1.4.13

[SESSÃO CANCELADA] Sessão Maldita apresenta "O último golpe", de Michael Cimino




[A seguinte sessão foi cancelada devido a problemas técnicos. Agradecemos a compreensão do público e pedimos que aguardem nova data.]

Michael Cimino: gênio e monstro da Nova Hollywood

Um totem derretido, uma nódoa conspurcada e nociva, um monstro que enterrou a si mesmo, um homem com uma crença profunda nas imagens. Antes de arrebatar os meandros do cinema com o dilacerante “O Franco Atirador” e fazer com que a poderosa United Artists fosse à falência em função dos problemas que envolveram o épico e maldito “O Portal do Paraíso”, o diretor Michael Cimino estreou atrás das câmeras com uma das obras mais pulsantes da história do cinema: “O Último Golpe”, de 1974.
Ainda inédito no mercado brasileiro, “O Último Golpe” possui, dentro de sua vigorosa direção, um enredo simples. Um ladrão profissional, “Thunderbolt”, vivido por Clint Eastwood, une-se ao aventureiro “Lightfoot” (Jeff Bridges) e seus parceiros para armar um assalto. Vários ingredientes acompanham a narrativa desconexa: salto de cortes, interlúdios cômicos, roadmovie, thriller, um pistoleiro que se diz padre, mulheres nuas invadindo a toda hora o enquadramento, o cheiro da violência, a sensibilidade escorrendo dos planos. O painel americano povoado por seres estranhos e sonhadores. É sobre a destruição das relações que Cimino opera. A conexão sensível de dois homens que se encontram por acaso.
O gigante Clint Eastwood, co-roteirista do filme, aparece em uma de suas performances mais relaxadas e agradáveis. Cimino cria o sentido do espetáculo cinematográfico no conceito que estabelece em seu soberbo controle sobre o que tateia na tela, filma, e na relação entre os personagens e o espaço. Visualmente, um dos grandes delírios que o cinema da década de 70 carrega. Não existe pior maldição para um artista ver que sua obra não chegou ao olhar do público. Dentro da Nova Hollywood* Cimino obteve sua arma, o poder de sua câmera e o atrevimento nos temas. No caso de “O Último Golpe”, os olhos calam diante de tamanha devastação, resultado da devoção de um homem que soube se ajoelhar perante sua arte.

Sobre a Nova Hollywood

No inicio dos anos 70, Hollywood passava por uma grave crise financeira. A maioria dos grandes estúdios via sua autonomia descer pelo bueiro; muitas salas de exibição transformaram-se em estacionamentos e supermercados, outras instalações eram alugadas à televisão, uma das opções que os chefões enxergavam para tentar frear o desespero financeiro.
Paralelamente, o quadro político americano contraía feridas que marcariam profundamente seu povo. É nesse contexto que nasce a chamada ‘Nova Hollywood’: cineastas que marcariam suas obras com uma estética furiosa, deixando nas telas o caráter angustiante por qual o país passava. Munidos com um arsenal interminável, os senhores da nova onda americana levaram temas fortes às telas. Para alguns, foi o nascimento das trevas, para outros, o começo da liberdade.
Obras amplificaram os problemas políticos e morais; as drogas em “Operação França”, 1971, de William Friedkin; corrupção da polícia em “Serpico”, 1973, de Sidney Lumet; a miséria e violência em “Caminhos Perigosos”, 1973, e “Taxi Driver”, 1978, ambos de Martin Scorsese; o poder da máfia em “O Poderoso Chefão”, 1972, de Francis Ford Coppola; o impacto da guerra no Vietnã é visto no épico “O Franco-Atirador”, 1978, filme do genial Michael Cimino.

(Aerton Martins - APJCC 2013)

Serviço:
Sexta-feira, dia 05 de Abril
Excepcionalmente, às 21h30, no Cine Líbero Luxardo
(Centur-Avenida Gentil Bittencourt, 650-Nazaré)
ENTRADA FRANCA

Realização: Cine Líbero Luxardo
Curadoria: Aerton Martins
Apoio: APJCC

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