18.7.08

Cine UEPa discute arte maldita no Enel

1. Cine UEPa no Enel: Diálogos sobre a arte maldita


       O cinema nasce, no fim do século XIX, como parte do espetáculo de variedades. Junto com as focas amestradas e o homem-bala, a máquina de imagens divertia o público faminto por entretenimento. O tempo passou, e mestres como Meliès, Griffith, Hitchcock, Godard e Sokúrov retiram o cinema das feiras e o instituíram como linguagem artística autônoma. Mais de um século de produção, porém, não foi suficiente para que o público consumidor da sétima arte deixasse de vê-la como mero entretenimento.
       O cinema é uma arte maldita. Alguns defendem até mesmo que ele não é arte. Os poucos indivíduos que o respeitam, porém, ainda esbarram em sérios mal-entendidos. Na sua defesa do “filme de arte” acabam discriminando tudo o que, a princípio, ofende o seu “bom gosto”. Mais preocupados em enxergar a arte cinematográfica como transmissora de boas idéias e nobres sentimentos acabam por ignorar um cinema que, na sua educada visão, é lido como superficial: o cinema do gênero.
       Preocupado com esta realidade, o Cine UEPa abre o debate sobre o assunto e apresenta três títulos do mais desprezado gênero cinematográfico: o Horror. “Profondo Rosso”, “The Beyond”, “Canibal Holocaust” são filmes de entretenimento, com litros de sangue, assassinos seriais, zumbis e canibalismo, mas são acima de tudo extraordinárias homenagens de amor ao cinema.

Miguel Haoni e Mateus Moura




Programação:


Dia 20 (Domingo) às 19:00 - Profondo Rosso (1975) de Dario Argento




       Um pianista elogia a banda com a qual toca, a sonoridade é muito boa. Boa demais. Limpa demais. Ele sente falta do sujo, ele se cansa do extremamente formal. Esta cena nos elucida algo sobre o pensamento do diretor italiano Dario Argento, sobre seu interesse pelo violento, pelo repulsivo e, principalmente, sobre sua capacidade de criar o belo a partir do aterrador.
       Afinal, PROFONDO ROSSO é um dos filmes mais belos da história do cinema. Beleza do horror, poema das coisas sombrias e da crueldade arraigada na mente humana. O belo que há no brutal e no incontrolável.
       O mundo de Dario Argento é outro, onde o psicológico se expressa através de objetos representativos das psiquês doentias pelas quais a obra desse autor tem especial interesse. Somos Alice no imaginário desse gênio, que em seu aparente absurdo vai se tornando cada vez mais fascinante.


Felipe Cruz


 


Dia 21 (segunda-feira) às 19:00 - The Beyond (1981) de Lucio Fulci



 


       Lucio Fulci é um dos maiores gênios da sétima arte. Louvado por muitos como o “Edgar Allan Poe do cinema”, “Godfather do gore”, o italiano, foi, por muito tempo desprezado por crítica e público, enquanto Federico Fellini e Luchino Visconti o aplaudiam de pé nos cinemas.
       Em 1981, Fulci entrega a sua obra máxima: The Beyond. Filme apresentado em formato anamórfico (primorosamente utilizado com jogos de foco que são verdadeiras aulas de cinema), com história de Dardano Sacchetti, e atuações de Catriona MacColl, David Warbeck e Cinzia Monreale, é cultuado no mundo todo por especialistas como uma das obras primas do fantástico em toda a história da arte.
       O poema visual que o diretor constrói é embaraçoso para qualquer crítico. Inefável é a palavra que melhor o descreve. Em 87 minutos, Lucio Fulci nos convida para o outro lado: o seu. O poema nervoso e calmo, belo e triste, nos comunica, através de nossa contemplação muda, todo o ser de um artista, toda uma reflexão sobre seu objeto de expressão. A reflexão vai tão longe que não pode mais ser dito com palavras, explicado racionalmente. É o próprio ser do grande artista que se imprime em cada plano. É o amor – e nada mais – o amor à sua obra de arte, e à sua ferramenta de expressão.

Mateus Moura


 


Dia 23 (quarta-feira) às 16:30 - Canibal Holocaust (1980) de Ruggero Deodato


 


 


O polêmico filme de Ruggero Deodato aborda a tênue relação entre o real e o fictício. Numa ciranda de encenações, o autor explora os limites da linguagem cinematográfica ao abordar o documentário enquanto lugar de representação.
Na era da imagem, Cannibal Hollocaust põe em questão o lugar do espectador no rito cinematográfico: qual a diferença entre o canibal e o homem que se regozija ao devorar imagens grotescas? Quem é o selvagem? Qual o limite entre a civilização e a barbárie? Ao jogar com estas fronteiras, o diretor nos apresenta um filme violento, inteligente e acima de tudo corajoso.

Miguel Haoni





Local:  UFPa/Guamá


 


Entrada franca! Todos são convidados!


 


2. Cinema na Casa: Ciclo Samuel Fuller



22/07/08 (terça-feira) às 18:30
Auditório da Casa da Linguagem (av. Nazaré, 31)




Agonia e Glória. Dir. Samuel Fuller. Eua. 1980. 113min.





Um sargento veterano da primeira guerra comanda um pelotão na segunda guerra pela África, Sicilia, no dia D, na Bélgica e na França, mas seu grupo termina num campo de concentração na Tchecoslováquia e enfrenta os verdadeiros horrores da guerra.

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