Por Aerton Martins (APJCC - 2010)
A melhor coisa que o diretor Oliver Stone fez em sua carreira foi co-assinar o roteiro de “O Ano do Dragão”, filme do genial cineasta Michael Cimino. O cineasta lutou no front com outros jovens, na chamada Nova Hollywood. Ver as personagens de Cimino em seu quadro vibrante e “bizarro” é sentir o perfume selvagem da arte. Quando Cecil B DeMille se instalou em Hollywood lá atrás, ele não imaginaria que mais tarde jovens amalucados empunhariam o cinema com tanto ardor. Michael Cimino foi um desses malucos, um rapaz que sabia o que estava fazendo. Cimino queria esfregar na cara do espectador que cinema é arte de captar com verdade o sofrimento, o vazio, o amor. Fazer cinema é modular o quadro com imagens impregnadas de vida. Em “O Ano do Dragão”, de 1985, sentimos esse frenesi de corpos, de imagens latentes, um balé imagético preciso e encorpado, talvez o último suspiro do que foi a Nova Hollywood estava na alma de Cimino. A obra-prima “O Ano do Dragão” exibe uma lealdade que poucos realizadores conseguiram alcançar. Michael Cimino é a resposta que a sétima-arte queria, um cineasta que seduz, que conseguiu extrair de uma fria máquina de captar movimentos um belíssimo e sólido campo de emoções.
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