21.10.11

APJCC e SESC promovem curso de crítica cinematográfica

Cinema é a arte das imagens em movimento. Como arte é o canal de expressão de homens e mulheres que concebem o mundo sob um prisma poético. Como imagens é o espelho da humanidade nos últimos 115 anos: suas ilusões, vergonhas, vitórias e medos projetados em 24 quadros por segundo. E como movimento é a música da luz, a montanha russa nas mais impressionantes paisagens do inconsciente. 
Tudo isso, porém, quase sempre passa batido na nossa convencional  fruição de filmes. A dieta viciada de audiovisual imposta pela indústria massiva de imagens, nos impede de observar o universo por trás dos "roteiros e atuações".
Poesia em cinema é feita de zoom e travelling; do comportamento da câmera à mise-en-scène; do enquadramento criativo à duração do plano. Em resumo: da forma como se manipula a linguagem cinematográfica.
Nesse sentido o Centro Cultural SESC Boulevard propõe o Curso de Crítica Cinematográfica (ministrado por Miguel Haoni da Associação Paraense de Jovens Críticos de Cinema), que com a ajuda da História Contemporânea e da Filosofia da Arte pretende lançar um outro olhar sobre o fenômeno audiovisual artístico.
O curso pretende, através de três unidades ( I Cinema Clássico Hollywoodiano; II Vanguardas de 20; e III Cinema Novo brasileiro) observar como diferentes cineastas concebiam a arte em momentos chave de sua evolução histórica.
 A partir do debate crítico, leitura de textos e análise de filmes ("Sua Esposa e o Mundo" de Frank Capra e "Iracema - Uma Transa Amazônica" de Jorge Bodanzky e Orlando Senna) o curso pretende desvendar de que maneira esta linguagem de imagens é tecida na construção de discursos e sensações, configurando parte fundamental de nossa experiência no mundo contemporâneo.


Sobre as unidades:

Unidade I: Artífices da transparência: o cinema clássico
Após a sua conturbada gênese, o cinema atravessou um processo de moralização simultâneo ao desenvolvimento de sua linguagem específica. Protagonizado por cineastas americanos, o "cinema clássico" representou a libertação dos códigos cinematográficos de seus correlatos nas outras artes. Apesar da domesticação posterior, sua criação entretanto, representou um dos momentos mais criativos na história.

Unidade II: A imagem fluida ou as Vanguardas de 1920
Na Europa dos anos 20, enquanto o cinema se enrijecia num padrão clássico, diversas cinematografias nacionais propunham novas formas de abordagem audiovisual. O impressionismo e o surrealismo na França, o expressionismo na Alemanha e as pesquisas de montagem na União Soviética ofereciam uma oposição selvagem ao modelo cinematográfico hegemônico.
 
Unidade III: Uma câmera na mão e muita raiva: Glauber Rocha e o Cinema Novo

Após o lançamento do filme Rio 40 Graus, de Nelson Pereira dos Santos, o cinema brasileiro havia entrado definitivamente por uma nova vereda. O contato entre grupos de jovens cineastas na Bahia e no Rio de Janeiro afinava aquilo que desencadearia um dos movimentos cinematogáficos mais importantes do 3° mundo. O Cinema Novo brasileiro deixou um legado valiosíssimo para o audiovisual latino americano e através da trajetória de seu maior mestre, Glauber Rocha, acompanharemos como a revolução chegou às telas do país.
 
Serviço:  

Centro Cultural SESC Boulevard apresenta: Curso de Crítica Cinematográfica (12 horas/aula). 
Ministrante: Miguel Haoni (APJCC)
De 25 a 27 de outubro (terça a quinta), das 18 às 22 horas no auditório do SESC Boulevard (Boulevard Castilho França, n°522/523)
Informações pelo fone: 3224-5654/5305
INSCRIÇÕES GRATUITAS NO LOCAL
VAGAS LIMITADAS
Realização: CCBEU e APJCC

Jan Svankmajer no dia da animação!


Alice de Jan Svankmajer(1998) é umas das outras leituras sobre a obra de Lewis Carroll, feita pelo Checo, dito surrealista. Há uma Alice que é uma garota real entrando no típico mundo de Svankmeyer.
Essa Alice de carne e osso se transforma em alguns momentos em uma boneca antiga, o coelho atrasado é um coelho real empalhado. O mundo fantasioso de uma casa, com objetos possíveis de se ver no cotidiano, mas, que inseridos nessa atmosfera viram mais que reais, super reais, surreais.
O que se concentra dentro deste filme é um grande trabalho de autor. Além de ter como referencia outra animação que utiliza outra técnica, “Alice no País das Maravilhas” da Disney, e por isso, sendo a animação esta linguagem onde se faz mundos, comemoraremos nesse grande 28 de outubro, dia da animação, com Alice.

Comentários: Luah Sampaio e Luana Beatriz

Serviço:
Dia 28/10 (sexta-feira)
Às 18h30
No cineteatro do CCBEU - Tv. Pe Eutíquio 1309
Entrada franca

Realização Projeto Animar
Apoio: APJCC e CCBEU

18.10.11

Melhores do Ano 2011

A já tradicional lista de melhores do ano da APJCC acaba de ficar pronta. A seleção, feita com base em listas individuais elaboradas por integrantes da associação, compõe a programação de uma mostra a realizar-se nas primeiras semanas de dezembro.











Listas Individuais

Aerton Martins:
1. A Árvore da Vida, de Terrence Mallick.
2. Bravura Indômita, de Joel e Ethan Coen.
3. Super 8, de J. J. Abrams

Cauby Monteiro
1. Cópia Fiel, de Abbas Kiarostami
2. Filme Socialismo, de Jean-Luc Godard
3. Super 8, de J. J. Abrams
4. A Fuga da Mulher Gorila, de Felipe Bragança e Marina Meliande
5. Pânico 4, de Wes Craven
6. Bravura Indômita, de Joel e Ethan Coen
7. O Vencedor, de David O. Russell
8. Cisne Negro, de Darren Aronofsky
9. Serbian Film-Terror sem Limites, de Srdan Spasojevic

Felipe Cruz
1. Cópia Fiel, de Abbas Kiarostami.
2. A Árvore da Vida, de Terrence Mallick.
3. Um Lugar Qualquer, de Sofia Coppola.
4. Bravura Indômita, de Joel e Ethan Coen.
5. Super 8, de J. J. Abrams.
6. Meia-Noite em Paris, de Woody Allen.
7. Pânico 4, de Wes Craven.
8. Film Socilalism, de Jean-Luc Godard.
9. O Mágico, de Sylvain Chomet

Gabriel Gaya
1. Bravura Indômita, de Joel e Ethan Coen
2. O Vencedor, de David O. Russell
3. Cópia Fiel, de Abbas Kiarostami
4. Um Lugar Qualquer, de Sofia Coppola
5. Os Comparsas de Marcio Barradas.

Glenda Marinho
1. Meia-Noite em Paris, de Woody Allen
2. Um Lugar Qualquer, de Sofia Coppola
3. Cópia Fiel, de Abbas Kiarostami
4. Pânico 4, de Wes Craven
5. Kronos, de Rodolfo Mendonça

Guimarães Neto
1. A Árvore da Vida, de Terrence Mallick
2. Melancolia, de Lars Von Trier
3. Cisne Negro, de Darren Aronofsky
4. Bravura Indômita, de Joel e Ethan Coen
5. Meia-noite em Paris, de Woody Allen
6. Um lugar qualquer, de Sofia Coppola
7. O Mágico, de Sylvain Chomet

Juliana Maués
1. Bravura Indômita, de Joel e Ethan Coen e Drive, de Nicholas Winding Refn
2. A Árvore da Vida, de Terrence Mallick e Super 8, de J. J. Abrams
3. Road to Nowhere, de Monte Hellman
4. O Mágico, de Sylvain Chomet
5. X-men Primeira Classe, de Matthew Vaughn
7. O Vencedor, de David O. Russell
8. A Hora do Espanto, de Craig Gillespie

Max Andreone
1. A Árvore da Vida, de Terrence Mallick.
2. Hobo whitg a shotgun, de Jason Eisener.
3. Cisne Negro, de Darren Aronofsky.
4. Red state, de Kevin Smith.
5. Bravura Indômita, de Joel e Ethan Coen.
6. Attack the block, de Joe Cornish.
7. O Vencedor, de David O. Russell

Miguel Haoni
1. A Árvore da Vida, de Terrence Mallick
2. Bravura Indômita, de Joel e Ethan Coen
3. Meia-Noite em Paris, de Woody Allen
4. Um Lugar Qualquer, de Sofia Coppola
5. Kronos, de Rodolfo Mendonça
6. Os Comparsas, de Marcio Barradas
7. À Margem do Xingu - Vozes não consideradas, de Damiá Puig
8. Cisne Negro, de Darren Aronofski e O Vencedor, de David O. Russell
9. O Discurso do Rei, de Tom Hooper

Rodrigo Cruz
1. Cópia Fiel, de Abbas Kiarostami
2. Filme Socialismo, de Jean Luc Godard
3. Tio Boonmee que pode recordar suas vidas passadas, de Apichatpong Weerasethakul
4. A Árvore da Vida, de Terrence Mallick
5. Cisne Negro, de Darren Aronofsky
6. Pânico 4, de Wes Craven
7. Um lugar qualquer, de Sofia Coppola
8. Meia Noite em Paris, de Woody Allen
9. Turnê, de Mathieu Almaric
10. O Mágico, de Sylvain Chomet

Mostra Melhores do Ano - Programação

07/12 (quarta-feira)
15h - Filme Socialismo
18h30 - Pânico 4

08/12 (quinta-feira)
15h - O Vencedor
18h30 - Cisne Negro

09/12 (sexta-feira)
15h - Super 8
18h30 - Meia-noite em Paris

10/12 (sábado)
15h - Um lugar qualquer
18h30 - Cópia Fiel

11/12 (domingo)
15h - Bravura Indômita
18h30 - A Árvore da Vida

Serviço:

APJCC apresenta "Mostra Melhores do Ano"
De 07 a 11 de dezembro (quarta a domingo)
No cine-teatro do CCBEU - Tv. Pe Eutíquio, 1309
Sessões às 15h e às 18h30
Entrada franca

Realização: APJCC e CCBEU
Apoio: Cineclube Amazonas Douro

17.10.11

APJCC ministra mini-curso em Curitiba

Centro Acadêmico Zé do Caixão e Associação Paraense de Jovens Críticos de Cinema apresentam:

Mini-curso de Introdução à Linguagem Cinematográfica (O Estilo no filme de Gênero)

Cinema é a arte das imagens em movimento. Como arte é o canal de expressão de homens e mulheres que concebem o mundo sob um prisma poético. Como imagens é o espelho da humanidade nos últimos 115 anos: suas ilusões, vergonhas, vitórias e medos projetados em 24 quadros por segundo. E como movimento é a música da luz, a montanha russa nas mais impressionantes paisagens do inconsciente.
Tudo isso, porém, quase sempre passa batido na nossa convencional fruição de filmes. A dieta viciada de audiovisual imposta pela indústria massiva de imagens, nos impede de perceber o universo por trás dos "roteiros e atuações".
Poesia em cinema é feita de zoom e travelling; do comportamento da câmera à mise-en-scène; do enquadramento criativo à duração do plano. Em resumo: da forma como se manipula a linguagem cinematográfica.
Nesse sentido, o Centro Acadêmico Zé do Caixão e a APJCC, propõem o Mini-curso de Introdução à Linguagem Cinematográfica (ministrado por Cauby Monteiro e Miguel Haoni*), que com a ajuda da História Contemporânea e da Filosofia da Arte pretende lançar um outro olhar sobre o fenômeno audiovisual artístico.
O curso pretende, através da análise estilística do "Filme de Gênero" observar como diferentes cineastas concebiam a arte em momentos chave de sua evolução histórica.
A partir do debate crítico, leitura de textos e análise do filme "Rastros de Ódio" de John Ford , o curso pretende desvendar de que maneira esta linguagem de imagens é tecida na construção de discursos e sensações, configurando parte fundamental de nossa experiência no mundo contemporâneo.

*Cauby Monteiro 
Idealizador e fundador da Associação Paraense de Jovens Críticos de Cinema e membro do "Cinema em Transformação". Coordenou entre 2008 e 2009, a Sessão Maldita no Cine Líbero Luxardo. Tem uma produtora de filmes independentes chamada Antifilmes produções.


Miguel Haoni
Cineclubista e diretor da APJCC. Coordenou os projetos Cine Uepa, Cinema na Casa e INOVACINE/FAPESPA e atualmente, coordena o Cine CCBEU, o projeto APJCC Debate de intervenção crítica no meio digital e ministra Cursos de História(s) do Cinema na capital paraense.

Serviço:
Centro Acadêmico Zé do Caixão e Associação Paraense de Jovens Críticos de Cinema apresentam: Mini-curso de Introdução à Linguagem Cinematográfica (O Estilo no filme de Gênero)
8 horas/aula
Ministrantes: Cauby Monteiro e Miguel Haoni (APJCC)
dias 3 e 4 de novembro (quinta e sexta)
das 14 às 18 horas
no auditório da FAP (Faculdade de Artes do Paraná) - Rua dos Funcionários, 1357 - Cabral

Informações pelo fone (41) 3250-7313
Investimento: 10 R$
VAGAS LIMITADAS

Realização: Cineclube Zé do Caixão e APJCC
Apoio institucional: FAP e Cinemateca de Curitiba

APJCC na Amazônia Comicon

De 28 a 30 de outubro, acontece, em vários espaços a Amazônia Comicon, evento que tem a proposta de divulgar a promover a arte das histórias em quadrinho no Pará. A APJCC contribui em dois momentos. Nos dias 28 e 29, com a Oficina "Linguagens e Segredos do Cinema aos Quadrinhos", que inclui a exibição do filme "Mirageman". E, no dia 28, às 16h, com a palestra "Quadrinhos e Cinema". Ambas serão ministradas por Aerton Martins.

Obtenha informações sobre inscrição pelos números: (91) 88906669 ou (91) 81522588
Consulte toda a programação na imagem abaixo (clique para ampliar):

15.10.11

APJCC leva cinema paraense a Curitiba

A Associação Paraense de Jovens Críticos de Cinema (APJCC) e a Cinemateca de Curitiba promovem nos dias 29 e 30 de outubro (sábado e domingo) uma ação arte-educativa de cunho cineclubista na capital paranaense O projeto de intercâmbio cultural visa à troca de olhares e experiências na fruição crítica de obras cinematográficas através da 2° Mostra APJCC de Cinema Paraense, na qual diversas produções amazônicas serão exibidas e debatidas.

Além de viabilizar o acesso democrático a um capítulo importante e ignorado do audiovisual artístico nacional, a atividade permite o aprofundamento crítico e reflexivo sobre as funções estéticas e políticas da prática cineclubista. O movimento cineclubista brasileiro é um dos mais expressivos dentro do contexto internacional, seja através das políticas públicas de incentivo e da histórica militância da crítica independente. Entretanto, o problema de comunicação e integração destas práticas é patente, espelho de uma “cultura nacional” centralizada, que desconhece a dimensão da cena no país. Pequenas iniciativas, como o intercâmbio firmado entre APJCC e a Cinemateca, mostram que a possibilidade de trocas de perspectivas é simples e imprescindível para o fortalecimento do cinema e do cineclubismo brasileiro.

2° Mostra APJCC de Cinema Paraense

Curadoria: Miguel Haoni e Cauby Monteiro (Associação Paraense de Jovens Críticos de Cinema)
Período: 29 e 30 de outubro (sábado e domingo)
Às 18 e 20 horas
Local: Cinemateca de Curitiba
Rua Carlos Cavalcanti, 1174 - São Francisco
ENTRADA FRANCA

Informações: (41) 3321-3252 - (41) 3321-3270
Realização: APJCC e Cinemateca de Curitiba
Apoio: Centro Acadêmico Zé do Caixão

A mostra oferece, em três sessões, uma fatia do que de mais interessante se produziu no Estado do Pará nos últimos anos em matéria de cinema.


Programação:

Dia 29/10 (sábado)
18h: Palestra: Cinema e cineclubismo na Amazônia: desafios e perspectivas
20h: Exibição seguida de debate dos curtas:

1. “Açaí com Jabá”, de Alan Rodrigues, Marcos Daibes e Walério Duarte (13 min)
Um duelo entre um paraense e um turista para ver quem consegue tomar mais açaí com jabá. Baseado nesse costume do homem da Amazônia.






2. “Puzzle, de Marcelo Marat (12 min.)
Vídeo baseado no livro de contos do ator, diretor de teatro e escritor Saulo Sisnando: "A idéia da adaptação veio de Brenda Oliveira, atriz de Conto de Sangue, outra produção da Abuso. No projeto original seriam feitos quatro vídeos, mas os inevitáveis problemas durante a produção iniciada em outubro de 2009) me fizeram mudar para um só, com inspiração óbvia nos filmes de David Lynch".

3. “Quero Ser Anjo”, de Marta Nassar: (14 min.)
O filme conta a história de desejo, traição e revolta, tendo como pano de fundo a procissão do Círio de Nazaré, em Belém do Pará, uma das maiores festas religiosas do Brasil e do mundo.

4. “Os Comparsas”, de Marcio Barradas (16 min.)
O cineasta alemão Fritz Lang apresentou, no conjunto de sua obra, uma idéia particular: em determinado momento a realidade sempre consegue ser pior que o pior dos pesadelos. Ele também dizia que num mundo sem Deus, a única forma de atingir o cognitivo das platéias era através da dor física. E esta era sempre resultado da violência.
Inspirado pelos mesmos princípios, o cineasta paraense Marcio Barradas destila este "Os Comparsas", mais novo capítulo de seu "Ciclo mosqueirense", também composto por "A Poeta da Praia", "O Mastro de São Caralho" e "O Filho de Xangô".
Adaptado da história em quadrinhos do alemão Matthias Schultheiss (que por sua vez é a releitura do conto "Os Assassinos" do também alemão Charles Bukowski), "Os Comparsas" encontra suas raízes germânicas ao compor sua plasticidade sobre o conflito luz x sombra, tão caro à vanguarda expressionista dos anos 20.
O protagonista Pedro, por exemplo (interpretado pelo econômico e expressivo Solano Costa), atua como um oficial reformado da República de Weimar. Apesar do deslocamento descompassado, nunca senta de costas para a porta, nem deixa uma dama acender o próprio cigarro em público.
A gratuidade da violência, um dos aspectos mais reais da condição humana, surge no filme como o cruzamento estéril do humor negro na arte exploitation e a vulgaridade das páginas policiais. Tudo alinhado sob o rigoroso olhar da câmera.
Os planos fixos e os cortes rápidos dão a sensação de correr com os olhos as amareladas folhas dos quadrinhos pulp, nos quais o filme se inspira.
Apesar do realizador conduzir praticamente sozinho todo o processo com uma criatividade gritada, o resultado é de um distanciamento claustrofóbico. "Os Comparsas" é um mergulho gelado no mar de sangue, um idílico passeio no inferno.
Na última parte do filme, desenrola-se um tour de force entre a selvageria do crime e a plácida indiferença da casa – esta, um dos principais personagens da narrativa. Aqui os inserts tão comuns no cinema de Barradas atingem um paroxismo quase eisensteiniano: cinema como resultado criativo do choque de imagens.
Marcio Barradas, neste "Os Comparsas", mais uma vez nos relembra o óbvio: na pequena ou grande produção, o cinema só existe quando dá forma a uma visão forte. Fugindo da tecnocracia e do acanhamento, Barradas ousa interessar-se pelo cinema. Por mais absurdo que isso seja.

5. “Matinta”, de Fernando Segtowick (20 min.)
Quem é daqui do mato, tem que ter muito cuidado com o encantado, quem quer ter paz na vida, não se mete com Matinta, mesmo na morte a bicha é perigosa, se responder o chamado dela não tem reza que dê jeito, tá com fardo de virar MATINTA.





Dia 30/10 (domingo):
18h - Exibição do longa “À Margem do Xingu- Vozes Não consideradas” de Damiá Puig (90 min.) seguido de debate.

Em viagem pelo rio Xingu encontramos inúmeras pessoas, moradores de toda uma vida, que serão atingidos pela possível construção da hidrelétrica de Belo Monte. Relatos de ribeirinhos, indígenas, agricultores, habitantes da região de Altamira na Amazônia, assim como especialistas da área compõem parte deste complexo quebra-cabeça. São reflexões sobre o passado obscuro deste polêmico projeto e que elucidam o futuro incerto da região e destas pessoas às margens do Xingu.


Documentário que trata do projeto de construção da Usina Hidroeletrica de Belo Monte que causará grande impacto ambiental destruindo locais de cultura ancestral indígena e dizimando povos tradicionais provocando um grande desequilibrio ambiental de proporções incalculáveis e irreparáveis.

20h - Exibição seguida de debate dos filmes:

1. “Kronos” de Rodolfo Mendonça (2 min.)
Kronos é o Deus-Titã que, assim como o tempo, devora os seus filhos.

2. “Brega S/A”, de Gustavo Godinho e Vlad Cunha (113 min.)
Gravado entre os anos de 2006 e 2009, o documentário Brega S/A fala sobre a cena tecnobrega de Belém do Pará. Feito por artistas pobres, gravado em estúdios de fundo de quintal e com relações profundas com a pirataria e a informalidade, o tecnobrega é a trilha sonora da periferia da cidade, uma espécie de adaptação digital da música romântica dos anos 70 e 80.
No filme, vemos qual a relação entre o tecnobrega e a popularização da tecnologia a partir do final da década de 90, bem como a maneira como esse estilo musical se associou à pirataria para criar uma rede de distribuição alternativa ao modelo proposto pelas grandes gravadoras.
Entre os principais personagens estão o MC de tecnobrega Marcos Maderito, o “Garoto Alucinado”; DJ Maluquinho, uma espécie de Iggy Pop brega da periferia de Belém; e os DJs Dinho, Ellysson e Juninho, ídolos das aparelhagens, enormes sistemas de som que realizam festas itinerantes pelos bairros mais pobres da cidade.

12.10.11

Cine CCBEU apresenta dois documentários franceses

"Sangue das Bestas", de Georges Franju 

Sangue das Bestas: Um dos primeiros exemplos de ultra-realismo. Este filme contrasta a tranquila e apática vida na periferia de Paris do pós guerra com a dura e ensanguentada condição de dentro dos matadouros. Descreve o destino sangrento dos animais abatidos de maneira extrema.
A carnificina é explanada feito um manual de aprendizagem. Os açougueiros, já indiferentes ao martírio dos bichos devido aos anos de prática, são um a um apresentados pelo nome e sobrenome, como campeões de natação a poucos minutos de um torneio olímpico. O jeito como eles reduzem um boi com mais de 200 quilos a pequenos filés é admirado tal qual um gênero artístico à parte. É penoso observar uma fileira de corpos decapitados se debatendo, os nervos ainda vivos, lançando centelhas elétricas às patas, todas frenéticas, enquanto o sangue jorra das fendas provocadas por facões afiados. Mas existe algo de especial nessa plasticidade toda, algo poético, por mais bizarro que isso possa soar. Além disso, a repugnância dos atos retratados faz nossa atenção voltar-se, claro, para a imundície na qual esses estabelecimentos funcionavam (poças de sangue por todos os lados, estômagos e fígados esvaziados entre um gancho e outro, cabeças postas lado a lado no chão, a serem carimbadas e numeradas). A narração abafa o som natural, todavia é possível presumir os gritos e ruídos assustadores que de lá emanavam constantemente. Franju maneja seu objeto de trabalho (a câmera) com a mesma frieza com que seus açougueiros-protagonistas movimentam a faca ou os demais utensílios de extermínio; por fim, a natureza e seus apelos alimentícios são exibidos sem atenuações, tudo em ponto de cru, uma obra de difícil digestão.
 

"Os Mestres Loucos", de Jean Rouch

Os Mestres Loucos: Filmado em apenas um dia, o filme revela as práticas rituais de uma seita religiosa. Os praticantes do culto Haouka, trabalhadores nigerienses reunidos em Accra, se reúnem à ocasião de sua grande cerimônia anual. Na ‘concessão do grande padre Mountbyéba, após uma confissão pública, começa o rito da possessão. Saliva, tremedeiras, respiração ofegante…são os signos da chegada dos ‘espíritos da força’, personificações emblemáticas da dominação colonial : o cabo da polícia, o governador, o doutor, a mulher do capitão, o general, o condutor da locomotiva, etc… A cerimônia atinge seu ápice com o sacrifício de um cão, o qual será devorado pelos possuídos. No dia seguinte, os iniciados retornam às suas atividades cotidianas.




Sobre os filmes:

Os títulos aqui reunidos, além das evidentes intenções em documentar fenômenos desconfortáveis para o tendencioso olhar da "civilização" capitalista, atingem lugares esquecidos do inconsciente e levantam reflexões profundas sobre a poesia latente da realidade filmada.
Radicalizando o ideal clássico de que o Belo artístico confunde-se com o Bom e o Verdadeiro e o ideal barroco que concebe este mesmo Belo a partir da desarmonia, do conflito entre profanação e transcendência, Franju e Rouch abordam os fenômenos ao mesmo tempo com absoluto rigor estético, claras intenções discursivas e também com uma virgindade de olhar que busca incessantemente a eloquência primordial e inerente das próprias imagens.
É precisa antes de tudo olhar, como dizia Jean-Luc Godard.
O mal-estar derivado da violência e imundície destas imagens obriga o espectador portanto a contemplar seus próprios abismos e o frágil alcance de sua confortável hipocrisia.
Recusando qualquer beleza que não provenha do real em sua totalidade, "Sangue das Bestas" e "Os Mestres Loucos" apontam despreocupadamente a nudez do Rei e este reconhecimento ressoa diretamente na guerra de nervos entre o cinema como espetáculo oco para os nossos sentidos e a poesia de imagens livres e libertadoras.

Miguel Haoni (APJCC - 2011)

Serviço:
13 de outubro (quinta)
às 18h30
no cineteatro do CCBEU - Tv. Padre Eutíquio, 1309
ENTRADA FRANCA

Realização: APJCC e CCBEU
Apoio: Cineclube Amazonas Douro

Mais informações:
Comunidade e Perfil no Orkut
E-mail: cineccbeu@gmail.com
Twitter da APJCC
Facebook da APJCC
Fone: (91) 8717-9683

4.10.11

Programação de outubro do Cine CCBEU




13/10 - Dois documentários franceses:
"Sangue das Bestas", de Georges Franju e
"Os Mestres Loucos", de Jean Rouch

27/10 - "O Mistério do n°17" de Alfred Hitchcock

Serviço:
Sessões quinzenais às quintas-feiras
18h30
No Cine-teatro do CCBEU - Tv. Padre Eutíquio, 1309
ENTRADA FRANCA

Cartaz: Max Andreone
Realização: APJCC e CCBEU
Apoio: Cineclube Amazonas Douro

Mais informações:
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Fone: (91) 8717-9683