Misógino alcóolatra gênio messias john cassavetes*
Não existe fenômeno mais complexo do que a natureza humana. Amor, violência, solidão, preconceito, amizade, medo; de perto, o bicho homem é tão ambíguo, ao mesmo tempo tão sublime e vulgar que seria estupidez exigir que a arte, representação última desta matéria, ignorasse estes paradoxos. Esperar que a poesia seja domínio exclusivo dos campos floridos, virgens perfumadas e causas filantrópicas é ignorar sua base real e privá-la de sua liberdade. Destruí-la.
Neste sentido, o cinema pobre de John Cassavetes é o mais rico de todos. O cineasta nova-iorquino executava suas óperas como poemas sobre os aspectos menos poéticos de nossa condição. Entre o riso e a lágrima sua câmera-intrusa dissecava a matéria sagrada que paira entre os seres.
Cassavates, foi ao mesmo tempo o cineasta da juventude, do espírito das ruas, do "sexo drogas & rock'n roll" e paradoxalmente, do tédio, da inutilidade, da velhice. Tudo isto conduzido pelo ritmo esquizofrênico da existência.
O amadorismo, o princípio da urgência documentarista e a profunda amizade entre diretor, equipe e elenco garantiram às tragicomédias um realismo até então nunca visto. Cassavetes encontrou sozinho o caminho do Cinema Novo.
Seu estilo epidérmico, improvisado, cheio de desfoco e desenquadramento foi o mais perto que o cinema chegou de pintar na tela o real sentido da vida. Esta vida desprezível e maravilhosa.
Miguel Haoni (APJCC - 2011)
*O título deste ciclo foi despudoradamente roubado da música "What You'r Take On Cassavetes" de Kathleen Hanna e seu perturbado Le Tigre. Música boa não só para feministas ou pessoas que gostam de levar cuspida na boca.
Curadoria - Mateus Moura (APJCC)
Não existe fenômeno mais complexo do que a natureza humana. Amor, violência, solidão, preconceito, amizade, medo; de perto, o bicho homem é tão ambíguo, ao mesmo tempo tão sublime e vulgar que seria estupidez exigir que a arte, representação última desta matéria, ignorasse estes paradoxos. Esperar que a poesia seja domínio exclusivo dos campos floridos, virgens perfumadas e causas filantrópicas é ignorar sua base real e privá-la de sua liberdade. Destruí-la.
Neste sentido, o cinema pobre de John Cassavetes é o mais rico de todos. O cineasta nova-iorquino executava suas óperas como poemas sobre os aspectos menos poéticos de nossa condição. Entre o riso e a lágrima sua câmera-intrusa dissecava a matéria sagrada que paira entre os seres.
Cassavates, foi ao mesmo tempo o cineasta da juventude, do espírito das ruas, do "sexo drogas & rock'n roll" e paradoxalmente, do tédio, da inutilidade, da velhice. Tudo isto conduzido pelo ritmo esquizofrênico da existência.
O amadorismo, o princípio da urgência documentarista e a profunda amizade entre diretor, equipe e elenco garantiram às tragicomédias um realismo até então nunca visto. Cassavetes encontrou sozinho o caminho do Cinema Novo.
Seu estilo epidérmico, improvisado, cheio de desfoco e desenquadramento foi o mais perto que o cinema chegou de pintar na tela o real sentido da vida. Esta vida desprezível e maravilhosa.
Miguel Haoni (APJCC - 2011)
*O título deste ciclo foi despudoradamente roubado da música "What You'r Take On Cassavetes" de Kathleen Hanna e seu perturbado Le Tigre. Música boa não só para feministas ou pessoas que gostam de levar cuspida na boca.
Curadoria - Mateus Moura (APJCC)
Programação:
07/04 - Faces
*08/04 (sexta) - Sessão especial - Estréia de "Os Comparsas" de Marcio Barradas
14/04 - Maridos
28/04 - Noite de Estréia
Serviço:
Sessões às quintas-feiras
18:30
no Cine-teatro do CCBEU - Tv. Padre Eutíquio, 1309
ENTRADA FRANCA
Cartaz: Cynthia M.
Realização: APJCC e CCBEU
Apoio: Cineclube Amazonas Douro e Rede Norte de Cineclubes
Nenhum comentário:
Postar um comentário