber Rocha

86_311-Anabazys - diretor

A Ydade da Terra é um filme gritado. É o milagre da multiplicação. É a luta de classes no mito da escola de samba; o gringo comendo a mulata com areia, refrigerante e cachorro-quente. É a abertura dos conceitos, abertura política, abertura do diafragma. É a luz dos trópicos fritando o filme no Palácio da Alvorada das Desilusões. É Louis Lumiére baixando do trem para se manifestar na causa operária. É o balé da retina no barroco brasileiro.


A Ydade da Terra é Glauber Rocha roído pelo câncer do capital, encarnando as 4 manifestações do Cristo no Terceiro Mundo. É o colar de dentes careados do Cinema Brasileiro. É a poética da fome na guerrilha do sonho. É Pasolini crucificado em Cinemascope.


A Ydade da Terra é a minha idade. A da montagem desconstrutiva, de Indhyra Gandhi e Ava Gardner, do Profeta e Ogum de Lampião. São as fotografias de Leni Riefenstahl na África. É a tentação de Satanás depois de 15 anos de Ditadura. É Julio César no Teatro Nacional de Brasília. É a Marselhesa assoviada na Bahia de Todos os Cristos.


A Ydade da Terra é o Cinema.


Miguel Haoni (APJCC - 2009)


Serviço:
Dia 19/11 (quinta)
às 18:30 h
No Cineteatro do CCBEU (Padre Eutíquio, 1309)
ENTRADA FRANCA

Realização: CCBEU
Parceria: APJCC
Apoio: Cineclube Amazonas Douro

Cine CCBEU no orkut:

Comunidade

Perfil

1.11.09

Carta aberta aos responsáveis pela projeção digital no Brasil

A presença da projeção digital nos festivais e mostras de cinema no Brasil, para não dizer no circuito comercial, é algo cada vez maior e, aparentemente, inevitável. Se há, é fato, algumas projeções bastante dignas realizadas nesse formato, é fato também que a enorme maioria dessas projeções costuma atentar contra a integridade da obra exibida, deformando muitas vezes janelas, cores, texturas e sons. Nesta última edição do Festival do Rio, entretanto, a qualidade de tais projeções atingiu um nível intolerável, o que gerou uma enorme repercussão entre críticos, cinéfilos e o público não-especializado que frequentou o evento. A partir desse incômodo, os membro do Fórum da Crítica - entidada que congrega críticos de cinema de todo o país e do qual faz parte a Cinética - redigiu a carta abaixo, como forma de protesto e chamamento à ação e responsabilidade por parte daqueles envolvidos na projeção digital no país.


Se estiverem de acordo com o exposto na carta abaixo, convidamos nossos leitores a se juntarem a nós no abaixo assinado criado para tal, além de exigirem seus direitos junto aos distribuidores e exibidores sempre que se sentirem lesados por tais projeções.


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A projeção digital chegou ao Brasil com a missão de democratizar o acesso aos filmes e libertar os distribuidores da dependência de cópias em 35 milímetros, cuja confecção e transporte são notoriamente caros. A instalação de projetores digitais permitiria ao público assistir a títulos que dificilmente seriam lançados nas condições tradicionais e ainda ofereceria condições para que espectadores situados longe do eixo Rio-São Paulo (onde se concentram quase 50% das salas de cinema do país) tivessem acesso aos mesmos títulos simultaneamente.


O que estamos vendo, no entanto, é uma total falta de respeito ao espectador no que se refere à exibição do filme propriamente dita. As razões são basicamente duas: projeções incapazes de reproduzir fielmente os padrões de cor e textura da obra e/ou projeções incapazes de exibir os filmes no formato em que foram originalmente concebidos. Sem falar no som, que muitas vezes ganha uma reprodução abafada, limitada ao canal central, muito diferente de seu desenho original.


A adoção da projeção digital pelos dois maiores festivais internacionais do Brasil (o Festival do Rio e a Mostra de São Paulo) e por outros festivais do país, infelizmente, não respeitou o que seriam critérios mínimos de qualidade de projeção de filmes em cinema – algo que é observado com atenção em qualquer festival internacional que se preze. Trata-se de uma situação particularmente alarmante tendo em vista o papel de formadores de plateia que esses eventos desempenham.


Sucessivamente, temos visto um autêntico massacre ao trabalho de cineastas, fotógrafos, diretores de arte, figurinistas, técnicos de som e até mesmo de atores. Apenas para citar um exemplo: Les Herbes Folles, o novo filme de Alain Resnais, originalmente concebido no formato 2:35:1, foi exibido no Festival do Rio, com projeção digital, no formato 1:78. Isso representou o corte da imagem em suas extremidades, resultando em enquadramentos arruinados, movimentos de câmera deformados e rostos dos atores cortados. Um pouco como se "A Santa Ceia", de Leonardo Da Vinci, tivesse suas pontas decepadas, deixando alguns discípulos de Jesus fora de campo – e da história. Para completar o desrespeito, não há qualquer aviso em relação às condições de exibição e o preço cobrado pelo ingresso não sofre qualquer alteração.


Não nos cabe, aqui, pregar a “volta ao 35mm” nem defender determinada resolução mínima para a projeção digital. Sabemos que, se respeitados determinados critérios técnicos – ou seja, se a empresa responsável pela projeção digital receber do distribuidor o master no formato adequado, se o processo de encodamento for feito corretamente, e se os ajustes necessários para a exibição de cada filme forem realizados cuidadosamente –, a projeção digital pode ser uma experiência perfeitamente satisfatória para o espectador.


Não é isso, porém, que tem ocorrido. Exibidores, distribuidores e os fornecedores do serviço da projeção digital são responsáveis pela má qualidade da projeção e coniventes com esse lamentável descaso geral, que tem deixado críticos e amantes de cinema indignados. É um desrespeito ao cinema e aos seus criadores, mas, sobretudo, ao espectador e consumidor final, que saiu de casa e pagou ingresso para ver um filme.


A situação chegou a um ponto intolerável. Pedimos a todos os profissionais envolvidos com a projeção digital que tomem providências para que tais deformações não se repitam.


Fonte:

http://www.revistacinetica.com.br/projecaodigital.htm

29.10.09

Projeção de filmes na praça Tancredo Neves

Caligari; Necronomicon; A cela. Estes 3 filmes do escritor, roteirista e produtor cultural Marcelo Marat serão projetados como parte da programação do evento Uma noite dedicada aos vivos (saiba mais no post anterior) no dia 2 de novembro, dia de finados, na praça Tancredo Neves.


A projeção acontece no âmbito do projeto TELA DE RUA, coordenado pelo Movimento Cultural da Marambaia (MOULMA), com apoio do Cineclube Amazonas Douro e da Associação Paraense de Jovens Críticos de Cinema (APJCC).


Veja, abaixo, algumas informações sobre os filmes.

Caligari: Baseado no clássico do Expressionismo Alemão “O Gabinete do Dr. Caligari”, de Robert Wiene. Direção: Marcelo Marat. Produção: Abuso Produções. 6 minutos.


Necronomicon: A vida eterna pode ser apenas o início de uma angústia eterna. Baseado na obra de H. P. Lovecraft e Sammis Reachers. Direção: Marcelo Marat. Produção: Abuso Produções. 15 minutos.


A Cela: Uma reinterpretação do mito da caverna de Platão. Adaptação do conto de Saulo Sisnando. Direção: Marcelo Marat. Produção: Antifilmes Produções. 6 minutos.


* * *


Sobre o diretor:

Marat por Marat

"Entre os videastas e cineastas independentes, existe uma corrente que , de forma deliberada, trabalha no chamado gênero trash: filmes de horror ou fantasia, de baixo orçamento, com atores e cenários improvisados, geralmente apelando para muito sangue, tripas e nudez.


Muita gente confunde meus vídeos experimentais com esse gênero, mas a comparação nada tem a ver. De forma geral, meus vídeos são exatamente isso: experimentais. Quando trabalho num gênero, como o terror, horror ou suspense, minha intenção é mesmo assustar o espectador, e não apenas causar nojo ou fazer rir.


O trash, em geral, é engraçado. Diverte, mas não assusta. Não provoca o medo. Para chegar a isso, é preciso exercitar estética e estilo, trabalhar a narrativa, a edição, som e imagens; buscar, apesar dos poucos recursos técnicos, o melhor efeito para obter o melhor resultado. O bizarro e o grotesco são incidentais. Não é pelos sentidos que quero fisgar o espectador, é pela psique. O trash é todo sensorial. Meus vídeos são mais psicológicos. É na mente que quero causar seu pesadelo, nesse limite indefinido entre consciência e inconsciência. Assustar o espectador é o que quero, não diverti-lo.


E você, do que você tem medo?"

Fonte: Blog "Ecos do Nada"

Programação traz exibição de filmes, leitura de poemas e debate o cinema na Amazônia

Uma noite dedicada aos vivos


O dia dos finados não é apenas o dia dos mortos. É também o dia dos que se recusam a se deixar morrer/matar. É dia de resistência. É dia de guerrilha. Guerrilha cultural. Para ocupar os espaços abertos pelas sombras de uma cidade desacordada, onde estranhas criaturas, mortas-vivas, vagam, sonâmbulas/sorumbáticas, silenciosas, em pânico.


O dia dos finados é o dia dos gritos. Dos grunhidos. Dos sussurros. Dos uivos.

O dia dos finados é para quem se quer manter acordado. Para despertar as pessoas de seu eterno sono profundo. É dia de pesadelos. Dia de entrar nas trevas e vê-las como elas são. Dia de olhar a vida como ela. Há que ver as coisas como coisas e seres como seres, filosofais, trágicos, além de seus dramas pessoais.


O dia dos finados é um dia épico. Dia de poetas. Um dia que trans/ins-pira poesia. Dia de símbolos/imagens que se espraiam como a noite na mansão dos mortos. Porque os mortos estão vivos, mais vivos que os vivos que ainda vivem a vida como mortos.


O dia dos finados invoca tanto mortos quanto vivos.

E se teus olhos insistem em ficar abertos, se nãos dormes não por teres insônia mas por ficares permanentemente de vigília, vem ter conosco uma noite inesquecível.


Poetas, músicos, artistas, camelôs, feirantes, jovens, estudantes, professores, aposentados, donas de casa, todos e tantos outros excluídos esperam por ti.


Dia dos finados, uma noite dedicada aos vivos.

Texto: Francisco Weyl

Programa

Dia 2 de novembro de 2009 - 20 horas

Praça Tancredo Neves - Marambaia

Projeção dos filmes: Caligari / Necronomicon / A cela - de Marcelo Marat

Leitura de poemas – antes, durante e depois da projeção - com os poetas Caeté, Marcelo Sebastian, Carlos Pará, Francisco Weyl, Clei de Souza, Cuité, Buscapé Blues,  além de leituras de trechos de Baudelaire e Lautreamont.


Debate sobre A morte do cinema na Amazônia

Realização

Movimento Cultural da Marambaia - MOCULMA

Apoio

Cineclube Amazonas Douro

Associação Paraense de Jovens Críticos de Cinema (APJCC)

28.10.09

Último filme do ciclo "Sidney Lumet, poética do confinamento e outras histórias"

Cine CCBEU apresenta:

O Veredicto, de Sidney Lumet

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Em 1982, Sidney Lumet reencontra em O Veredicto seu personagem predileto: o homem às voltas com a justiça precisa lutar contra forças muito maiores que as suas. A recorrência do tema, cristalizada nos clichês de filme de tribunal, transcende a previsibilidade do roteiro e ganha força numa narrativa absolutamente dramática e envolvente.


Paul Newman é o advogado alcoólatra que procura a redenção num caso impossível. Sua busca pela dignidade é tortuosa como deve ser, entretanto O Veredicto é impregnado pela alma de seu diretor cuja sobriedade conduz o filme por vias mais escuras do que deveria.


Miguel Haoni

(APJCC - 2009)

Serviço:

Dia 29/10 (quinta)

às 18:30 h

Excepcionalmente no auditório do CCBEU (Padre Eutíquio, 1309)

ENTRADA FRANCA

Realização: CCBEU

Parceria: APJCC

Apoio: Cineclube Amazonas Douro

* * *


Informe:

O Cine CCBEU volta, a partir de novembro, à freqüência quinzenal (uma quinta sim, outra não) e apresenta, no dia 06/11 (excepcionalmente, numa sexta-feira), a animação "Wall-E", de Andrew Stanton, com os comentários de Felipe Cruz (APJCC).


* * *


Cine CCBEU no Orkut:

Comunidade e Perfil

Novo e-mail do Cine CCBEU:

cineccbeu@gmail.com

26.10.09

Cinema de verdade

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Rodrigo Cruz (APJCC-2009)


Já ouvi um monte de bobagens sobre “Bastardos Inglórios”. É natural. Já ouvi bobagens sobre todos os filmes de Quentin Tarantino. E elas são sempre as mesmas. Acusam seus filmes de serem pastiches sem nenhuma originalidade. Dizem que suas obras se sustentam em diálogos (intermináveis). Dizem que os planos são longos e cansativos. Que suas referências são repetitivas e previsíveis. Que sua experiência estética é vazia. Que seus filmes são de uma “masturbação intelectual” nauseante. Tudo blá blá blá de quem não sabe o que é cinema. Aos que sabem, alegrai-vos: “Bastardos Inglórios” é cinema. E cinema de verdade.


Quem não reconhece a beleza da seqüência inicial de “Bastardos Inglórios” é porque nunca viu um Sérgio Leone na vida. Quem não vibra com a agilidade da câmera de Tarantino é porque não conhece o vigor de um Godard. Quem não morre de rir de suas piadas insanas é porque não conhece Lubitsch. Mas, sobretudo, quem não pula da cadeira, pelo menos uma vez, nas quase três horas de filme, é porque não conhece o próprio Tarantino; esse filho da puta genial que, porra, não pretende inovar, só quer fazer cinema de verdade – e faz. E, para apreciar “Bastardos Inglórios”, nem é preciso saber quem é Sérgio Leone, Godard ou Lubitsch. Tarantino faz cinema para todos. E, acima de tudo, faz um trabalho com luz própria. Ele não é um parasita. Ele não sai por aí colando referências. Ele tem autonomia. Autonomia até para mudar os rumos da História.


Ainda assim, os desavisados dirão bobagens sem sentido sobre “Bastardos Inglórios”. Dirão, inclusive, que Tarantino nunca estará entre os grandes. Inútil, meus caros. Ele já está. E qualquer coisa que possa ser dita, inclusive esse texto, é pouco para tentar explicar o maior filme deste início de século. Tudo bem. Quentin Tarantino não está nem aí para o que dirão sobre ele. Como o bom filho da puta que é, deve estar sorrindo tranqüilo em algum lugar, com a certeza de ter feito uma obra-prima (e ele sabia muito bem que  o estava fazendo, como faz questão de elucidar Aldo Raine na cena final). Em tempo, cinéfilos: Quentin Tarantino explodiu (literalmente) o cinema. Agora sim, a festa pode começar. As portas estão abertas. E que venham os próximos grandes filmes do nosso século!

23.10.09

O gênio de Quentin Tarantino, e o filme do ano

Mateus Moura (APJCC-2009)


Escalpelado, brutalmente escalpelado; quem ama cinema perde a cabeça, perde a razão - é queimado nas chamas da experiência audio-visual. A razão volta mais tarde, as palavras voltam a fazer sentido, e a sintaxe confusa do pensamento balbucia: "-É, acho que essa é a obra-prima desse filho da puta!". Aldo Raine concorda.


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Falar que Quentin Tarantino é o maior cineasta do nosso tempo se tornou pouco, depois de Inglourious Basterds, Fuller, Leone, Hawks, Fulci podem abrir a porta da casa que Godard falou um dia, Tarantino está entre os grandes, não há sombra de dúvida.


Falar que Quentin Tarantino é um dos maiores cineastas de todos os tempos também parece pouco; depois de ver/ouvir a estória ambientada miticamente na histórica 2ª Guerra Mundial, acreditamos poder contemplar em primeira mão um dos maiores narradores em plena atividade, refinando-se rigorosamente.


Porra, falar do filme?! Talvez com os amigos durante uma noite toda - aos berros! Talvez produzindo um ensaio durante uma semana toda - revendo e relendo!


O que acontece é que o que Quentin Tarantino faz é um cinema que já existe. Como Ronaldo Passarinho falou de Michael Mann acerca de Inimigos Públicos, é "cinema de novo", não cinema novo. Tomar a História do Cinema como Mito e não a História Literária como Ciência é ensinamento de Sergio Leone, de Jean-Pierre Melville, de Jean-Luc Godard. Contar sua estória se valendo de emoção, com a câmera e a banda sonora em ação negritando a narrativa cinematográfica é lição de Fuller e todos os grandes cineastas americanos. Ir além do "bom gosto" e ultrapassar a barreira para atingir os extremos é lição de Fulci e todos os grandes cineastas malditos. O fato é que Tarantino é um virtuose da sua ferramenta, um pensador moral do seu tempo, um iconoclasta anarquista e um artista extremamente sensível.


Um pianista tem seu instrumento e 7 notas para criar uma música, as combinações são infinitas. Um escultor tem um material sólido, um martelo, algo que ele bata com o martelo, as formas são infinitas. O cineasta tem um arma chamada película e - meu deus! - o que se pode fazer com ela...


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p.s: os judeus podem dormir um pouco mais em paz, porque além de ser um faroeste, um filme de guerra (sub-gênero missão), uma comédia de humor negro, é um filme de Vingança. Aquela vingança que não pode se ler nas páginas de História, poderá ser vista por centenas de anos nas imagens do Mito.


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21.10.09

Obra-prima do cinema nacional na tela do INOVACINE

INOVACINE apresenta:


Eles não usam black-tie



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A adaptação da peça de Gianfrancesco Guarnieri coloca em foco as agruras da classe operária no mundo cão que foi o Brasil brasileiro em fins dos anos 70. Após a experiência reveladora na produção do documentário "ABC da Greve", Leon Hirszman parte para a ficção com o engajamento e a humildade que sempre estiveram presentes em sua trajetória. Seu estilo clássico e seu rigor humanista contribuem para a consistência irretocável de "Eles não usam black-tie".


Entretanto, é nas articulações entre dramas públicos e lugares privados que o filme estabelece suas bases. Conflitos e paixões familiares desenrolam-se sob o olhar não-sectário da câmera na constatação de que o encanto também tem suas rotinas.


"Eles não usam black-tie" é um filme direto, transparente, que fala de um país (e seu cinema) que poderia ter sido mas não foi.


Miguel Haoni


(APJCC - 2009)


Serviço:


Local: Loja Ná Figueiredo (Av. Gentil Bittencourt, 449, entre Dr. Moraes e Rui Barbosa)


Data: 27/10/09 (excepcionalmente na terça-feira)


Hora: 18:30


Entrada franca


Realização: FAPESPA


Parceria: APJCC


Apoio: Lojas Ná Figueredo

20.10.09

Al Pacino no quarto filme do ciclo dedicado a Sidney Lumet

Cine CCBEU apresenta:

Um dia de cão, de Sidney Lumet

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Numa tarde de agosto de 1972, dois assaltantes amadores invadem uma agência bancária no Brooklin. Treze horas depois do início do assalto não havia mais barreiras entre o real e o absurdo!


A aventura de Sonny, Sal, seus oito reféns, a polícia de Nova York, o FBI, os moradores do Brooklin, a imprensa nacional e um entregador de pizza chega ao nível mítico quando três anos depois é adaptada para a grande tela. Um Dia de Cão é o resultado do trabalho visceral de uma equipe brilhantemente coordenada pelo diretor Sidney Lumet, cujo estilo televisivo encontra o despojamento naturalista do cinema direto e cujo senso dramático torna-se um ato de amor na loucura performática de Al Pacino.


O filme explora o limiar entre a clausura humana e o exterior espetacular num jogo selvagem que aproxima Lumet do mestre Samuel Fuller e sua cine-trincheira. Um Dia de Cão é amor, ódio, ação, morte, em uma palavra: Cinema.


Miguel Haoni


(APJCC - 2009)


Serviço:


Dia 22/10 (quinta)

às 18:30 h

No Teatro do CCBEU (Padre Eutíquio, 1309)

ENTRADA FRANCA

Realização: CCBEU

Parceria: APJCC

Apoio: Cineclube Amazonas Douro

Cine CCBEU no Orkut:

Comunidade e Perfil.

Novo e-mail do Cine CCBEU:

cineccbeu@gmail.com

19.10.09

Cineclube Aliança Francesa em recesso

Nas próximas duas semanas (21 e 28 de outubro), não haverá sessão do Cineclube Aliança Francesa.

Agradecemos a compreensão e esperamos a sua presença assim que a programação voltar ao normal!

15.10.09

INOVACINE lota “Ná Figueredo”

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O espaço cultural Ná Figueredo foi pequeno para o quem assistiu ao filme “Serra pelada – esperança não é sonho”, da paraense Priscilla Brasil. A seguir a projeção, que começou às 18h30min, a realizadora enfrentou uma bateria de perguntas do público jovem que tem acompanhado o INOVACINE. E as questões sociais que envolvem o garimpo de Serra Pelada tornaram-se o centro dos debates, que, aliás, caracterizam as atividades cineclubistas, mas a estética, entretanto, não ficou de fora.

Arquiteta com pós-graduação em marketing e negócios do audiovisual, Priscila Brasil tem 31 anos, iniciou sua carreira em 2004 e desponta na cena cinematográfica paraense como diretora de documentários.

No debate após a sessão, a realizadora disse que o garimpo sempre fez parte de sua vida, desde quando adolescente, até que decidiu filmar Serra Pelada, onde a princípio se sentiu amarrada a um roteiro, mas que, admitiu, aquela realidade transformou a sua perspectiva, pelo que ela abriu mão de uma rota de entrevistas, colocando-se, enquanto realizadora, em confronto com o próprio fazer cinematográfico, motivo pelo qual ela considera o seu filme uma narrativa de conflitos: conflito pessoal, conflito ético, conflito entre garimpeiros e Vale, conflito de informações sobre este problema social.

Priscilla Brasil, que também é realizadora do doc “As Filhas da Chiquita” e fez produção executiva para o “Brega S/A” disse que aposta no acaso, motivo pelo qual ela afirma não ter respostas para o que acontece no garimpo. Humilde, ela diz que a leitura narrativa de seu filme é subjetiva e não pretende encontrar respostas, mas indagações. E uma destas indagações refere-se à própria ética humana do artista, quando este se abandona para imergir em sua obra. No caso particular de Priscila Brasil, uma gravidez de cinco meses

O diretor da Associação Paraense dos Jovens Críticos de Cinema (APJCC), Mateus Moura, avalia que os debates tem sido positivos. Moura, que também é um dos curadores do INOVACINE, diz que a Fapespa faz a coisa certa ao investir neste projeto, que, segundo ele, abre uma nova janela ao cinema paraense e nacional - no gênero documental. Na opinião dele, o INOVACINE marca um diferencial na cena cineclubista na medida em que coloca realizadores e produtores locais em contato direto com o público da terra.

“O fato é que o cinema paraense há muito reivindica o seu espaço nos circuitos cineclubistas que estão a se espalhar na cidade, tanto em instituições, organizações não-governamentais, quanto na rua, portanto, havia uma lacuna que precisava ser ocupada, e a Fapespa, junto com a APJCC e o Ná Figueredo, soube perceber isso na hora certa, respondendo também a uma aspiração do público, motivo pelo qual as sessões estão a se tornar um sucesso, seja pela presença cada vez maior da comunidade nas sessões, seja pela qualidade dos conteúdos que emergem nos debates que realizamos logo após as sessões”, afirma.

Os debates que são realizados após as sessões do INOVACINE estão sendo gravados pelo Gabinete de Comunicação e Imagem da Fapespa. O objetivo é digitalizar todos os comentários e intervenções, disponibilizá-los no site da Fundação e, dentro de um ano, organizá-los em um livro, que trará também entrevistas com realizadores paraenses que estão participando deste projeto, além de fotografias de registro das sessões. De acordo com o coordenador de comunicação da Fundação, Francisco Weyl, “o livro será lançado em um seminário, quiçá, com o anúncio de uma bolsa de pesquisa em cinema, por exemplo, na Escola de Cuba”, projeta.

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FONTE: Ascom / Fapespa

11.10.09

Filme de Jean-Pierre Melville no Cine AF

Cineclube Aliança Francesa apresenta:

Bob, o jogador (Bob, Le flambeur, Jean-Pierre Melville, 56)

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Michel Poicard (interpretado por Jean-Paul Belmondo) fala em Acossado: “-Ladrões roubam, informantes informam, amantes amam”, Bob (“Le flambeur”: “o jogador”), joga. Eis o fatalismo melvilliano. Não há psicologia, há metafísica. Cinema de gênero.

Jean-Pierre Melville (interpretando um artista) fala em Acossado, respondendo à pergunta da jornalista acerca de seu objetivo na vida: “-Quero me tornar imortal, para depois morrer”,

François Truffaut, em 1956, assiste Bob, o jogador de Jean-Pierre Melville com Roger Duschene no papel principal. Ao sair do cinema estupefato, trêmulo acende um cigarro e respira fundo, ao se virar para seus companheiros sonhadores, diz: “É isso que nós temos que fazer!”.

Mateus Moura (APJCC-2009)

Serviço:

Local: Fundação Ipiranga (Av. Almirante Barroso, 777, entre Tv. Humaitá e Tv. do Chaco – ao lado da Tv Cultura)

Data: 14/09/09 (quarta-feira)

Horário: 19:00

Legendas em português

Entrada franca

Cine CCBEU exibe clássico de Sidney Lumet

Cine CCBEU apresenta:

Limite de Segurança, de Sidney Lumet

limite de seurança


E se, durante a Guerra Fria, os Estados Unidos tivessem bombardeado o território soviético? A premissa absurda é o gatilho para um dos maiores suspenses de guerra da história do cinema.

Entre o drama clássico e a ficção de vanguarda, Limite de Segurança mostra Sidney Lumet no auge de sua forma. Radicalização da poética do confinamento, mergulho em espiral nos traumas do homem contemporâneo e sua pretensa civilização, o filme congrega toda a ousadia acumulada pelos jovens realizadores na Hollywood pós-macarthysmo.

a claustrofobia silenciosa das salas de guerra, escondem personagens cuja humanidade irrefreável representa o espírito desesperado da época. Em 1964, Sidney Lumet realizou o psicodrama de seu paranóico e violento país, mas ao se atacar acabou ferindo a todos: Limite de Segurança coloca no banco dos réus nossos princípios de justiça e civilização. Ninguém sai ileso.

Miguel Haoni

(APJCC - 2009)

Serviço:

Dia 15/10 (quinta)

às 18:30 h

No Teatro do CCBEU

(Padre Eutíquio, 1309)

ENTRADA FRANCA

Realização: CCBEU

Parceria: APJCC

Apoio: Cineclube Amazonas Douro

Cine CCBEU no orkut:

Comunidade e Perfil

9.10.09

A falta de costume

“Imaturidade” e “arrogância”: dois adjetivos cunhados para classificar a postura que a APJCC assume sempre que decide quebrar o silêncio na tribuna da discussão pública, toda a vez que resolve passar da conversa de bar ao debate político.
É tido como “pedantismo” todo ato crítico, como “desrespeito” toda discordância que vem de baixo pra cima, etariamente falando; “louvável” pode ser o trabalho realizado pela Associação na cidade, mas é preciso ter “humildade”, evitar o “jogo das vaidades”.
O que acontece é uma FALTA DE COSTUME.
A era medieval, eis onde nos encontramos, uma cidade encalhada no tempo. A idéia de CRÍTICA ainda não chegou, nem com o advento da internet.
Mesmo se utilizando apenas dos textos escritos de outros críticos para antagonizar posições em relação à questões em comum, por que a maioria dos leitores insiste (ou quer ver de qualquer jeito) que estão sendo feitas críticas PESSOAIS?
Existe uma diferença entre um homem que tem sua vida privada e suas ações nesse âmbito, e este mesmo homem que tem sua vida pública e suas ações nesse outro âmbito. Existe uma diferença BRUTAL entre discutir as ações da vida privada de alguém no âmbito público e discutir a vida pública desse alguém (as ações políticas).
Talvez pela questão do tão mitificado “provincianismo” (termo também cunhado para caracterizar o “atraso” da postura dos “novos críticos”), Belém não aceita, de braços cruzados, a IDÉIA DE CRÍTICA. Quando ela surge, escudos são levantados apressadamente, existem duas posições de defesa: os mais “espertos” silenciam (para deixar claro o seu desprezo a esse tipo de ação inconseqüente), enquanto os mais “corajosos” reclamam respeito (para ratificar a preservação da dignidade da tradicional nobreza simpática).
É muito mais simples do que parece: só se diz o que se pensa sobre assuntos (que são públicos, e não privados), e se está preparado para ouvir, para depois replicar e etc etc etc.
DIÁLOGO, nada mais, nada menos.


Mateus Moura (APJCC – 2009)


p.s: Aerton Martins escreveu sobre "Amantes" de James Gray em seu blog: http://cinemanamangueirosa.zip.net/ ... pretendo escrever no fim do ano sobre ele, quando lançar a minha lista de melhores e ele encabeçar (se bem que ainda vem Tarantino por aí).


6.10.09

Priscila Brasil fala do seu cinema e de cinema, terça-feira na Ná Figueiredo


CINECLUBE INOVACINE APRESENTA:




Da parceria entre FAPESPA (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Pará), APJCC (Associação de Jovens Críticos do Pará) e Ná Figueiredo, surge o mais novo cineclube da cidade: o INOVACINE. Com regularidade quinzenal, às segundas-feiras, no espaço Ná Figueiredo (Av. Gentil Bittencourt, n°449), uma sessão cineclubista será realizada pela FAPESPA, com a curadoria da APJCC.
A programação, que inicia no dia 28 de setembro, pretende, até o fim do ano, seguir 3 linhas norteadoras, porém não totalitárias: o cinema brasileiro, o cinema documental e o cinema local.
São 10 filmes até o dia 21 de dezembro. Quatro foram escolhidos pelos membros da APJCC e receberão sua curadoria, três foram escolhidos por cineastas da região metropolitana de Belém, e os outros três são curtas-metragens dirigidos ou produzidos pelos mesmos. Nesta sessão para ilustres convidados, um filme de curta duração próprio e um de longa do seu gosto serão exibidos um após o outro; e, ao fim, uma conversa acontecerá entre cineasta e público.
O objetivo é divulgar a cultura cinematográfica mundial, refletir o cinema em si (ficcional e documental), e percorrer com os olhos e ouvidos os caminhos que ele desbrava.
Depois do sonho maravilhoso, a vigília curiosa. Assim o homem evoluiu, assim o homem evoluirá.


Mateus Moura (APJCC-2009)


Programação Inovacine:



Serra Pelada – esperança não é sonho. Priscila Brasil. 2008 (curta).


Sinopse: A expectativa de reabertura do garimpo de Serra Pelada mobiliza a população garimpeira, em meio à dívida social do Estado brasileiro.


F for Fake. Orson Welles. 19
75. 85’.


Sinopse: Rodado como um documentário, este filme introduz o personagem de Elmyr de Hory, um pintor que vive de falsificações de quadros de famosos como Van Gogh, Picasso e muitos outros, e faz passar como se fossem os originais. Welles também acrescenta à história uma atriz e um biógrafo. Com muitas semelhanças à própria vida de Welles, o diretor de Cidadão Kane ilude o espectador que já não sabe o que é real ou não. A premissa é: se Elmyr é capaz de pintar uma cópia perfeita de um quadro famoso e engana os maiores experts do mundo, então ele é tão genial quanto o verdadeiro pintor que ele está copiando?.
Comentários: Priscila Brasil


SERVIÇO:
Local: Loja Ná Figueiredo (Av. Gentil Bittencourt, 449, entre Dr. Moraes e Rui Barbosa)
Data: 13/10/09 (terça-feira)
Hora: 18:30
Entrada franca


REALIZAÇÃO: FAPESPA
PARCERIA: APJCC
APOIO: LOJAS NÁ FIGUEIREDO

CONFIRA A PROGRAMAÇÃO SEMPRE NO BLOG DA APJCC: http://apjcc.blog.terra.com.br/

Brando e Magnani em Lumet




Cine CCBEU apresenta: "Vidas em Fuga" de Sidney Lumet



Sidney Lumet sempre interessou-se pelos paradoxos e neuroses do sistema. Seus filmes possuem o poder de expressar a dolorosa sensação de queda na rachadura da Lei: seja jurídica, jornalística, policial, política ou familiar, a estrutura tradicional invariavelmente sufoca os personagens.
Em 1960 o diretor leva às telas o seu violento hino à liberdade aprisionada, ao vôo mirado, à juventude engessada. Ao convergir sob sua câmera a magia dos dois maiores poetas do seu tempo - Tenessee Williams e Marlon Brando - "Vidas em Fuga" é corpo e drama, erotismo lânguido e inferno moral. É a parábola da geração perdida nas lamacentas ruas da vida.

Miguel Haoni
(APJCC - 2009)


Serviço:
Dia 08/10 (quinta)
às 18:30 h
No Teatro do CCBEU
(Padre Eutíquio, 1309)
ENTRADA FRANCA


Realização: CCBEU
Parceria: APJCC
Apoio: Cineclube Amazonas


Cine CCBEU no Orkut:





2.10.09

O polêmico filme de Louis Malle é o segundo filme do ciclo "Desbravando a Nouvelle Vague"

Cineclube Aliança Francesa apresenta:


Os amantes (Les amants). Louis Malle. 58. Scope. p/b. 90’.





Louis Malle, cineasta clássico, de estilo sóbrio e rigoroso, não tinha qualquer relação com os representantes da nova crítica e da “nova onda”. A verdade é que Malle foi integrado na História ao “movimento” por causa, provavelmente, da sua intenção de renovação do cinema francês – característica essencial dos “jovens turcos”. Eram enfim, os “cineastas modernos” que rompiam abertamente com o – intitulado por Truffaut – cinema da “tradição de qualidade” francesa.
Em cada novo trabalho nos anos 60, Louis Malle exerce vigor e desenvoltura. Experimentalista e provocador, o cineasta francês fez sem dúvida o “cinema de autor”, sem se repetir. Enfrentando cada projeto como um novo desafio, Malle, um grande artesão, se aventurou por vários gêneros: da comédia non-sense de Zazie ao thriller jazzístico de Ascensor para o cadafalso.
Filme que busca o físico através do psicológico e encontra o metafísico, Os amantes, Louis Malle, um pedaço de seio Jeanne Moreau, a volta bovarista, o cosmo scope, a natureza- amor, fim dos anos 50, fim da chatice no cinema francês, uma faísca de realidade.

Mateus Moura.


SERVIÇO:



Local: Fundação Ipiranga (Av. Almirante Barroso, 777, entre Tv. Humaitá e Tv. do Chaco – ao lado da Tv Cultura)
Data: 07/10/09 (quarta-feira)
Horário: 19:00
Legendas em português
Entrada franca


AÇÃO: APJCC (ASSOCIAÇÃO PARAENSE DE JOVENS CRÍTICOS DE CINEMA)
BLOG: http://apjcc.blog.terra.com.br/
COMUNIDADE:  http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?rl=cpp&cmm=37014176

27.9.09

Tem início o ciclo "Desbravando a Nouvelle Vague"


Cineclube Aliança Francesa apresenta:




Desbravando a Nouvelle Vague

O que é a Nouvelle Vague? Um movimento? Um grupo? Uma tendência? Truffaut dizia que a única coisa em comum entre eles era a busca pelo sucesso de bilheteria e a preferência pelos fliperamas do Champs Elyseés, Chabrol brincava que se existia uma “nova onda” era preciso saber nadar...
Quem são os pais, os filhos, os bastardos, os abortos? Quem aceita, quem despreza? Quem fez, o quê? Todas essas perguntas o ciclo “Desbravando a Nouvelle Vague”, de setembro à novembro, irá explorar. Não há o tempo ideal para o panorama completo. Haverá o visto e o não visto, os clássicos e os raros. Fica o dito e o não dito. Alguma coisa há de se salvar...


Mateus Moura.

Abertura:

Caça ao leão com arco (La chasse au lion à l’arc). Jean Rouch. 1965. cor. 75’.




Quem foi Jean Rouch?
Atenção senhoras e senhores... conhecem a história do homem que desbravou a África com sua câmera e seu gravador? Conhecem a coragem e a sensibilidade, a inteligência e a curiosidade, a perspicácia e a paciência desse homem-cineasta?
Quem é Jean Rouch?
Influenciado por Flaherty, Vertov, pelo neo-realismo italiano (especialmente Rossellini), Jean seguia à risca o lema da câmera na mão e uma idéia na cabeça: o filme de autor máximo!
Quem foi Jean Rouch para a Nouvelle Vague?
O homem que influenciou o modo de filmar de um certo Coutard, que alertou para a riqueza da confusão entre documentário e ficção, que acreditou na realidade acima de tudo, e a enfrentou com uma máquina objetiva pulsando em mãos, um coração subjetivo pulsando em voz.
La chasse au lion à l’arc (Caça ao leão com arco), de 1965, filme nunca lançado em dvd no Brasil é obra rara imperdível... Jean Rouch, como de praxe, apresenta com sua voz de poeta, o filme: “Crianças, em nome de Deus, escutem a história de Gawey-Gawey, a história de seus pais, a história de seus avôs, a história dos caçadores de leão com arco!”. Filme para o futuro, Rouch narra o presente que é passado, o primitivo que muitas vezes esquecemos, a luta do homem contra a natureza que tanto ouvimos falar... vemos a morte, a luta contra a morte, a vida, a luta contra a vida, vemos o mundo em estado bruto... tudo graças ao cinema, tudo graças ao cineasta.

Mateus Moura.


SERVIÇO:



Local: Fundação Ipiranga (Av. Almirante Barroso, 777, entre Tv. Humaitá e Tv. do Chaco – ao lado da Tv Cultura)
Data: 30/09/09 (quarta-feira)
Horário: 19:00
Legendas em português
Entrada franca



Resto da Programação:

07/10 – Os amantes (Les amants, Louis Malle, 58)
14/10 –  Bob, o jogador (Bob, Le flambeur, Jean-Pierre Melville, 56)
21/10 - Minha noite com ela (Ma nuit chez Maud, Eric Rohmer, 69) *Comentários de Ernani Chaves
28/10 – não haverá programação

04/11 - Os incompreendidos (Les 400 coups, François Truffaut, 59)
11/11 – Os guarda-chuvas do amor (Les parapluies de Cherbourg, Jacques Demy, 61) *Comentários de Cauby Monteiro
18/11 – Nas garras do vício (Le beau Serge, Claude Chabrol, 58)
25 /11 – Celine e Julie vão de barco (Celine et Julie vont en bateau,Jacques Rivette, 74)

AÇÃO: APJCC (ASSOCIAÇÃO PARAENSE DE JOVENS CRÍTICOS DE CINEMA)
BLOG: http://apjcc.blog.terra.com.br/
COMUNIDADE:  http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?rl=cpp&cmm=37014176

22.9.09

ESTRÉIA O INOVACINE COM CABRA MARCADO PARA MORRER


Da parceria entre FAPESPA (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Pará), APJCC (Associação de Jovens Críticos do Pará) e Ná Figueiredo, surge o mais novo cineclube da cidade: o INOVACINE. Com regularidade quinzenal, às segundas-feiras, no espaço Ná Figueiredo (Av. Gentil Bittencourt, n°449), uma sessão cineclubista será realizada pela FAPESPA, com a curadoria da APJCC.
A programação, que inicia no dia 28 de setembro, pretende, até o fim do ano, seguir 3 linhas norteadoras, porém não totalitárias: o cinema brasileiro, o cinema documental e o cinema local.
São 10 filmes até o dia 21 de dezembro. Quatro foram escolhidos pelos membros da APJCC e receberão sua curadoria, três foram escolhidos por cineastas da região metropolitana de Belém, e os outros três são curtas-metragens dirigidos ou produzidos pelos mesmos. Nesta sessão para ilustres convidados, um filme de curta duração próprio e um de longa do seu gosto serão exibidos um após o outro; e, ao fim, uma conversa acontecerá entre cineasta e público.
O objetivo é divulgar a cultura cinematográfica mundial, refletir o cinema em si (ficcional e documental), e percorrer com os olhos e ouvidos os caminhos que ele desbrava.
Depois do sonho maravilhoso, a vigília curiosa. Assim o homem evoluiu, assim o homem evoluirá.

Mateus Moura (APJCC-2009)



Programação Inovacine:



28/09 - Cabra Marcado Para Morrer. Eduardo Coutinho. 85. p/b & cor. 119’.
















Um filme documental sobre um filme de ficção que não pôde ser terminado pela censura política que esta fita ia abordar - reconstruindo ficticiamente um caso real. Então: um projeto fílmico que vai ser retomado, 17 anos depois, refletindo na sua própria História, a sua morte prematura e indesejada. Ressuscitado, o filme, além de iluminar a realidade do contexto que o impediu, capta o som das vozes que envelheceram neste tempo em que não foram eternizadas na película. Vemos a mudança de discursos, a reflexão de um caso agora mais distante, o aparecimento de personagens que na época eram crianças e que agora assumem posições, as lágrimas de nostalgia, as lágrimas de ranços nunca curados, os sorrisos de contentamento ao ver imagens da juventude física, as fotos de um momento importante (para a macro e a micro história).
Uma reflexão sobre a luta de classes, a reforma agrária, a miséria do povo, a perseguição política, a Justiça injusta, a religião popular, o trabalho, a morte, a linguagem cinematográfica, a posição política do cineasta, a briga entre cineasta-cientista e seu objeto, a mudança do contexto nacional, a História, as vidas, os relatos pessoais... Tudo isso em linguagem de imagem/som, não em escrita. Trabalho etnográfico, antropológico, sociológico, ontológico, artístico.
Eduardo Coutinho faz um cinema que muda a vida diretamente, ao invés de um documentarista de classe média que “conscientiza o povo das injustiças sociais” (algo muito comum na década de 60), o cineasta participa e modifica a vida das pessoas; seu cinema não tem a petulância de ensinar, mas, ao contrário, a humildade de aprender, a vontade de ajudar e a sensibilidade de conversar.
“Cabra marcado para morrer” é um filme que ilumina o passado, o presente e o futuro do cineasta e do cinema brasileiro, é obra importantíssima para compreender e mergulhar no cinema nacional.



Mateus Moura (APJCC-2009)

12/10 - Serra Pelada – esperança não é sonho. Priscila Brasil (curta).
F for Fake. Orson Welles. 75. 85’.
Comentários: Priscila Brasil

26/10 - Eles Não Usam Black Tie. Leon Hirszman. 81. Cor. 120’.



09/11 - Outras Histórias. Darcel Andrade e Wilza Brito (curta).
Filhos do Paraíso. Majid Majidi. 97. Cor. 89’.
Comentários: Darcel Andrade

23/11 - Serras da desordem. Andrea Tonacci. 06. p/b & cor. 135’.



07/12 - Açaí com Jabá. Alan Rodrigues, Marcos Daibes e Walerio Duarte (curta).
Estômago. Marcos Jorge. 07. Cor. 113’.
Comentários: João Inácio

21/12 – Iracema - uma transa amazônica. Jorge Bodanzky e Orlando Senna. 76. Cor. 91’.

SERVIÇO:
Local: Loja Ná Figueiredo (Av. Gentil Bittencourt, 449, entre Dr. Moraes e Rui Barbosa)
Dia da semana: segunda-feira
Hora: 18:30
Entrada franca



REALIZAÇÃO: FAPESPA
PARCERIA: APJCC
APOIO: LOJAS NÁ FIGUEIREDO

Underground de Kusturica do CCBEU


Cine CCBEU apresenta: "Underground" de Emir Kusturica



"Underground" é um poema à geografia do delírio. Emir Kusturica sabe, como todo grande artista, que a melhor maneira de dizer a verdade é mentindo e o faz quando, ao abrir o alçapão de seu universo, revela uma criação que alia comédia política, alegoria farsesca, música cigana e caricatura numa mise-en-scéne embriagada de desenho animado e traumas de guerra. Tudo no tudo.


Miguel Haoni
(APJCC - 2009)


Serviço:
Dia 24/09 (quinta)
às 18:30 h
No Teatro do CCBEU
(Padre Eutíquio, 1309)
ENTRADA FRANCA


Realização: CCBEU
Parceria: APJCC
Apoio: Cineclube Amazonas Douro

Programação de outubro na comunidade do Cine CCBEU:
http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=87934260

21.9.09

O resgate da inocência




“O desenho não é só um prodígio da computação gráfica. Tem conteúdo, sendo este não uma ingênua moral de fábula como se pode supor se visto na superfície”.



O segredo de qualquer filme de animação está na historia e não nos métodos para contá-la”. E ainda: “Para cada risada deve haver uma lágrima... o coração é que importa”.



“Cinema não é só a racionalidade estética. É a arte sensibilizando e extraindo emoções”.



O que tem de tão errado nessas três frases acima (extraídas do texto de Luzia Miranda Álvares sobre UP) que me motivam a escrever um segundo texto sobre a nova ANIMAÇÃO da Pixar?


A questão central é que desde muito tempo as animações da Pixar sofrem com o que de pior se pode fazer com qualquer obra de arte: defendê-la pelos motivos errados. Sim, porque se falassem mal de Up, por exemplo, com argumentos sem fundamento seria mais fácil de provar o contrário com argumentos bem fundamentados.


Comecemos do começo: “o desenho não é um prodígio da computação gráfica”. “SÓ”?! Como assim “SÓ”? Me sinto algo perplexo por ter que lembrar que a animação é uma LINGUAGEM, não um gênero narrativo, e que LINGUAGEM quer dizer, antes de qualquer coisa, uma FORMA DE EXPRESSÃO. Por que a Literatura, a Escultura, a Pintura e o Cinema não são a mesma coisa? Porque cada uma dessas artes utiliza uma linguagem para se expressar, e como existe um número algo limitado de temas no mundo (quantos já falaram de amor, guerra, paz, ódio, amizade, sexo, violência?) o crítico de arte não deveria levar em conta, antes de qualquer coisa, COMO essas questões são tratadas? Ou por acaso existe uma hierarquia de assuntos, de temáticas, que são uns mais dignos e importantes do que os outros? A Declaração Mundial dos Direitos Humanos é uma obra mais importante do que Curtindo a vida adoidado por tratar de assuntos mais “sérios”? Mas, vou com calma, e me detenho na já citada perplexidade diante do início dessa citação de Luzia Miranda Álvares.


UP é um prodígio da ARTE de fazer animação utilizando a computação gráfica sim, e isso já basta. A animação digital não usa lápis e papel, usa mouse e programas de computador: a Pixar faz de uma máquina uma ferramenta para produzir a beleza estética das suas produções – e se não fizesse isso bem, quero deixar bem claro, eu não me daria ao trabalho de escrever nem 1 linha sobre as suas animações nem que elas contassem a saga de toda a humanidade em um curta de 1 minuto. O que me leva a segunda parte dessa primeira citação: “Tem conteúdo, sendo este não uma ingênua moral de fábula como se pode supor se visto na superfície”. Mais uma vez a perplexidade. Estaria se falando das fábulas clássicas? Aquelas que crescemos ouvindo de nossos pais? Aquelas que Walt Disney passou para a sua linguagem produzindo clássicos geniais e eternos como A Bela Adormecida, Alice no País das Maravilhas e Peter Pan? Mais uma vez não entendo (ou prefiro não entender) do que a crítica está falando. É necessariamente ruim uma fábula ser ingênua? E ter moral? E a que espécie de moral se refere aqui?


Gosto muito de uma crítica publicada no site da Revista Cinética, assinada por Diego Assunção, que fala sobre Wall-e, e que inicia da seguinte forma: “Wall-E é um filme infantil. Só que engana-se quem pensa que o uso da palavra “infantil” trata de algo inferior. Infantil está mais para uma denominação que, consigo, leva a arte para aquilo que deveria ser o seu real objetivo: um instrumento de libertação”. Mas que libertação é essa? Felizmente Assunção continua e se explica lindamente: “Por que o gênero infantil é “libertino”? Primeiro por causa do seu público, muito mais disposto a confiar e aceitar também a liberdade que o artista possa vir a tomar em qualquer inverossimilhança de roteiros, de regras morais, físicas e geográficas. Sendo a criança rebelde, livre por natureza (lembremos de Jean Vigo e seu Zero de Conduta), ela é a primeira a aceitar com os olhos livres e os corações abertos uma história de amor improvável, protagonizada por um casal formado por uma bela mulher e um monstro (A Bela e a Fera); a sentir as implicações morais e éticas do nariz mentiroso de Pinocchio (no filme homônimo); ou acompanhar com esmero a via-crúcis de um rato para se tornar cozinheiro (Ratatouille)”.


Espero que com as palavras de Assunção eu tenha deixado claro o motivo pelo qual o adjetivo “ingênua” me causou tamanha comoção. O que não falta é gente para elogiar as animações da Pixar por não serem “apenas para crianças”, por possuírem um “subtexto interessante para adultos”. Nada me causa mais asco: é desrespeito com a Pixar e com as crianças, além de ser ignorância – uma das coisas que têm ficado cada vez mais claras nas últimas produções da Pixar é o fato de que os seus artistas fazem a obra que querem sem uma obrigatoriedade com públicos pré-determinados.


Quem assistir os extras da edição especial de décimo aniversário de Toy Story encontrará John Lasseter, Pete Docter e Andrew Stanton (respectivamente diretores de Toy Story, Monstros S.A. e Wall-e) conversando sobre como foi imprescindível para a produção das sagas de Woody e Buzz Lightyear que eles pudessem trabalhar em LIBERDADE. Sem se preocupar com o “fato” de que as crianças “esperavam” um vilão, muita cantoria e uma história de amor ali pelo meio da história: Lasseter fez a animação que quis e como grande animação que é foi apreciada por muitos e muitos – crianças e adultos, cada um apreendendo aquele universo de uma forma e sento cativado por diferentes motivos.


A Pixar faz suas animações para o mesmo público que Alfred Hitchcock fazia seus filmes: os apreciadores de grandes obras de arte. Walt Disney fazia suas animações tradicionais (nomenclatura meramente classificatória), com seus vilões, sua cantoria, sua história de amor ali pelo meio e as fazia genialmente, por quê? Porque ele se importava com a forma com que iria contar a história.


O que nos leva à próxima citação, que na verdade é a crítica belenense citando Mr. Walt Disney: “O segredo de qualquer filme de animação está na historia e não nos métodos para contá-la”. Citação que pode enganar leitores desavisados: sim, Walt Disney realmente disse isso – falta um detalhe, no entanto. Os “métodos” a que ele se refere são os meios pelos quais você vai resolver contar uma história: ele não se importava se fosse em animação tradicional ou com a câmera cinematográfica – contanto que essa história fosse BEM CONTADA. Realmente, para Walt Disney a história tinha um lugar essencial nas suas produções, o que só reforça o fato de que, sendo ele tão apaixonado por aquilo que ia contar, é uma preocupação central e indispensável como essa narrativa nos será apresentada. Afinal que espécie de contador de história é tão apaixonado pelo seu conteúdo que prefere narrá-la de qualquer jeito? E indo para um exemplo mais cotidiano, que humorista simplesmente deixa de lado o modo como vai contar uma piada acreditando única e estritamente nas palavras que ele vai agrupar para formar sentenças que provoquem o riso?


Por fim chegamos a última citação: “Cinema não é só a racionalidade estética. É a arte sensibilizando e extraindo emoções”. Acho que nesse ponto do texto não preciso mais lembrar o leitor que a Pixar não faz cinema e sim animação (usei o caps lock acima por um motivo). Então vamos logo à parte mais absurda: a “racionalidade estética”. Duvido muito que Federico Fellini, Glauber Rocha, Roberto Rossellini e Martin Scorsese se refiram às suas preocupações estéticas como apenas “racionais”. Ver um filme de Glauber Rocha é sentir o sangue e o coração do diretor em cada fotograma seu, na criação de uma estética própria. Toda a dor de cabeça que esses e muitos outros grandes diretores de cinema têm por conta das questões estéticas estão construindo algo que está sendo dito sim, mas não podemos nunca esquecer que o que se conta só é o que se conta pela forma como se conta. Quem se esquece da fábula do rei que mandou matar os mais diversos videntes que lhe diziam que toda sua família seria destruída e só ele restaria sozinho e que elegeu um único vidente como seu conselheiro por este ter-lhe dito que sua família seria levada à morte mas que ele sobreviveria como o sol que iluminaria o futuro da nação e levaria seu povo à bonança? AINDA preciso dizer que foi o jeito que o vidente/conselheiro usou para dar a notícia que salvou sua cabeça?


Eu não amo Taxi Driver porque fala sobre violência, nem A Doce Vida porque fala do vazio existencial de uma geração, e muito menos Terra em Transe por ser uma crítica política: amo esses filmes porque disseram o que disseram maravilhosamente, utilizando a imagem (recurso máximo do cinema) de formas ESTETICAMENTE lindas. Não há apenas racionalidade nisso: isso É a sensibilização, isso É a extração de emoções.


UP foi mal defendido. A sensibilidade de Pete Docter passou despercebida. A sua genial ontologia de objetos, a perfeita construção de personagens, as brilhantes elipses para mostra a passagem do tempo – tudo foi reduzido a quase nada e nos deparamos com críticos elogiando a discussão de “direitos humanos” durante a animação. E mesmo quando se trata do conteúdo que existe, este é negligenciado: até agora não li uma palavra sobre a última cena – a casa à beira da cachoeira, a maneira de Docter nos mostrar pela imagem que é preciso, sim, seguir em frente, mas para isso existem certas coisas que precisamos levar conosco para continuarmos a ser capazes de ir adiante. Eu já havia dito isso, quando comentei o texto de Luzia Miranda Álvares em seu blog, porém até agora meu comentário não foi “aprovado”. Luzia diz que está aqui para construir. E eu pergunto: construir o que?



(Felipe Cruz – 2009)



“Ao planejar um novo filme não pensamos em adultos, não pensamos em crianças. Pensamos naquele lugar bem puro dentro de todos nós que o mundo nos fez esquecer e que o filme pode resgatar.” (Walt Disney)



p.s: texto de Luzia Miranda Alvares que é citado: http://www.blogdaluzia.com/2009/09/ainda-up.html ou http://www.blogdaluzia.com/2009/09/up-altas-aventuras.html
p.s2: se os textos acerca dessas questões estão sendo publicados na coluna ‘Panorama’ do jornal ‘O Liberal’, peço que este componha a discussão.