29.3.09

Mestre Chabrol quarta-feira no Cineclube Aliança Francesa

Cineclube Aliança Francesa apresenta:



Merci pour le chocolat (A Teia de chocolate). Claude Chabrol. 2000. cor.





A Teia de Chocolate é uma interessante combinação de maldade, brincadeira e paixão, oculta sob a superfície calma e rica da burguesia suíça.
Milka Muller (Isabelle Hupert, melhor atriz no Festival de Montreal) é a diretora geral da empresa Chocolate Muller e vive na Suíça com seu marido André Polonski - um prestigiado pianista -, e Guillaume, filho do primeiro casamento de André. Jeanne Pollet é uma jovem pianista que ainda não começou seus estudos no conservatório e que um dia descobre que, quando nasceu, esteve a ponto de ser trocada no hospital por Guillaume. Decidida a desvendar os mistérios que envolvem sua origem, ela visita André e eles se entendem em pouco, graças ao amor que ambos têm pela música. Pequeno
s gestos, porém, chamam a atenção da jovem para o que ela suspeita ser um comportamento estranho em Mika. O resultado desta trama é nada menos que brilhante.

No filme de Brad Bird, uma animação lançada pela Pixar/Disney em 2007 chamada Ratatouille , um ratinho de nome Remy, descobre – através do grande Chef Gusteau – que qualquer um pode cozinhar, não importando a classe social, a escolaridade, o tamanho ou a espécie. Nas suas aventuras em busca de novos pratos vemos o prazer do pequeno rato em criar o novo; seu irmão, o grande glutão Emile, convencionou que o alimento é pra saciar a fome, nada mais. Numa brilhante cena – só possível na linguagem da animação – o diretor nos emociona com um Remy que tenta a todo custo explicar ao seu irmão insensível à sua arte e a sensação da contemplação de uma degustação, da beleza na mistura de aromas e sabores, da poesia que a criação pode atingir no objeto comestível. A culinária é a arte que encanta o rato, e o alimento é a matéria-prima que ele utiliza para as suas criações.
Merci pour le chocolat (traduzido diretamente para o português: Obrigado pelo chocolate. E lançado no Brasil como “A teia de chocolate”) é um filme de um senhor do cinema chamado Claude Chabrol. Maduro, artista que atingiu o nível da serenidade do mestre que dominou técnica e vida, através, desde o início, de um cinema comercial – contrapondo seus amigos da Nouvelle Vague - encanta sempre platéia e crítica. Pupilo de Alfred Hitchcock e Fritz Lang, no caminho do suspense e do thriller, Chabrol brinca sério de cinema, produzindo quase uma obra-prima do gênero por ano.
Como cineclubista agradeço pelo chocolate que o cineasta fez em 2000, cabe a nós apreciá-lo, degustá-lo. Como convidado especial, o próprio Chabrol em vídeo, vai nos falar – como Remy ao seu irmão - um pouco do seu ofício e de uma ferramenta em especial: a mise-en-scène.Bom apetite.

Mateus Moura.



SERVIÇO:
01/04/09 (quarta-feira)
19:30
Armazém Santo Antônio (Av. Quintino Bocaiúva, 1969, entre Nazaré e Braz de Aguiar)
Entrada franca!
Legendas em português!

8.3.09

Beau Travail de Claire Denis na quarta e A Doce vida de Fellini na quinta

Cine EGPa apresenta:




A Doce Vida. Federico Fellini. 1960. p/b.





A vida é doce como o melhor vinho, as melhores festas e as mais belas mulheres. Pelo menos para aqueles que sabem saboreá-la. Mas a vida segue e, no dia seguinte, o vazio transforma o prazer em vinagre.


Federico Fellini filma, em 1960, a ressaca da sociedade de consumo através da trajetória do jornalista Marcello (vivido por um econômico e extremamente expressivo Marcello Mastroiani). Através de seus olhos observamos com cumplicidade todas as doenças modernas: o hedonismo furioso do Grand Monde, a velhacaria maquiada de juventude, a espetacularização midiática, a histeria católica, a perda da inocência. Fellini retrata em seu primeiro filme absolutamente pessoal, a sua (e nossa) hipocrisia. Sem constrangimentos.


O diretor utiliza, através de episódios, uma mise-en-scéne inovadora: o desfile bizarro e excessivo de imagens e sons funciona como alegoria para o universo vazio e neurótico do homem. Esta talvez seja a sua grande marca e surge precisamente neste filme inesquecível como um beijo negado.


A Doce Vida é o registro de um mundo encalhado e morto na miserável praia do nosso tempo e nos acompanhará para sempre como o sabor amanhecido da vergonha.



Miguel Haoni

(APJCC-2009)




Serviço:




dia 12 de março (quinta-feira)


Às 18:30 .


No Auditório da Escola de Governo do Pará – EGPA


(Almirante Barroso do lado do Pedroso)


ENTRADA FRANCA


 


 


Cine Aliança Francesa apresenta:


 


Belo trabalho (Beau travail). Claire Denis. 1999. cor.




                Claire Denis. Um nome feminino numa arte dominada por homens. Cinema de autor(a). Cinema físico. Beau Travail (Belo  trabalho, 1999) é, além de uma livre homenagem ao Billy Budd de Herman Melville, uma busca do tempo perdido de um personagem perdido no espaço,  um filme sobre a beleza do corpo masculino.
                 Essencial para a compreensão de um cinema do corpo assaz presente nas reflexões de cineastas contemporâneos do mundo inteiro (de Tsai Ming-Liang em Taiwan e Apichatpong Weerasethakul na Tailândia à Gus Van Sant nos EUA), o filme de Denis, com a incrível sensibilidade fotográfica de Agnès Godard, desafia o espectador; apresenta, rigorosa e belamente, um universo estético a ser descoberto.

Mateus Moura (APJCC - 2009)

3.3.09

Ciclo Viva L'Italia começa com Ladrões de bicicleta de De Sica

Cine EGPa apresenta:



Viva L’Italia


Imaginem um relicário do nosso tempo. Um lugar onde fossem guardadas as coisas valiosas de uma época sem valor. Um lugar onde poderíamos reencontrar aquilo que nos alimentou e nos deu sentido quando tudo era crueldade. Uma espécie de lar para nossas ilusões, esperanças, desilusões...


Desde o neo-realismo o cinema italiano tem sido esse lugar. Ele funciona nas nossas vidas como uma espécie de matriarca transbordante de afeto mas que não titubeia em apontar nossas falhas. Seus méritos estéticos são inquestionáveis: a lírica impiedosa dos faroestes e dos filmes de horror o elevaram a condição de objeto de reverência. Mas para além dos filmes de gênero existem os dramas e aqui os autores atingem, através de uma estética do desencanto, a universalidade sublime. O filme se aproxima da vida como em nenhum outro lugar. Os constrangimentos desta ópera de silêncios que costumamos chamar “relações humanas” vem à tona a partir de um realismo árido, vazio e belo que finca suas bases nas feridas de nossa sociedade, nos nossos paramours político-ideológicos e sobretudo na poesia dos sentimentos mais amargos.



Felipe Cruz e Miguel Haoni


(APJCC – 2009)



Programação:



05/03 – Ladrões de Bicicleta de Vittorio De Sica





Com o fim do fascismo, o cinema italiano libertou-se de sua mordaça ideológica e pôde enfim gritar ao mundo suas dores e miséias. Nascia, com a urgência da fome, o chamado Neo-realismo que, através das obras de Rossellini, Visconti e De Sica, encontrava a expressão maior da ética-estética engajada e melancólica do pós-guerra.
No meio de obras-primas como Roma, Cidade Aberta e Terra Treme, Ladrões de Bicicleta destaca-se como o grande cine-poema neorealista. No filme, Vittorio De Sica acompanha a aventura de um homem a quem nada acontece e cujo destino trágico observamos de mãos atadas.
O olhar de De Sica levanta o véu sobre os problemas de um país faminto e desmoralizado mas que precisa, tal qual o protagonista, continuar vivendo. Apesar de tudo.



Miguel Haoni
(APJCC-2009)

12/03 – A Doce Vida de Federico Fellini


19/03 – O Eclipse de Michelangelo Antonioni


26/03 – Nós que nos amávamos tanto de Ettore Scola



Serviço:



Toda quinta de março


Às 18:30 .


No Auditório da Escola de Governo do Pará – EGPA


(Almirante Barroso do lado do Pedroso)


ENTRADA FRANCA