29.3.08

Cine UEPa com Wong Kar-wai e Maldita com Fulci

A APJCC promete aos cinéfilos paraenses o maior mês de abril da história da exibição cinematográfica em Belém. Eis a programação:


 


Cine UEPa, para o mês de abril, apresenta:


                                         
       O crítico Ricardo Kalil é imperativo: "o que seria do amor sem as músicas românticas? O mesmo que o cinema contemporâneo sem Wong Kar Wai". Esta forte afirmação poderá ser confirmada no mês de abril , quando o Cine UEPa convida o público a descobrir o cinema deste diretor chinês.
       Seguindo a premissa de Antonioni , Kar Wai nos apresenta um universo em que a incomunicabilidade dos sentimentos e o desejo reprimido, impregnam cada movimento e curva dos protagonistas. A câmera de Wong Kar Wai é um prolongamento da ponta de seus dedos: acaricia a imagem sutilmente, revelando detalhes íntimos de sua beleza sufocante.
       A estética kitsch e a atmosfera de lassidão deitam juntas em um não-lugar na geografia dos sentimentos, onde Hong Kong vira palco para tangos e boleros.
       No fim, a verdade expressa por Kar Wai / Mr. Chow nos envolve em um balé de mãos e tecidos no qual nossas próprias sensações dão a tinta para a composição do quadro

Miguel Haoni


 


O primeiro filme é na próxima sexta (04/04) às 18:30 no auditório da reitoria no CCSE da UEPa.


                                    


Casal chinês tenta seguir em frente após uma turbulenta separação em Buenos Aires.
Com grande influência da Nouvelle Vague francesa, Wong Kar Wai retrata de maneira fiel os desencontros e conflitos de um casal em fim de relacionamento, neste que, de longe, é o mais belo filme de temática homossexual.


 


Sinopse: Miguel Haoni  Cartaz e logo: Max Andreone


 


&


 


CINE LÍBERO LUXARDO DO CENTUR APRESENTA

SESSÃO MALDITA, 05 DE ABRIL, SÁBADO, ÀS 21:30 H.
CURADORIA: APJCC


THE BEYOND. DIREÇÃO: LUCIO FULCI. ITA. 1980. 89 MIN. COR.


                                          


Herdeira de hotel na Louisianna reabre seu prédio que esconde um terrível segredo: é uma das sete portas do inferno - que havia sido profetizada por pintor herético- e que libertará os mortos-vivos que pretendem dominar a terra e dar fim à humanidade. Obra prima do cinema fantástico italiano. Graças a Quentin Tarantino e Sage Stallone, a obra de Fulci foi restaurada e exibida nos cinemas há pouco tempo, dando a oportunidade das pessoas conhecerem um dos maiores nomes do cinema.


 


                                      


 


Lucio Fulci: ‘O Gore Sofisticado’

       Foi na Itália de Fellini e Visconti que surgiu um dos maiores nomes da história do cinema: Lucio Fulci, que começou realizando comédias pueris, depois westerns, até chegar ao gênero que o tornou um dos mais brilhantes realizadores : o Horror. Lucio Fulci nasceu em 17 de junho de 1927 e morreu em 13 de março de 1996. Seus enquadramentos precisos e sofisticados, com cenas repulsivas e sangrentas, mostradas com riqueza de detalhes deram-lhe a denominação de "Godfather of Gore". Quando se fala em filmes de terror, sobretudo alguns títulos realizados no cinema americano, especialmente na década de 80, pouco se vê uma preocupação estética, seus filmes ,porém, estabelecem uma relação rara com o cinema, sobretudo com o cinema de autor. O mestre do cinema fantástico , realizou uma das obras mais violentas do cinema: um Giallo chamado “Non si Sevizia um Paperino” (1972).Depois ficou cinco anos sem realizar nada, em função das acusações que recebeu da igreja católica.
       É apenas em 1979 que Fulci retoma suas atividades, convidado pelo produtor Fabrizio de Angelis para fazer parte da Fulvia Film. É nessa parceria que encontramos as mais belas obras da carreira do italiano, com o primeiro filme da empreitada “Zombie 2” (1979), Fulci nos joga em um filme onde a história é um mero ponto de partida, o que interessa ao diretor é a criação de atmosferas, a imersão em ambientes macabros, aliado ao seu profuso derramamento de sangue. A obra “The Beyond” (1980) é considerada por muitos, a obra-prima do diretor.

Aerton Martins - Movimento APJCC.


 


P.S: e a melhor novidade para o mês de abril vem no próximo post... aguardem.

5 comentários:

Breno disse...

O Kalil também exagerou. Gosto muito de "Amor à Flor da Pele", mas está longe de ser obra-prima. Mesmo o Wong Kar-Wai também está longe de ser um diretor um diretor indiscutível. Os melhores filmes dele são os mais antigos.

Miguel Haoni disse...

Breno,
em primeiro lugar parabéns pela iniciativa de dar a sua opinião (hoje em dia parece que a gente precisa louvar esse simples ato)

Ricardo Kalil exagera sim, mas nada é mais arrisacado do que opinar quando o assunto é produção atual.vejo mérito nisso.Partir em defesa de Fellini, Ford ou Dreyer é fácil.Eles já se estabeleceram na cultura e dificilmente serão questionados quanto a isso (ignorando ,lógico,um rompante de loucura ou exibicionismo de um pseudo-crítico-cinéfilo).O clássico é clássico.
Agora defender algo novo é coragem.Gosto disso.Grande parte da crítica especializada brasileira tá muito disposta a fazer excelentes análises e leituras dos filmes, mas o debate da qualidade , que também é fundamental, às vezes passa batido.
Eu acho Wong Kar Wai (bem como Michael Haneke, Beto Brant, Emir Kusturica, Paul Thomas Anderson entre muitos outros) fundamental SIM para o cinema contemporâneo.A sua produção é na minha leitura, uma das mais belas,pessoais,inteligentes e sensíveis do cinema mundial.Soma-se a isso o fato de que vários diretores tentaram construir uma estética em que o brega e o erotismo convergem em poesia (vide todo o cinema espanhol pós-Buñuel) e apenas ele conseguiu ,com um nível de qualidade absurdo! Vemos pela primeira vez uma DIREÇÃO SENSUAL através dos uso inteligente dos recursos cinematográficos(destaque para a câmera lenta e os close-ups intimistas).Enfim,vamos rever os filmes e discutir a partir deles (mas na comunidade do cineuepa,please!)

Agradeço de novo a tua opinião e a do Ricardo Kalil e a liberdade que tenho pra dar a minha pois se os críticos-cinéfilos não derem a cara pra bater os"novos" fellinis,fords e dreyers vão passar batido.

Mateus disse...

Amor à for da pele é uma aula de mise-en-scène, da pra preencher todo o teu blog Breno.. aiuhauha.. exatamente pra isso que vamos fazer um ciclo desse taiwanês.. porque ele - como você disse (até gaguejando) - "está longe de ser um diretor um diretor indiscutível". Vamos discutí-lo, e muito, nesse mês de abril! Se alguns cinéfilos gostam e outros não, melhor ainda; só da caldo pro debate e não fica defesa. O que é indiscutível é existir uma mostra Wong Kar-wai na cidade.. e pra isso estamos aí.

Breno disse...

Concordo que é importantíssima uma mostra sobre o Wong, principalmente dos primeiros filmes dele. Ele está entre os bons diretores contemporâneos. Mas não chega perto de um PTA, Bong Jon-Ho, Shyamalan e Wes Anderson. E, Mateus, “Amor à Flor da Pele” não tem nem 1/3 de mise-en-scène de qualquer filme do Shyamalan. Como disse: gosto do Wong, mas ele fica no limite de um “esteta”, algo próximo de um Zhang Yimou. Tanto que no último filme dele rodado nos EUA, muitos dizem que a máscara caiu, a sua “estética”, diluiu.

Mateus disse...

=).. cara, to tirando minhas conclusões sobre ele.. n vou dizer q ele eh mestre do cinema q - talvez ainda - não é.. mas acho no minimo estranho - pra ti - dizer q ele n tem mise-en-scène (ou 1/3 de n sei o q, enfim).. e acho q essa confusão de confundir um artista como o Wong com um charlatão como o Yimou é o mesmo que confundir Wes Anderson com um indie qualquer.. tinhas q ir pras sessões Breno, estamos discutinho tudo isso, ia ser mto bom tua presença, pena! abraços o/