11.7.08

Brad Bird (EUA, 1957-)

Ratatouille (2007)

Por Felipe Cruz*

Se a Literatura nasce da escrita que tinha a finalidade de registrar a fala e a Pintura nasce do desenho rupestre que registrava o cotidiano dos homens em rochas, a linguagem da Pixar tem sua raiz em um aparelho que foi criado para armazenar dados na II Guerra Mundial: o computador. Não fosse o artista, o computador continuaria sendo um frio armazenador de dados – fica provado, assim, que é impossível prever de onde virá a arte; e é justamente esse o tema da obra-prima Ratatouille.
Um dos mais belos poemas ao processo artístico, de sua criação até sua apreciação; uma das mais brilhantes reflexões sobre o que diferencia a arte da produção em série, Ratatouille encontra nas mãos do artista Brad Bird a possibilidade de (através da narrativa de um ratinho simpático que tem paixão pela arte da culinária, mas que por ser rato terá problemas em se tornar um chef), tecer diante de nossos olhos emocionados um dos mais cativantes contos sobre o amor à arte e todas as possibilidades e sensações que ela desperta nos seres que se permitem ser suscetíveis a ela. E para concretizar essa narrativa Bird usa de todo o potencial de sua linguagem: planos-sequência inconcebíveis no cinema, um zoom que se aproxima tanto do personagem que enxerga sua lembrança e um retrato dos mais belos já realizados da cidade de Paris – recriada aqui não para ser “fiel” a “original”, mas para ter o efeito narrativo de ser tão poética que é difícil imaginar que a história pudesse se dar em outro lugar com a mesma atmosfera de encanto.
Se quem está lendo esse texto está pensando que Ratatouille é um daqueles “filmes” para criança que é tão bom que diverte até os adultos, me desculpe, mas você não poderia estar mais enganado. Ratatouille é um daquelas animações (feita, sim, para o público infantil) que é tão boa que cativa o público capaz de apreciá-lo em sua essência: os amantes de grandes filmes que também entendem e respeitam as grandes animações.
O grande chef Gusteau estava certo ao dizer ao ratinho Rémy que “todos podem cozinhar” – porque isso não quer dizer que qualquer pessoa é naturalmente artista, mas que a arte pode vir de qualquer lugar; nem que seja do mais insignificante rato.

*publicado originalmente em junho de 2009

Por Mateus Moura*

No filme de Brad Bird, uma animação lançada pela Pixar/Disney em 2007 chamada Ratatouille , um ratinho de nome Remy, descobre – através do grande Chef Gusteau – que qualquer um pode cozinhar, não importando a classe social, a escolaridade, o tamanho ou a espécie. Nas suas aventuras em busca de novos pratos vemos o prazer do pequeno rato em criar o novo; seu irmão, o grande glutão Emile, convencionou que o alimento é pra saciar a fome, nada mais. Numa brilhante cena – só possível na linguagem da animação – o diretor nos emociona com um Remy que tenta a todo custo explicar ao seu irmão insensível à sua arte e a sensação da contemplação de uma degustação, da beleza na mistura de aromas e sabores, da poesia que a criação pode atingir no objeto comestível. A culinária é a arte que encanta o rato, e o alimento é a matéria-prima que ele utiliza para as suas criações.

*publicado originalmente em junho de 2009

Por Felipe Cruz*

O que é a arte? O que é o artista? O que torna a expressão artística algo capaz de produzir tanta fascinação naqueles que se entregam a sua apreciação?
Essas são perguntas que atravessaram os séculos da história humana e para as quais, felizmente, nunca encontramos respostas – nos restando sempre o prazer inestimável da pergunta; e uma das mais belas perguntas já postuladas a respeito do que vem a ser a arte e o que vem a fazer um verdadeiro artista é a animação Ratatouille, de Brad Bird.
Refletindo a respeito da afirmação do chef Gusteau de que “qualquer um pode cozinhar”, esta obra-prima dos estúdios Pixar é um hino de amor à arte e à possibilidade sempre renovadora que ela possui de surgir nos mais improváveis lugares.

*publicado originalmente em julho de 2010

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