6.7.08

John Hughes (EUA, 1950-2009)


Clube dos Cinco (Breakfast Club, 1985)*

Por Miguel Haoni:

Poucos artistas conseguiram enxergar dentro da alma dos jovens como o americano John Hugues. Suas obras eram tratados líricos sobre a liberdade, o amor e a masturbação; sobre o eterno conflito entre pais e filhos; sobre a descoberta da vida no coração oprimido dos lares e escolas americanos.
Tamanha era a ressonância do seu trabalho que seus filmes eram aguardados e devorados como um disco novo da banda preferida por milhões de jovens pelo mundo.

O lugar de Hughes na indústria cinematográfica é inquestionável. Mas mais importante que isso é o seu papel para a arte: seus filmes revelam o trabalho de um cineasta rigoroso, sensível e extremamente apaixonado pelas imagens que captura.

O maior exemplo dessa inventividade está no clássico "Clube dos Cinco", no qual o confinamento espaço-temporal representa a ampliação dos potenciais imagéticos da obra, como no cinema de Sidney Lumet.

O drama e a aventura dos cinco jovens na detenção tem tanta humanidade em cada fotograma que é impossível não se assombrar com a sua grandeza.

*publicado originalmente em julho de 2010.

 
Curtindo a Vida Adoidado (Ferris Bueller's Day Off, 1986)*

Por Felipe Cruz:

John Hughes era um homem apaixonado pela liberdade. Era também um homem radical: para ele a verdadeira liberdade só era possível na juventude, afinal "quando você envelhece seu coração morre". Curtindo a Vida Adoidado é mais que um clássico de sessão da tarde, é mais do que um filme divertido com aquela música bacana dos Beatles na trilha sonora. O dia em que Ferris Bueller mata aula é o grito de um artista que tinha uma mente fervilhante e sabia traduzir tanta ânsia de ser livre em imagens tão lindas e inesquecíveis que são capazes de ressuscitar até o mais morto dos corações.

Por Mateus Moura:

“SAVE FERRIS!”. Qual adolescente nascido nos 80 não pichou sua carteira escolar com os dizeres libertários? Só quem não assistia a sessão da tarde! (Quem não assistia sessão da tarde?). Ao som de Twist and shout a gente pulava, gritava, sorria, se emocionava, se encantava...E depois que crescemos? Quando envelhecemos o nosso coração morre mesmo?
O medo de rever o clássico que trouxe tantas alegrias no passado era o de transformar um sentimento nostálgico num prazer culpado (guilty pleasure). Seria enfim o sepultamento da inocência? Rever “Curtindo a vida adoidado” seria enfim descobrir que o prazer que sentimos se devia à empolgação da época e não à qualidade do filme?
Milagrosamente, descobrimos outro filme! Não o filme dublado entre intervalos e em full screen que vimos na nossa tv, mas um filme que em si – por exemplo - é uma ode ao cinemascope! Os personagens – todos – mais que encantadores se revelaram símbolos de uma era; sem falar no ritmo, nas cores, na mise-en-scene, na decupagem... enfim, nos vimos obrigado a mudar de slogan: “SAVE HUGHES” – as carteiras da UEPa que nos perdoem...
Revendo a obra de John Hughes descobrimos que, além de ser um dos maiores cineastas de todos os tempos (sendo o maior no gênero que abraçou), este homem sensível e extremamente corajoso, nos legou uma obra-prima sobre a arte de amar a liberdade, que merece ser respeitada como tal. Vos convoco crianças, adolescentes e adultos: não percam seu tempo enfurnados nas salas aprendendo a obedecer para mandar mais tarde... venham assistir “Ferris Bueller’s Day Off”... pois as grandes obras de arte do nosso século não se encontram mais nos museus, mas nos cineclubes.
SAVE HUGHES! Descanse em paz (ou como quiser).


*publicados originalmente em setembro de 2009

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