Uma noite dedicada aos vivos
O dia dos finados não é apenas o dia dos mortos. É também o dia dos que se recusam a se deixar morrer/matar. É dia de resistência. É dia de guerrilha. Guerrilha cultural. Para ocupar os espaços abertos pelas sombras de uma cidade desacordada, onde estranhas criaturas, mortas-vivas, vagam, sonâmbulas/sorumbáticas, silenciosas, em pânico.
O dia dos finados é o dia dos gritos. Dos grunhidos. Dos sussurros. Dos uivos.
O dia dos finados é para quem se quer manter acordado. Para despertar as pessoas de seu eterno sono profundo. É dia de pesadelos. Dia de entrar nas trevas e vê-las como elas são. Dia de olhar a vida como ela. Há que ver as coisas como coisas e seres como seres, filosofais, trágicos, além de seus dramas pessoais.
O dia dos finados é um dia épico. Dia de poetas. Um dia que trans/ins-pira poesia. Dia de símbolos/imagens que se espraiam como a noite na mansão dos mortos. Porque os mortos estão vivos, mais vivos que os vivos que ainda vivem a vida como mortos.
O dia dos finados invoca tanto mortos quanto vivos.
E se teus olhos insistem em ficar abertos, se nãos dormes não por teres insônia mas por ficares permanentemente de vigília, vem ter conosco uma noite inesquecível.
Poetas, músicos, artistas, camelôs, feirantes, jovens, estudantes, professores, aposentados, donas de casa, todos e tantos outros excluídos esperam por ti.
Dia dos finados, uma noite dedicada aos vivos.
Texto: Francisco Weyl
Programa
Dia 2 de novembro de 2009 - 20 horas
Praça Tancredo Neves - Marambaia
Projeção dos filmes: Caligari / Necronomicon / A cela - de Marcelo Marat
Leitura de poemas – antes, durante e depois da projeção - com os poetas Caeté, Marcelo Sebastian, Carlos Pará, Francisco Weyl, Clei de Souza, Cuité, Buscapé Blues, além de leituras de trechos de Baudelaire e Lautreamont.
Debate sobre A morte do cinema na Amazônia
Realização
Movimento Cultural da Marambaia - MOCULMA
Apoio
Cineclube Amazonas Douro
Associação Paraense de Jovens Críticos de Cinema (APJCC)
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