30.11.09

João Inácio discute cinema regional e nacional no Inovacine

Açaí com Jabá
de Alan Rodrigues, Marcos Daibes e Walerio Duarte. Ficção/35mm Cor/13Min. (2000)

Comédia baseada no costume do amazônida de tomar açaí. Um paraense e um turista duelam para ver quem consegue tomar mais açaí acompanhado de jabá.


Estômago

de Marcos Jorge



Na vida há os que devoram e os que são devorados. Raimundo Nonato, nosso protagonista, descobre um caminho à parte: ele cozinha. E é nas cozinhas de um boteco, de um restaurante italiano e de uma prisão - o que ele fez para acabar ali? - que Nonato vive sua intrigante história. E também aprende as regras da sociedade dos que devoram ou são devorados. Regras que ele usa a seu favor, porque mesmo os cozinheiros têm direito a comer sua parte - e eles sabem, mais do que ninguém, qual é a parte melhor.
Uma fábula nada infantil sobre o poder, o sexo e a culinária.



Comentador convidado: João Inácio



SERVIÇO:

Local: Loja Ná Figueiredo (Av. Gentil Bittencourt, 449)
Data: 08/12 (segunda-feira)
Hora: 18:30
Entrada franca.

REALIZAÇÃO: FAPESPA
PARCERIA: APJCC
APOIO: LOJAS NÁ FIGUEIREDO

Noites de Cabíria de Fellini, no Cine CCBEU



Noites de Cabíria Federico Fellini filmou os sonhos. Os seus e os deste mundo bizarro que chamamos de nosso. Suas imagens trazem a marca do eterno conflito entre realismo e fantasia: enquanto a humanidade luta em um universo miserável, o lirismo desfila nos becos e vielas para o olho sensível. Olho de gente e câmera. "Noites de Cabíria" é um instante de fé na corredeira das desilusões. Giulietta Masina encarna a clown arruinada que vive pisando em dois mundos. O seu e o nosso. E como guerreira-poetisa resiste à crueldade e à frustração destes mundos. Para Cabíria (e para os poetas e apaixonados dentre nós) a vida simplesmente segue. Bela como nos filmes. Miguel Haoni (APJCC - 2009)

Serviço: Dia 03/12 (quinta) às 18:30 h
No Cineteatro do CCBEU (Padre Eutíquio, 1309)
ENTRADA FRANCA
Realização: CCBEU Parceria: APJCC Apoio: Cineclube Amazonas Douro

Cine CCBEU no orkut:
Comunidade: http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=87934260
Perfil: http://www.orkut.com.br/Main#Profile?uid=13419179513607839065

12.11.09

O Apocalypse Glauberiano no Cine CCBEU

Cine CCBEU apresenta:

"A Idade da Terra" de Glauber Rocha

86_311-Anabazys - diretor

A Ydade da Terra é um filme gritado. É o milagre da multiplicação. É a luta de classes no mito da escola de samba; o gringo comendo a mulata com areia, refrigerante e cachorro-quente. É a abertura dos conceitos, abertura política, abertura do diafragma. É a luz dos trópicos fritando o filme no Palácio da Alvorada das Desilusões. É Louis Lumiére baixando do trem para se manifestar na causa operária. É o balé da retina no barroco brasileiro.


A Ydade da Terra é Glauber Rocha roído pelo câncer do capital, encarnando as 4 manifestações do Cristo no Terceiro Mundo. É o colar de dentes careados do Cinema Brasileiro. É a poética da fome na guerrilha do sonho. É Pasolini crucificado em Cinemascope.


A Ydade da Terra é a minha idade. A da montagem desconstrutiva, de Indhyra Gandhi e Ava Gardner, do Profeta e Ogum de Lampião. São as fotografias de Leni Riefenstahl na África. É a tentação de Satanás depois de 15 anos de Ditadura. É Julio César no Teatro Nacional de Brasília. É a Marselhesa assoviada na Bahia de Todos os Cristos.


A Ydade da Terra é o Cinema.


Miguel Haoni (APJCC - 2009)


Serviço:
Dia 19/11 (quinta)
às 18:30 h
No Cineteatro do CCBEU (Padre Eutíquio, 1309)
ENTRADA FRANCA

Realização: CCBEU
Parceria: APJCC
Apoio: Cineclube Amazonas Douro

Cine CCBEU no orkut:

Comunidade

Perfil

1.11.09

Carta aberta aos responsáveis pela projeção digital no Brasil

A presença da projeção digital nos festivais e mostras de cinema no Brasil, para não dizer no circuito comercial, é algo cada vez maior e, aparentemente, inevitável. Se há, é fato, algumas projeções bastante dignas realizadas nesse formato, é fato também que a enorme maioria dessas projeções costuma atentar contra a integridade da obra exibida, deformando muitas vezes janelas, cores, texturas e sons. Nesta última edição do Festival do Rio, entretanto, a qualidade de tais projeções atingiu um nível intolerável, o que gerou uma enorme repercussão entre críticos, cinéfilos e o público não-especializado que frequentou o evento. A partir desse incômodo, os membro do Fórum da Crítica - entidada que congrega críticos de cinema de todo o país e do qual faz parte a Cinética - redigiu a carta abaixo, como forma de protesto e chamamento à ação e responsabilidade por parte daqueles envolvidos na projeção digital no país.


Se estiverem de acordo com o exposto na carta abaixo, convidamos nossos leitores a se juntarem a nós no abaixo assinado criado para tal, além de exigirem seus direitos junto aos distribuidores e exibidores sempre que se sentirem lesados por tais projeções.


***


A projeção digital chegou ao Brasil com a missão de democratizar o acesso aos filmes e libertar os distribuidores da dependência de cópias em 35 milímetros, cuja confecção e transporte são notoriamente caros. A instalação de projetores digitais permitiria ao público assistir a títulos que dificilmente seriam lançados nas condições tradicionais e ainda ofereceria condições para que espectadores situados longe do eixo Rio-São Paulo (onde se concentram quase 50% das salas de cinema do país) tivessem acesso aos mesmos títulos simultaneamente.


O que estamos vendo, no entanto, é uma total falta de respeito ao espectador no que se refere à exibição do filme propriamente dita. As razões são basicamente duas: projeções incapazes de reproduzir fielmente os padrões de cor e textura da obra e/ou projeções incapazes de exibir os filmes no formato em que foram originalmente concebidos. Sem falar no som, que muitas vezes ganha uma reprodução abafada, limitada ao canal central, muito diferente de seu desenho original.


A adoção da projeção digital pelos dois maiores festivais internacionais do Brasil (o Festival do Rio e a Mostra de São Paulo) e por outros festivais do país, infelizmente, não respeitou o que seriam critérios mínimos de qualidade de projeção de filmes em cinema – algo que é observado com atenção em qualquer festival internacional que se preze. Trata-se de uma situação particularmente alarmante tendo em vista o papel de formadores de plateia que esses eventos desempenham.


Sucessivamente, temos visto um autêntico massacre ao trabalho de cineastas, fotógrafos, diretores de arte, figurinistas, técnicos de som e até mesmo de atores. Apenas para citar um exemplo: Les Herbes Folles, o novo filme de Alain Resnais, originalmente concebido no formato 2:35:1, foi exibido no Festival do Rio, com projeção digital, no formato 1:78. Isso representou o corte da imagem em suas extremidades, resultando em enquadramentos arruinados, movimentos de câmera deformados e rostos dos atores cortados. Um pouco como se "A Santa Ceia", de Leonardo Da Vinci, tivesse suas pontas decepadas, deixando alguns discípulos de Jesus fora de campo – e da história. Para completar o desrespeito, não há qualquer aviso em relação às condições de exibição e o preço cobrado pelo ingresso não sofre qualquer alteração.


Não nos cabe, aqui, pregar a “volta ao 35mm” nem defender determinada resolução mínima para a projeção digital. Sabemos que, se respeitados determinados critérios técnicos – ou seja, se a empresa responsável pela projeção digital receber do distribuidor o master no formato adequado, se o processo de encodamento for feito corretamente, e se os ajustes necessários para a exibição de cada filme forem realizados cuidadosamente –, a projeção digital pode ser uma experiência perfeitamente satisfatória para o espectador.


Não é isso, porém, que tem ocorrido. Exibidores, distribuidores e os fornecedores do serviço da projeção digital são responsáveis pela má qualidade da projeção e coniventes com esse lamentável descaso geral, que tem deixado críticos e amantes de cinema indignados. É um desrespeito ao cinema e aos seus criadores, mas, sobretudo, ao espectador e consumidor final, que saiu de casa e pagou ingresso para ver um filme.


A situação chegou a um ponto intolerável. Pedimos a todos os profissionais envolvidos com a projeção digital que tomem providências para que tais deformações não se repitam.


Fonte:

http://www.revistacinetica.com.br/projecaodigital.htm