Se a Literatura nasce da escrita que tinha a finalidade de registrar a fala e a Pintura nasce do desenho rupestre que registrava o cotidiano dos homens em rochas, a linguagem da Pixar tem sua raiz em um aparelho que foi criado para armazenar dados na II Guerra Mundial: o computador. Não fosse o artista, o computador continuaria sendo um frio armazenador de dados – fica provado, assim, que é impossível prever de onde virá a arte; e é justamente esse o tema da obra-prima Ratatouille.
Um dos mais belos poemas ao processo artístico, de sua criação até sua apreciação; uma das mais brilhantes reflexões sobre o que diferencia a arte da produção em série, Ratatouille encontra nas mãos do artista Brad Bird a possibilidade de (através da narrativa de um ratinho simpático que tem paixão pela arte da culinária, mas que por ser rato terá problemas em se tornar um chef), tecer diante de nossos olhos emocionados um dos mais cativantes contos sobre o amor à arte e todas as possibilidades e sensações que ela desperta nos seres que se permitem ser suscetíveis a ela. E para concretizar essa narrativa Bird usa de todo o potencial de sua linguagem: planos-sequência inconcebíveis no cinema, um zoom que se aproxima tanto do personagem que enxerga sua lembrança e um retrato dos mais belos já realizados da cidade de Paris – recriada aqui não para ser “fiel” a “original”, mas para ter o efeito narrativo de ser tão poética que é difícil imaginar que a história pudesse se dar em outro lugar com a mesma atmosfera de encanto.
Se quem está lendo esse texto está pensando que Ratatouille é um daqueles “filmes” para criança que é tão bom que diverte até os adultos, me desculpe, mas você não poderia estar mais enganado. Ratatouille é um daquelas animações (feita, sim, para o público infantil) que é tão boa que cativa o público capaz de apreciá-lo em sua essência: os amantes de grandes filmes que também entendem e respeitam as grandes animações.
O grande chef Gusteau estava certo ao dizer ao ratinho Rémy que “todos podem cozinhar” – porque isso não quer dizer que qualquer pessoa é naturalmente artista, mas que a arte pode vir de qualquer lugar; nem que seja do mais insignificante rato.
Felipe Cruz (APJCC - 2009)
Em seguida:
Cine CCBEU apresenta "Loucura Americana", de Frank Capra
Frank Capra não fazia filmes para ganhar o Oscar; o Oscar é que foi inventado em função de seus filmes. Seus dramas sociais apresentavam uma versão romântica dos princípios americanos de liberdade, democracia e da cultura do trabalho no sistema capitalista.
Capra estava totalmente à vontade em sua missão ideológica, como os nacionalistas Sergei Eisenstein na URSS e Leni Riefenstahl na Alemanha nazista. Sua habilidade na construção de fábulas morais, porém, o destacava de seus rivais políticos, mais afeitos a uma estética experimental, de pouco apelo popular.
"Loucura Americana" de 1932, mostra o realizador na plenitude de seu projeto. Capra é um contador de histórias com domínio total das acrobacias dramáticas.
A narrativa apresenta a junção de diversos dramas num banco que, após um assalto, chega à iminência da ruína. Através da fé otimista e de uma virada melodramática, o gerente (Sr. Dickinson) flagra uma emocionante manifestação pública de solidariedade, que salva o banco no último momento.
O diretor manipula com precisão todos os ingredientes do cinema clássico: transparência, concisão, leveza, linearidade didática, ritmo espetacular, economia estilística e uma dose equilibrada de açúcar para rasgar a resistência das platéias.
Capra fazia filmes para o gosto popular (afinal, alguém precisa fazer isso!) mas com um refinamento que agradava os mais exigentes paladares.
Miguel Haoni (APJCC - 2011)
Capra estava totalmente à vontade em sua missão ideológica, como os nacionalistas Sergei Eisenstein na URSS e Leni Riefenstahl na Alemanha nazista. Sua habilidade na construção de fábulas morais, porém, o destacava de seus rivais políticos, mais afeitos a uma estética experimental, de pouco apelo popular.
"Loucura Americana" de 1932, mostra o realizador na plenitude de seu projeto. Capra é um contador de histórias com domínio total das acrobacias dramáticas.
A narrativa apresenta a junção de diversos dramas num banco que, após um assalto, chega à iminência da ruína. Através da fé otimista e de uma virada melodramática, o gerente (Sr. Dickinson) flagra uma emocionante manifestação pública de solidariedade, que salva o banco no último momento.
O diretor manipula com precisão todos os ingredientes do cinema clássico: transparência, concisão, leveza, linearidade didática, ritmo espetacular, economia estilística e uma dose equilibrada de açúcar para rasgar a resistência das platéias.
Capra fazia filmes para o gosto popular (afinal, alguém precisa fazer isso!) mas com um refinamento que agradava os mais exigentes paladares.
Miguel Haoni (APJCC - 2011)
* * *
CINE CCBEU: espaço de exibição de grandes obras da cinematografia mundial e fórum regular de debates sobre arte, cultura e cinema.
Numa parceria entre Centro Cultural Brasil Estados Unidos, Associação Paraense de Jovens Críticos de Cinema (APJCC) e Cineclube Amazonas Douro, o Cine CCBEU funciona às quintas-feiras, e apresenta no dia 24 de março os filmes "Ratatouille" de Brad Bird e "Loucura Americana" de Frank Capra.
"Rataouille" será exibido às 15h00 em sessão especial para as crianças. A ação será dinamizada por Felipe Cruz e Luana Beatriz do Projeto Animar. "Loucura Americana" será exibido na sessão regular às 18h30.
Ainda em março será exibido o filme "No Tempo das Diligências" de John Ford com comentários de Max Andreone, encerrando no dia 31 o ciclo "O cinema americano dos anos 30".
Sempre com entrada franca!
Numa parceria entre Centro Cultural Brasil Estados Unidos, Associação Paraense de Jovens Críticos de Cinema (APJCC) e Cineclube Amazonas Douro, o Cine CCBEU funciona às quintas-feiras, e apresenta no dia 24 de março os filmes "Ratatouille" de Brad Bird e "Loucura Americana" de Frank Capra.
"Rataouille" será exibido às 15h00 em sessão especial para as crianças. A ação será dinamizada por Felipe Cruz e Luana Beatriz do Projeto Animar. "Loucura Americana" será exibido na sessão regular às 18h30.
Ainda em março será exibido o filme "No Tempo das Diligências" de John Ford com comentários de Max Andreone, encerrando no dia 31 o ciclo "O cinema americano dos anos 30".
Sempre com entrada franca!
Serviço:
Sessão dupla
Dia 24 de março (quinta)
"Rataouille" às 15h00
"Loucura Americana" às 18h30
No Cine-teatro do CCBEU
(Padre Eutíquio, 1309)
ENTRADA FRANCA
Realização: APJCC e CCBEU
Apoio: Cineclube Amazonas Douro
Informações: (91) 8356-1799
Vote no diretor que você quer (re)ver no aniversário de 2 anos do Cine CCBEU: Clique aqui!
Nenhum comentário:
Postar um comentário