21.2.12

Cine CCBEU apresenta "Limite", de Mário Peixoto


Em 17 de maio de 1931, no Cinema Capitólio no Rio de Janeiro, acontecia a primeira exibição de Limite, organizada pelo Chaplin Club. Lá teve início um dos maiores mitos da história do cinema mundial, a obra de Mário Peixoto transcendia qualquer expectativa, a ousadia das imagens e suas nuances técnicas estavam muito à frente do cinema feito por outros diretores nacionais de sua época. A complexidade de Limite era algo tão novo que sua exibição comercial foi impossível, as raras exibições que ocorreram sempre em circuito alternativo faziam duvidar se o filme realmente existia, se não fosse pelo mito que como um fantasma percorria a história do cinema nacional, quase nunca visto, mas sempre citado em todas as épocas por seus defensores de renome como: Eisenstein, Scorsese, Orson Welles, Vinícius de Moraes, David Bowie, entre outros.

Mário Peixoto alegava que com Limite ele tentara expor a limitação humana e o tempo como uma ilusão, porém seu filme seria lembrado por revelar a eloqüência poética mais incrível das imagens e por ser uma obra que atravessou o tempo (mesmo pouco vista) e se tornou imortal.

Max Andreone (APJCC - Associação Paraense do Jovens Críticos de Cinema 2012)

Serviço:
1º de Março, quinta-feira, às 18h30
no Cine Teatro do CCBEU - Travessa Padre Eutíquio, 1309
ENTRADA FRANCA

Realização: APJCC e CCBEU
Apoio: Cine GEMPAC

Mais informações:
cineccbeu.blogspot.com
E-mail: cineccbeu@gmail.com
Twitter da APJCC
Facebook

(91) 8421-8071
(91) 8158-1840

13.2.12

Cine CCBEU apresenta "Férias Frustradas de Verão", de Greg Mottola


Uma das declarações que melhor sintetiza o sentido profundo dos grandes filmes foi proferida pelo crítico francês François Truffaut na introdução de sua coletânea clássica "Os Filmes da Minha Vida". No texto, ele só pede de um filme que "expresse ou a satisfação de fazer cinema ou a angústia de fazer cinema". E é exatamente isso que nos mostra "Férias Frustradas de Verão": o registro de um olhar e as esperanças e dores implicadas nisso. Um filme sobre o cinema.
Greg Mottola ("Superbad - É hoje") talvez seja o maior cineasta do clã de Judd Apatow ("Ligeiramente Grávidos") - o grupo que protagoniza a maturidade das comédias adolescentes sujas no cinema americano atual, insuflando num dos gêneros mais desprezíveis uma dose surpreendente de humanidade, poesia e criatividade cinematográfica.
Em "Férias Frustradas de Verão", Mottola constrói seu filme mais pessoal, recontando suas experiências no final dos anos 80 quando trabalhou num parque de diversões naquele que foi o melhor "pior verão de sua vida". Mais do que um relato objetivo, o filme documenta o olhar que o autor direcionava ao mundo. Olhar contaminado de literatura, rock'n roll, sonhos e, acima de tudo, filmes.
Neste sentido a obra é um maravilhoso e profundo mosaico do universo mítico das comédias dos anos 80, de "Te Pego Lá Fora" a "Almôndegas", passando evidentemente pela lírica do maestro John Hugues ("Clube dos Cinco", "Curtindo a Vida Adoidado").
Para Mottola entretanto, mais importante que o monumento é o testamento, a ruptura, o adeus. E é nesta hora que a vitalidade explode no filme.
Mais importante que o sonho é o acordar, olhar para frente, perceber a vida e aceitar fazer parte. Descobrir que para além do romantismo das Sessões da Tarde existe a alegria e o risco de se estar vivo num mundo em que os golpes baixos existem e não podemos nos esconder deles. Num mundo em que a "garota dos seus sonhos" dá lugar  à "mulher da sua vida".

Miguel Haoni (Associação Paraense de Jovens Críticos de Cinema - 2012)

Obs: Esta sessão é dedicada àqueles que escolheram abandonar Adventureland.

Serviço:
16 de fevereiro (quinta) às 18h30
no cineteatro do CCBEU - Tv. Padre Eutíquio, 1309
ENTRADA FRANCA

Realização: APJCC e CCBEU
Apoio: Cine GEMPAC

Mais informações:
Comunidade e Perfil no Orkut
E-mail: cineccbeu@gmail.com
Twitter da APJCC
Facebook da APJCC
Fone:: 8717-9683

3.2.12

Cine CCBEU SESSÃO ESPECIAL: "Vale dos Lamentos" (Homenagem a Theo Angelopoulos)


Theo Angelopoulos, o diretor da eternidade, morreu. Mas, é claro, nunca morrerá. Sua obra ultrapassa seu país, seu continente, seu próprio criador - alcança o que chamamos Perene.
Vale dos Lamentos, trata de um sofrimento ancestral e incontornável; em cada longo plano-sequência de Angelopoulos reconhecemos a história da humanidade, que nada mais é do que a história de todos nós. Neste vale formado pelas lágrimas de Eleni (que é todas as mulheres obrigadas a esperar) e pelo sangue de sua família (que é o sangue de todos aqueles que perdemos pelo caminho) testemunhamos um artista que só pode ser divino de tão humano.
Infelizmente perdemos Theo Angelopoulos, para ele sempre seria cedo demais.

Felipe Cruz (Associação Paraense de Jovens Críticos de Cinema - 2012)


Serviço:
9 de fevereiro (quinta) às 18h30
no cineteatro do CCBEU (Padre Eutíquio, 1309)
ENTRADA FRANCA

Realização: APJCC e CCBEU
Mais informações:
Comunidade e Perfil no Orkut
E-mail: cineccbeu@gmail.com
Twitter da APJCC
Facebook da APJCC
Fone:: 8717-9683

Dissimulação para amar


Em "Cópia Fiel", do cineasta iraniano Abbas Kiarostami, a abertura sustenta a mesma piada quase que simultaneamente. Enquanto espera pelo autor James Miller para uma palestra, seu tradutor pede desculpas pelo atraso do escritor e diz que “ele não pode culpar o tráfego, pois está no andar de cima do hotel”. O público inquieto troca olhares, silêncio, e logo após, James entra na sala e lança a mesma brincadeira. Só que agora os convidados soltam gargalhadas. Dentro dos instantes iniciais do filme, Kiarostami já prepara o espectador para o sustento de sua valiosa armadura; a cópia pode se tornar tão forte quanto a original. A questão do filme é definida por James em plano médio, por trás de uma mesa de leitura.  O escritor é inglês e está na Itália para lançar seu livro que questiona a autenticidade. Um encontro. Uma informação no papel. O encontro está armado.  Ela é dona de uma galeria de antiguidades. Não existem obras originais na arte e na vida.  Este é o argumento principal em "Cópia Fiel".  Expõe, em seu monumental jogo, uma série de preocupações.  Relações entre homem-mulher, presença e ausência, realidade e representação. O casal ao longo de um dia conhece as  múltiplas e transversais camadas de um relacionamento. Em uma cena indispensável, o escritor sai de quadro para atender a um telefonema, uma garçonete  interfe na vida do casal: “ele deve ser um bom marido”. A mudança na direção da narrativa e das personagens dentro das personagens é segurada pelo frontalidade dos planos. Em poucos segundos, de desconhecidos passam para casais íntimos e que se conhecem há muito tempo. Pela primeira vez, os dois enfrentam a câmera de frente, a intimidade desarma qualquer espectador, os dois explodem em gestos negativos e troca de insultos que se prolongam na saída do bar. A narrativa é estabelecida com uma mise en scène rica em labirintos – o diretor não nos permite “olhar” para o enquadramento em sua totalidade, anula a profundidade e a periferia do quadro fílmico. Uma espécie de tédio latente se instaura nas bordas que cercam o casal.  "Cópia Fiel" sugere a catarse das sensações, dos lamentos, da realidade.  Versa sobre o amor. Sentimento dos mais decantados que a arte e a humanidade adoram explorar. Somos as personagens no momento da desconexão do que se passa na tela. A dissimulação para amar, seja um ser humano, a vida ou a arte, é o que faz sermos mais fiéis às nossas escolhas.

Aerton Martins (APJCC - 2012)

1.2.12

Inscrições abertas para curso de cinema e cineclubismo

 
A Associação Paraense de Jovens Críticos de Cinema, em parceria com a Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos, promove entre os dias 6 e 10 de fevereiro (segunda a sexta), das 14 às 18 horas, o Curso de Cinema e Cineclubismo, ministrado por Miguel Haoni com carga horária máxima de 20 horas.
O curso pretende através de uma oficina de formação cineclubista e duas unidades de teoria cinematográfica (o Cinema Clássico de John Ford e o Cinema Moderno de Federico Fellini) municiar os participantes para o desenvolvimento de ações arte-educativas de crítica e cineclubismo.
Compreendido como uma atividade regular e gratuita de exibição e discussão de filmes, o cineclube é espaço privilegiado para o desenvolvimento do pensamento cinematográfico através da colaboração democrática no processo de construção do conhecimento, além de propiciar um passeio crítico sobre a produção local, nacional e internacional.
Neste sentido, o curso aqui apresentado pretende-se um incentivador para o surgimento de novos e diferentes cineclubistas (componentes vitais do cineclube). Qual o projeto pedagógico da curadoria do cineclube? Como manipular os mecanismos de divulgação das sessões? Como sustentar o debate presencial e virtual após as exibições? Tais questões serão linhas-mestras que o curso pretende traçar.
As unidades teóricas partem de sessões cineclubistas (exibição e debate sobre os filmes "Rastros de Ódio" e "Fellini 8 e meio") para exercícios de olhar em que as noções de estilo e escrita fílmica regulam a inserção de dois cineastas-mestres, e seus respectivos universos líricos, em diferentes cânones historiograficos.
As inscrições para o Curso de Cinema e Cineclubismo podem ser feitas pelo telefone 8717-9683 e o investimento é de R$50,00.


Sobre as unidades:

Unidade Um
Oficina de formação cineclubista
Um passo-a-passo introdutório nos vários meandros da prática cineclubista (projeto pedagógico, programação, divulgação, produção e registro), a oficina pretende incentivar os participantes a transformar suas cinefilias numa ação educativa multiplicadora, além de oferecer ferramentas para os iniciados no cineclubismo potencializarem suas atividades.

Unidade Dois
Fazendo westerns: o Cinema Clássico em John Ford
Ao mesmo tempo direto e carregado de subtextos, o cinema do americano John Ford é um monumento à complexidade das emoções, aos conflitos essenciais e, sobretudo, ao poder expressivo das imagens. A aparente simplicidade de suas narrativas e personagens esconde um dos mais fascinantes universos poéticos e a parcimônia do estilo é um convite permanente à descoberta do que de mais humano o cinema de gênero produziu.

Unidade Três
Um brinquedo maravilhoso: o Cinema Moderno em Federico Fellini
Transformando seus traumas e obsessões em espetáculos circenses, o italiano Federico Fellini foi um dos maiores autores da história do cinema. Numa radicalização do barroco audiovisual, Fellini fundou suas alegorias nos dilaceramentos da vida. Sua fauna de rostos mudos e cenários histéricos é palco para gigantescas mulheres-bebê e frágeis machos num dos retratos mais perturbadores e sinceros da condição humana.

Serviço:
Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos apresenta: Curso de Cinema e Cineclubismo (20 horas/aula)
Ministrante: Miguel Haoni (APJCC)
De 6 a 10 de fevereiro (segunda a sexta), das 14 às 18 horas no auditório do SDDH (Av. Govenador José Malcher, 1381, Bairro Nazaré )
Informações e inscrições pelo fone: 8717-9683
Investimento: R$ 50,00
VAGAS LIMITADAS

Realização: SDDH e APJCC
Apoio: Cineclube Amazonas Douro