15.8.10

APJCC exibe "O Hospedeiro" em homenagem aos pais

Coisas de Cinema apresenta:

O Hospedeiro, de Bong Joon-Ho - Homenagem aos pais



O cinema sul-coreano despeja vitalidade e beleza em suas últimas obras. Uma nova geração de cineastas preocupa-se em exorcizar a esterilidade cinematográfica que acomete alguns países. O diretor Bong Joon-ho é um dos bravos da Coréia e com o belíssimo "Memorias de Um Assassino", mostrou ao mundo sua habilidade com a câmera. Em "O Hospedeiro" temos um belo filme de gênero que, se porventura, carrega algum viés político, este é apenas retido e sentido na periferia da trama, com o dispositivo da mise-en-scene que o diretor habilidosamente se encarrega de cravar em cada fotograma da obra. Algumas convenções são destruídas em segundos; o protagonista/herói do filme nos é apresentado dormindo, babando - é mais cuidado pela filha do que cuida. A obra vai girar sua roleta na família do herói, uma família torta, que procura ir atrás da menina que foi sequestrada pelo monstro. "O Hospedeiro" é um dos filmes da década e exala vigor cinematográfico, obra que a APJCC escolheu para homenagear os pais e será exibida no Coisas de Cinema.

Aerton Martins (APJCC - 2010) 


"O Hospedeiro" é um filme complexo, que se expressa em várias camadas. Num plano superficial a aventura da família Park no resgate da pequena Hyun-seo é narrada utilizando as melhores técnicas possíveis para o nosso tempo: direção precisa, trilha envolvente, grandes atuações, efeitos impecáveis...é o filme que definitivamente coloca o cinema oriental contemporâneo como herdeiro direto e legítimo da Hollywood de ouro dos anos 40 e 50.
Num plano intermediário, é a obra que melhor expressa a sensibilidade e o talento do jovem Bong Joon-Ho. O domínio da mise-en-scéne e da construção das atmosferas de horror e humor são o passo definitivo na afirmaçãom estética dos filmes de gênero de grande orçamento - coisa que passa longe dos trabalhos de Camerons, Jacksons e blockbusters do outro lado do Pacífico.
Num plano profundo (e é isto que nos interessa), "O Hospedeiro" é a alegoria mitológica da paternidade. Neste ponto o filme transcende a própria narrativa e mergulha na experiência do amadurecimento através de traumáticos ritos de passagem.
Obviamente Bong mistura tudo isto e muito mais numa obra cinematográfica completa que representa como nenhuma outra, a grandiosidade do homem e do cinema sul-coreano. E é esta obra-prima que o cineclube Coisas de Cinema oferece em homenagem aos pais - sujeitos cuja tenacidade e amor os elevam à categoria de heróis.

Miguel Haoni (APJCC - 2010) 


Serviço:

Data: 18 de agosto (quarta-feira) às 19h30
Local: Espaço Cultural Coisas de Negro – Av. Lopo de Castro (antiga Cristovão Colombo), 1081/ Icoaraci
Realização: Associação Paraense de Jovens Críticos de Cinema (APJCC) e Espaço Cultural Coisas de Negro
ENTRADA FRANCA

2 comentários:

Arthur disse...

Haoni, queria fazer uma pergunta depois da exibição do filme, mas tinha que pegar carona com um amigo, eu tava atrasado pra uma bola. Comentastes que, no fim, a cena em que desligam a tv, não importava a que conclusão chegaram sobre o vírus ou o mosntro, ou situação política, mas sim o momento em que desfrutavam do jantar. Isso me fez lembrar que horas antes, vendo a filmogrfia de Bong Joon-ho, observei que esta em desenvolvimento "The Host 2". Não acredito que seria necessidade de explicar alguma coisa. Seria então uma "homenagem" aos filmes de série como "Sexta Feira 13", "A Hora do Pesadelo", etc?

Miguel Haoni disse...

Pode crer... essa leitura cabe perfeitamente. O filme termina com o final aberto típico para as continuações.
O grande charme desse filme e de outros como "Rastros de Ódio", "Peeping Tom", "Fellini oito e meio" é a infinita possibilidade de interpretações. A minha defesa foi especificamente sobre o aspecto do mito da paternidade, não significa que seja a única.