5.4.10

Coisas de Cinema exibe clássico dos filmes de horror

"Zombie”, do italiano Lucio Fulci, ganha sessão nessa quarta, 07, no Espaço Cultural Coisas de Negro



As duas palavras têm significados tão divergentes que muita gente as considera opostas, mas, afinal, é possível existir beleza no horror? A sessão dessa quarta-feira do cineclube “Coisas de Cinema” vem provar que sim. O projeto exibe, no Espaço Cultural Coisas de Negro, a partir das 19h30, o filme “Zombie”, do diretor Lucio Fulci.

O país que gerou Federico Fellini e Luchino Visconti, também deu origem a um dos maiores gênios em se tratando de cinema de horror. No filme de 1978, considerado por muitos a sua obra-prima, Fulci nos conta a história de uma moça que, acompanhada por um repórter americano, parte para uma pequena ilha tropical à procura do pai desaparecido misteriosamente. Chegando ao destino, eles descobrem que a ilha está infestada por zumbis. O ambiente perturbador torna-se cenário para uma insana luta pela sobrevivência, em que os putrefatos atacam os vivos.

Segundo Aerton Martins, coordenador do projeto, não é na história, um tanto simplória e repetitiva em filmes do gênero, que está o trunfo de “Zombie”. “Fulci nos joga em um filme onde a trama é um mero ponto de partida e o que interessa, de fato, ao diretor é a criação de atmosferas, a imersão em ambientes macabros, aliado ao seu profuso derramamento de sangue. O filme joga na tela a beleza e força cinematográfica que poucos realizadores conseguiram alcançar, tendo influenciado os famosos diretores George Romero e Quentin Tarantino”, afirma.

Lucio Fulci: Gore Sofisticado



Nos seus 68 anos de vida, Fulci transitou por vários gêneros cinematográficos. Começou realizando comédias pueris, depois westerns, até finalmente chegar no horror, gênero que o consagraria como um dos mais brilhantes realizadores do cinema, muito embora o reconhecimento pelo feito ainda deixe a desejar.

Nas palavras de Aerton, “Apesar de passear, no começo de sua carreira, por vários gêneros, foi nos filmes de terror, que Fulci alcançou maturidade imagética. Seus enquadramentos precisos, e sofisticados, com suas cenas repulsivas e sangrentas, mostradas com riquezas de detalhes – o que é chamado de ‘Gore’ –, estabelecem uma relação rara quando se fala em filmes de terror, principalmente quando comparados com alguns títulos realizados no cinema americano, especialmente na década de 80, que não tinham nenhuma preocupação estética com o cinema, sobretudo com o cinema de autor”.

A realização, em 1972, do giallo “Non si Sevizia um Peperino”, uma das obras mais violentas do cinema, levou o diretor a um ostracismo de cinco anos sem a realização de nenhum filme em função das acusações que recebeu da Igreja Católica. Em 1978, retomou suas atividades, convidado pelo produtor Fabrizio de Angelis para fazer parte da Fúlvia Film. Nessa parceria, foram realizadas as mais belas obras da carreira do italiano. O primeiro filme da empreitada é o que o público terá a oportunidade de assistir nessa quarta-feira.

Sobre “Zombie”, Aerton completa “A utilização sublime da câmera subjetiva, a camada sonora exagerada e a preocupação com a força da imagem são dispositivos levantados pelo diretor. E são eles que permitem gritar uma assertiva perante o mundo: que Lucio Fulci não era um mero ‘brincalhão das tripas’ mas sim um talentoso e sofisticado arauto da sétima-arte

Serviço

Coisas de Cinema apresenta “Zombie”, de Lucio Fulci

Data: 07 de abril (quarta-feira)

Horário: 19h30

Local: Espaço Cultural Coisas de Negro – Av. Lopo de Castro (antiga Cristovão Colombo), 1081/ Icoaraci

Realização: Associação Paraense de Jovens Críticos de Cinema (APJCC) e Espaço Cultural Coisas de Negro

Entrada Franca

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