Líbero Luxardo: o cinema era sua tara
“Um Dia Qualquer” é obra feita por um cineasta. Cineasta de verdade. Líbero Luxardo é nosso Ed Wood! A assertiva passa longe da ironia. Luxardo era um grande tarado. Tarado pela vida, tarado pelas emoções, tarado pelo cinema. Exalava paixão em seus fotogramas. Um crítico paraense deu seu parecer: “...ele não sabia filmar, não tinha noção de continuidade, não sabia usar a câmera...”.
Pouco interessa ao cinema se uma personagem entra no quadro fílmico com um broche e sai sem ele. O cinema não busca a linha da purificação. O cinema clama por sentimentos. Luxardo não buscou uma obra-prima, buscou seu coração, e o encontrou nos lindos travellings frontais de “Um Dia Qualquer”, encontrou na caminhada que o personagem central faz pelas ruas e pelos costumes de Belém.
Enxergamos Luxardo na belíssima seqüência da dança...o erotismo, os falsos-raccords,(desleixados ou não, propositais ou não), o amor, a inocência. Queria por um segundo ter conhecido a alma deste nobre cineasta. Ter apertado sua mão. Conheço pouco sobre ele e nem sei quais eram suas predileções na vida. Mas uma imagem não pára de me perturbar; os deuses do cinema lá em cima abrindo a porta e dizendo: “entra, Luxardo, seu trono o espera”.
Aerton Martins - APJCC - http://cinemamusicaebalela.blog.terra.com.br/cositas_e_libero_luxardo
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