2.1.10

Wes Anderson no Cine CCBEU

Cine CCBEU apresenta o ciclo:

The Magnificent Andersons - Chapter Two: Wes Anderson

Nenhuma ação humana é tão sagrada quanto o ato criador. A mão que escreve, o ouvido que compõe e o olho que pinta conduzem o artífice na divina aventura de criar outro universo que ,como diria o bíblico André Bazin, é “feito à imagem do nosso”. No século do cinema muitos foram aqueles que dedicaram suas vidas a dar asas a suas quimeras gerando em seus ventres a fantasia que justificava a realidade. Esta tradição fílmica iniciada no lunático Georges Méliès atravessa o tempo e atinge como um foguete o jovem cineasta americano Wes Anderson.

Seu cinema é o da criação livre, do mundo fabricado. Entretanto, tão certo quanto o fato do cinema mentir 24 vezes por segundo, é certo também que essa mentira é em função da verdade. Wes Anderson gera em seu ventre uma nova espécie que é exatamente igual à antiga. Em seus filmes a contenção dramática recupera o mistério da “L’avventura” existencial, num sentir/mostrar que redimensiona seus caricatos personagens promovendo em meio ao caos a reconciliação cósmica.

A incomunicabilidade em excêntricas famílias milionárias é a engrenagem motriz na coreografia dramática do diretor. Somada ao décor pós-moderno, a mise-èn-scéne do constrangimento e a trilha pop underground que por sua vez encontram a razão última no rigor ortogonal dos travellings, zooms e panorâmicas de Anderson. Pois é exatamente em virtude do rigor estilístico e seu conseqüente refinamento poético que podemos apontar este cinema como superior ao de seus pais e filhos na família indie.

O segredo de Wes Anderson entretanto é conceber suas gags como as tiras em quadrinhos de Charles Schulz, recheando seus planos de uma inocência bizarra que transcende a condição dos personagens em ícones de um tempo que não se reconhece como nosso mas que povoa o inconsciente de nossos poemas de MSN.

Miguel Haoni (APJCC - 2010)


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Assista na primeira sessão, dia 07/01:


Rushmore




Max Fischer, o protagonista de “ Rushmore” é, apesar de todas as referências , o pseudo alter ego do próprio Wes Anderson. O perfeccionismo do personagem, a referencia teatral até a arrogância, tudo isso se apresenta na direção. Wes Anderson e seus planos milimetricamente “estilosos” com uma composição beirando a obsessão, mostrando desde já a sua megalomania minimalista que viria pela frente, estabelecendo o seu cinema, que se constrói com grandes bases, mas, mostrando toda uma singularidade.
Vendo "Harold & Maude" (1971- Hal Ashby), conseguimos entender as referencias musicais feitas em “Rushmore”. A produção musical impecável consegue captar a mesma atmosfera do filme genial de Hal Ashby, unindo-se com a edição e decupagem fazendo uma perfeita simbiose entre musica e imagem. As duas mostrando e conduzido o ritmo do filme com todo o seu rigor de estilo.
Wes Anderson teve outra grande, talvez maior, influencia, que foi “The Graduate”( Mike Nichols): a grande ligação ao teatro, como conseguimos ver presente mais do que nunca nesse cinema. Outras grandes influências são “Le soufle Au Coeur” (1971- Louis Malle), “A Charlie Brown Christmas”-(1965- Bill Melendez), este ultimo que foi a fonte de expiração para alguns personagens como seu pai e a professora primaria, e ainda diálogos de Cassavetes e Godard que contaram muito em toda a obra deste diretor. E apesar de inúmeras referencias o cinema de Wes Anderson consegue ter um caráter autoral imenso.
A apoteose de toda a sua obra ainda não é “Rushmore”, mas, mostrar a que veio dessa maneira, com essa construção, esses planos sempre trabalhados até o ínfimo detalhe, cuja composição inovadora e irreverente mostra seu vanguardismo positivo. Ele é o contemporâneo dos contemporâneos por associar sua obra com a nossa linguagem estilística visual atual. Fazendo assim o cinema que explode com cores na nossa cara, uma obra tragicômica onde a delicada doçura se mistura com momentos de frieza britânica.

Luah Sampaio
(APJCC - 2010)

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Acompanhe o restante da programação:

21/01 - Os Excêntricos Tenenbaums

04/02 - Vida Marinha com Steve Zissou

18/02 - Projeto Darjeeling

Serviço:

Quinzenalmente às quintas-feiras

às 18:30

no Cineteatro do CCBEU (Padre Eutíquio, 1306)

ENTRADA FRANCA

Realização: CCBEU

Parceria: APJCC

Apoio: Cineclube Amazonas Douro

Cine CCBEU no Orkut: Perfil e Comunidade

Novo email do Cine CCBEU: cineccbeu@gmail.com
"Rushmore" é a estória de um adolescente surdo e rebelde chamado Max Fischer (Jason Schwartzman) que estuda na Rushmore Acadeny, um colégio de elite. Ele é editor do jornal da escola, capitão do time e um dos piores estudantes de todos o colégio ? a ameaça de expulsão é uma constante em sua vida. O mundo de Max é virado do avesso, quando ele se apaixona pela elegante professora do primeiro ano primário, Miss Cross (Olívia Williams) e planeja construir um aquário em homenagem a sua nova musa. De repente, ele percebe que tem um grande rival na competição pelo amor de Miss Cross, um magnata do aço, Mr. Blume (Bill Murray) que é pai de dois de seus colegas.

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