15.10.09
INOVACINE lota “Ná Figueredo”
O espaço cultural Ná Figueredo foi pequeno para o quem assistiu ao filme “Serra pelada – esperança não é sonho”, da paraense Priscilla Brasil. A seguir a projeção, que começou às 18h30min, a realizadora enfrentou uma bateria de perguntas do público jovem que tem acompanhado o INOVACINE. E as questões sociais que envolvem o garimpo de Serra Pelada tornaram-se o centro dos debates, que, aliás, caracterizam as atividades cineclubistas, mas a estética, entretanto, não ficou de fora.
Arquiteta com pós-graduação em marketing e negócios do audiovisual, Priscila Brasil tem 31 anos, iniciou sua carreira em 2004 e desponta na cena cinematográfica paraense como diretora de documentários.
No debate após a sessão, a realizadora disse que o garimpo sempre fez parte de sua vida, desde quando adolescente, até que decidiu filmar Serra Pelada, onde a princípio se sentiu amarrada a um roteiro, mas que, admitiu, aquela realidade transformou a sua perspectiva, pelo que ela abriu mão de uma rota de entrevistas, colocando-se, enquanto realizadora, em confronto com o próprio fazer cinematográfico, motivo pelo qual ela considera o seu filme uma narrativa de conflitos: conflito pessoal, conflito ético, conflito entre garimpeiros e Vale, conflito de informações sobre este problema social.
Priscilla Brasil, que também é realizadora do doc “As Filhas da Chiquita” e fez produção executiva para o “Brega S/A” disse que aposta no acaso, motivo pelo qual ela afirma não ter respostas para o que acontece no garimpo. Humilde, ela diz que a leitura narrativa de seu filme é subjetiva e não pretende encontrar respostas, mas indagações. E uma destas indagações refere-se à própria ética humana do artista, quando este se abandona para imergir em sua obra. No caso particular de Priscila Brasil, uma gravidez de cinco meses
O diretor da Associação Paraense dos Jovens Críticos de Cinema (APJCC), Mateus Moura, avalia que os debates tem sido positivos. Moura, que também é um dos curadores do INOVACINE, diz que a Fapespa faz a coisa certa ao investir neste projeto, que, segundo ele, abre uma nova janela ao cinema paraense e nacional - no gênero documental. Na opinião dele, o INOVACINE marca um diferencial na cena cineclubista na medida em que coloca realizadores e produtores locais em contato direto com o público da terra.
“O fato é que o cinema paraense há muito reivindica o seu espaço nos circuitos cineclubistas que estão a se espalhar na cidade, tanto em instituições, organizações não-governamentais, quanto na rua, portanto, havia uma lacuna que precisava ser ocupada, e a Fapespa, junto com a APJCC e o Ná Figueredo, soube perceber isso na hora certa, respondendo também a uma aspiração do público, motivo pelo qual as sessões estão a se tornar um sucesso, seja pela presença cada vez maior da comunidade nas sessões, seja pela qualidade dos conteúdos que emergem nos debates que realizamos logo após as sessões”, afirma.
Os debates que são realizados após as sessões do INOVACINE estão sendo gravados pelo Gabinete de Comunicação e Imagem da Fapespa. O objetivo é digitalizar todos os comentários e intervenções, disponibilizá-los no site da Fundação e, dentro de um ano, organizá-los em um livro, que trará também entrevistas com realizadores paraenses que estão participando deste projeto, além de fotografias de registro das sessões. De acordo com o coordenador de comunicação da Fundação, Francisco Weyl, “o livro será lançado em um seminário, quiçá, com o anúncio de uma bolsa de pesquisa em cinema, por exemplo, na Escola de Cuba”, projeta.
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FONTE: Ascom / Fapespa
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