27.3.13

APJCC e SESC Boulevard realizam oficina sobre o cinema francês



A proposta da programação é percorrer o caminho do desenvolvimento da linguagem cinematográfica dentro do cinema francês. Nesse sentido, serão abordadas desde as controvérsias a respeito do nascimento do cinema pelas mãos dos irmãos Lumière até a primeira incursão dessa, então, nova tecnologia, no mundo do entretenimento através do ilusionista Georges Méliès. Ainda seguindo uma linha cronológica do desenvolvimento do cinema francês, a oficina passará pelo Impressionismo dos anos 20, pelo Surrealismo surgido no final dessa mesma década, pelo Realismo poético dos anos 30 e 40, pela sua modernização com a Nouvelle Vague e pelo papel da Cahiers du Cinéma, finalizando com uma explanação do atual cenário francês. O trabalho dos cineastas mais significativos também será abordado de forma específica.

Metodologia

A oficina será executada por meio de textos de caráter histórico e ensaios críticos sobre as várias fases do cinema francês, seus principais realizadores, e as obras de maior influência. A exposição será alternada com a exibição de trechos de filmes que elucidem cronologicamente o desenvolvimento da linguagem cinematográfica na França desde 1895 até os dias atuais.

Agenda

17/04................O Nascimento do Cinema na França | O Impressionismo

18/04................O Surrealismo | O Realismo Poético

19/04................A Cahiers du Cinéma e a Nouvelle Vague

20/04................Mise-en-scène dos Cineastas franceses | Panorama do Cinema Francês Contemporâneo


Sobre o ministrante:

Guimarães Neto é colaborador junto à APJCC no movimento cineclubista em Belém entre 2008 e 2009; membro oficial da APJCC desde de 2010, já tendo atuado nos projetos CineUEPA, Cine Aliança Francesa, Cine CASA e Cine CCBEU. Realizou dois vídeos de curta duração  (Escorpião, câncer e ságitario e Estudos Sobre o Erotismo vol.1) em novembro/dezembro de 2011 e, entre agosto e novembro de 2012, o documentário de média duração "O espectador comum".

Serviço:

Oficina "Retrospectiva sobre o cinema francês"
De 17 a 20 de Abril (quarta a sábado)
Das 10h às 13h
No Sesc Boulevard (Boulevard Castilho França, 522/523)
Inscrições de de 02 a 16/04 apenas no local
ATIVIDADE GRATUITA

9.3.13

O barulho silencioso

O Som ao Redor, de Kleber Mendonça Filho  

por Aerton Martins (APJCC - 2013)



Poderíamos, grosseiramente, colocar o filme “O Som ao Redor”, do cineasta Kleber Mendonça Filho, na seara de filmes onde a crônica social pinta o meio por onde suas personagens dançam em suas paranoias. Mas correríamos o risco de enquadrar a linda obra do diretor pernambucano no grupo de alguns desordeiros, que utilizam as muletas fincadas em uma temática supostamente “séria”, “comprometida”, a fim, apenas, de levar seus paquidérmicos e estéreis filmes a um patamar isento de quaisquer questionamentos e pedras nos bolsos. Kleber Mendonça Filho se entrega à sétima-arte. Nós, brasileiros, adornados por uma síndrome de vagabundo e cachorro sarnento, precisamos nos afirmar como algo que existe, ser-nação, alma multicolorida e rica, que inala oxigênio, politizados e que também respira cultura e sabe comer de talheres. Seu filme não deseja afirmar e é sobre o indivíduo. Acende o som que tentamos propagar ou anular em nossos poros. Um drama do indivíduo disfarçado de crítica social. Com facilidade, as imagens saltam aos olhos, vide a cena de abertura, onde planos em preto e branco instauram um lugar, espaço, que, outrora, carregado de sofrimento com o cheiro sanguinolento do pesadelo em suas almas, permite a leitura de um dos microcosmos que cintilam na obra. Corte para uma garota de patins, símbolo de movimento e que carrega o corpo, apenas, para outro lugar, mas que leva a mesma força da inação do espírito, vazio, sem direção. Uma fatia de um condomínio, babás e suas crianças tateando o gosto pela “liberdade”, bolas, bambolês, meninos agrupados em um canto do enquadramento, a tentativa de refrear o esmagamento da construção e seus ruídos, a motosserra irritante queima e provoca inquietação. Talvez seja essa a palavra para descrever a construção de “O Som ao Redor”: inquietação.


 A narrativa acontece em torno de um quarteirão. A rua, usada como painel de declarações, dizeres grafados no asfalto, é a única detentora da aparente racionalidade. É ela quem testemunha o mundo insano e o medo irracional que os moradores sentem. Os seguranças que chegam ao local, com o suposto objetivo de trazer paz aos moradores, oferecem proteção; os “anjos da guarda” sentem receio do mal estar de uma mulher que sai do carro para vomitar e de uma criança trepada na árvore.Thriller soprando a vizinhança. O ronco do marido, os latidos do cachorro, os filhos debruçados sobre a aula de Chinês, fazem a moradora querer a máquina de lavar roupa invadindo seus desejos carnais. O carinho oferecido pela máquina em um plano próximo da parte intima da angustiada mulher cria essa proporção da tensão. O morador que defende o porteiro das acusações de estar dormindo no trabalho é o mesmo que desconfia dos pés nus do filho de sua empregada, largados e deitados no sofá de sua casa. O Scope, alargamento da tela, usado em “O Som ao Redor” potencializa esse torpor, reduz o homem a obedecer e admitir sua pequenez perante o espaço ambiente; a força misteriosa que rege nosso redor, a bola “não” utilizada, o aparelho importado queimado acidentalmente pela empregada, o som roubado do carro. A massagem dos filhos na mãe, alinhados como uma máquina sobre um corpo corroído pelo estresse, traz o barulho, a música. Relaxar corpo e mente em meio ao grito da canção, a voz alterada. A música alivia, porém também tensiona; o vendedor de discos piratas e seu carrinho alto incomodando a vizinhança.


Um filme de horror disfarçado de drama familiar. Aferir o novo trabalho de Kleber Mendonça como um filme do "horror" não seria exagero, levando em consideração que seu realizador fez o curta-metragem “Vinil Verde”, 2004, e que a palavra vem do sentimento de “repulsa”, o real contém o “horror”. Se no curta o que acontece nos corredores, cômodos da casa, onde a menina é proibida de escutar o vinil que dá nome ao título, provoca arrepios, agora, o ambiente, em “O Som ao Redor”, fabrica-os; é um plano entrecortado pelo vulto de uma criança no corredor, a espera  incômoda dos guardas na cozinha do patriarca, os corredores brancos do prédio que mais se “parecem uma fábrica”, diz a certa altura um personagem. A cena do sonho traduz o medo, temor, constante que habita o ser humano. Quando Kleber Mendonça mostrou Halloween (1978, de John Carpenter), Amantes (2008, de James Gray) e outras obras para sua equipe e seu diretor de fotografia, Pedro Sotero, sua intenção era sugerir um aprendizado sobre a arquitetura da vizinhança em uma tela larga e sentir o realismo filmado à maneira da Hollywood clássica, sem “falcatruas”, como declarou o cineasta. Em Amantes, o classudo cineasta James Gray mancha na tela suas personagens com o gosto agridoce do real, palpável, onde a câmera se aquieta e observa o percurso dolorido por qual o personagem de Joaquim Phoenix é obrigado a trilhar. Observar. É o que a câmera em “O Som ao Redor” opera. O que salta das telas é a permanência do horror em nosso doce e, por vezes, aborrecido cotidiano. "O Som ao Redor" é o barulho silencioso que o cinema brasileiro precisava.

7.3.13

Programação de março do Cine CCBEU



Dia 14/03- "O Vagabundo de Tóquio", de Seijun Suzuki

Sinopse: O ex-assassino "Phoenix" Tetsu está aguardando sua própria execução quando é chamado de volta a Tóquio para ajudar a combater uma gangue rival.

País: Japão
Ano:1966
Duração:89 minutos
12 anos

Dia 21/03- "L'Atalante", de Jean Vigo

Comentários: Josy Miranda

Sinopse: Jean, comandante de um barco comercial, e Juliette, uma linda moça de uma cidadezinha de província, se casam. Eles passarão sua lua-de-mel no barco Atalante, que irá até Paris. O Atalante é guiado pelo tarimbado e pitoresco marinheiro Tio Jules, que tem como ajudante um jovem desajeitado. Nessa viagem de barco, Jules e Juliette conhecerão a felicidade, a tristeza, o ciúme, a perda e o reencontro do amor.

País:França
Ano:1934
Duração:90 minutos
12 anos

Serviço:

Quintas-feiras
às 18h30 no Cine Teatro do CCBEU
(Travessa Padre Eutíquio, 1309)
ENTRADA FRANCA

Realização: APJCC e CCBEU
Coordenação e Curadoria Cine CCBEU: Tiago Freitas e Max Andreone

Mais informações:
cineccbeu.blogspot.com
E-mail: cineccbeu@gmail.com
Twitter da APJCC
Facebook da APJCC

(91) 8374-9497
(91) 8158-1840
(91) 8421-8071

O cinema do invisível de Vicente Franz Cecim



Prossegue a itinerância do Cine Osga – cinema de parede, realizado pelo Museu da Imagem e do Som do Pará – MIS-PA, o Atelier de Artes da Universidade Fedaral do Pará receberá, no dia 12 de março, terça-feira, às 19h, a mostra do ciclo KinemAndara: um olhar sobre o visível e o invisível de Vicente Franz Cecim, que vem sendo criando desde 1975 em super 8, continuada nos 2000 com câmera digital e, que atualmente prosegue com as novas experiências do autor em realizar filmes criados sem uso de câmeras. Material este, selecionado especialmente pelo artista que estará presente no atelier conversando com os alunos de Artes Visuais, Cinema e Museologia. Ótima chance para que os alunos, professores, e demais interessados, possam ter contato mais de perto com uma das produções mais instigantes das artes paraenses.
Parceria Cine Osga e Matadouro.

Serviço:
Exibição de filmes de Vicente Franz Cecim
Dia: 12 de março (terça-feira)
Horário: 19h
Local: Ateliê de Artes da UFPA - Campus Guamá