31.12.08

Lista dos melhores do ano de 2008

Feliz ano novo... adeus ano velho.


 


Pelo número pequeno de integrantes e preferência pela promoção da diferença interna, a APJCC decidiu divulgar listas individuais para os melhores filmes de 2008. Felizmente concluímos que este ano foi de grandes alegrias para os cinéfilos locais. Difícil foi, escolher 10. Logicamente, também, alguns integrantes não tiveram a oportunidade de assistir todos os filmes exibidos em Belém no ano que se encerra. Listas de uns, consequentemente, irão conter filmes que não foram assistidos por outros. O critério foi: produções audio-visuais de ficção e documentário. Enfim, imperfeitas e subjetivas, em ordem alfabética dos nomes integrados, seguem-se as listas:


 


Aerton Martins



1- The Brown Bunny de Vicent Gallo
2- Império dos Sonhos de David Lynch
3- Fim dos Tempos de M.Night Shayamalan
4- O Sonho de Cassandra de Woody Allen
5- Onde os Fracos Não Tem Vez de Joel e Ethan Coen
6- Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto de Sidney Lumet
7- Desejo e Reparação de Joe Wright
8- Sangue Negro de Paul Thomas Anderson
9- Falsa Loura de Carlos Reichenbach
10-Encarnação do Demônio de José Mojica Marins



Cauby Monteiro



1-Império dos Sonhos de David Lynch
2-Sangue Negro de Paul Thomas Anderson
3-Brown Bunny de Vicent Gallo
4-Fim dos Tempos de M.Night Shyamalan
5-Medos Privados em Lugares Públicos de Alain Resnais
6-Onde os Fracos Não Tem Vez de Joel e Ethan Coen
7-Falsa Loura de Carlos Reichenbach
8-Encarnação do Demonio de José Mojica Marins
9-O Sonho de Cassandra de Woody Allen
10-Batman, O Cavaleiro das Trevas de Christopher Nolan



Fábia Martins



1- Sangue Negro de Paul Thomas Anderson
2- Fim dos Tempos de M.Night Shayamalan
3- Onde os Fracos Não Tem Vez de Joel e Ethan Coen 
4- Batman: O cavaleiro das trevas de Christopher Nolan 
5- Império dos Sonhos de David Lynch
6- Wall-e de Andrew Stanton 
7- Desejo e Reparação de Joe Wright
8- O Sonho de Cassandra de Woody Allen
9- Falsa Loura de Carlos Reichenbach
10-Encarnação do Demônio de José Mojica Marins


 


Felipe Cruz



1- Não Estou Lá de Todd Haynnes
2 - Sangue Negro de Paul Thomas Anderson
3 - Império dos Sonhos de David Lynch
4 - Sonho de Cassandra de Woody Allen
5 - Onde os Fracos Não Tem Vez de Joel e Ethan Coen
6 - Wall-e de Andrew Stanton
7 - Vicky Cristina Barcelona de Woody Allen
8 - Desejo e Reparação de Joe Wright 
9 - Sweeney Todd de Tim Burton
10 - Piaf de Olivier Dahan



Mateus Moura



1- Império dos Sonhos de David Lynch
2 - Medos Privados em Lugares Públicos de Alain Resnais
3 - Onde os Fracos Não Têm Vez de Joel e Ethan Coen
4 - Sangue Negro de Paul Thomas Anderson
5 - Desejo e Reparação de Joe Wright
6 - O Sonho de Cassandra de Woody Allen
7 – Em busca da vida de Jia Zhang-ke
8 - Não estou lá de Todd Haynes
9 – Fim dos tempos de M. Night Shyamallan
10 - Encarnação do Demônio de José Mojica Marins


 


Max Andreone
 


1 - Sangue Negro de Paul Thomas Anderson
2 - Não Estou Lá de Todd Haynes
3 - Fim dos Tempos de M.Night Shayamalan
4 - Onde os Fracos Não Tem Vez de Joel e Ethan Coen
5 - Desejo e Reparação de Joe Wright
6 - Batman, O Cavaleiro das Trevas de Christopher Nolan
7 - O Nevoeiro de Frank Darabont
8 - Império dos Sonhos de David Lynch
9 - Deixe Ela Entrar de Tomas Alfredson
10 - Sparrow de Johnny To


 


Miguel Haoni



1 - Sangue Negro de Paul Thomas Anderson
2 - Batman: o cavaleiro das trevas de Christopher Nolan
3 - Onde os fracos não tem vez de Joel e Ethan Coen
4 - Jogo de cena de Eduardo Coutinho
5 - Desejo e reparação de Joe Wright
6 - Não estou lá de Todd Haynes
7 - Sparrow de Johnnie To
8 - Sukiyaki Western Django de Takashi Miike
9 - Piaf de Olivier Dahan
10 - Paranoid Park de Gus Van Sant



Rodrigo Rodrigues



1 - Onde os Fracos não tem Vez de Joel e Ethan Coen
2 - Império dos Sonhos de David Lynch
3 - Encarnação do Demônio de José Mojica Marins
4 - Medos Privados em Lugares Públicos de Alain Resnais
5 - O Sonho de Cassandra de Woody Allen
6 - Sangue Negro de Paul Thomas Anderson
7 - O assasssinato de Jasse James pelo Covarde Robert Ford de Andrew Dominik 
8 - Desejo e Reparação de Joe Wright
9 - Falsa Loura de Carlos Reichembach
10- Piaf de Olivier Dahan

12.12.08

1 ano de APJCC - Mostra Melhores do ano





Os cine-clubistas do Cinema em Trashformação, Cine UEPa, e Fellinianos, completam este mês um ano reunidos sob o movimento Associação Paraense de Jovens Críticos de Cinema (APJCC). E para comemorar a data, a APJCC realiza de 17 a 21 de dezembro no Cine Líbero Luxardo do Centur a mostra “Os melhores do ano”, reapresentando cinco grandes filmes exibidos em 2008 em cada um dos projetos apoiados pela associação.

A seleção dos filmes foi feita pelos próprios membros da associação, que tiveram a difícil missão de escolher as melhores obras exibidas este ano no Cine Uepa, Cine EGPA, Cinema na Casa e Sessão Maldita. “Rastros de Ódio”, de John Ford foi eleito para abrir a mostra, no dia 17, como representante do Cinema na Casa. A seleção ainda inclui “Kill Baby Kill” de Mário Bava no dia 18, “Contos da Lua Vaga” de Kenji Mizoguchi, no dia 20, “Roma” de Frederico Fellini no dia 21 e “Um Dia Qualquer” de Líbero Luxardo no dia 21. Este último foi incluído especialmente na programação em homenagem ao centenário do nascimento de Líbero Luxardo, comemorado no último mês de novembro.

Com a mostra, a APJCC encerra as suas atividades em 2008 com a sensação de missão cumprida. Durante todo o ano, o movimento underground realizou diversas ações para a democratização da sétima arte e formação do público cinéfilo em Belém, como mini-cursos, oficinas, exibições seguidas de debate, além da manutenção de cineclubes de caráter permanente como o Cinema na Casa e o Cine Uepa. Para 2009, a associação já planeja a inauguração de um cine-clube da própria APJCC, que deve funcionar como espaço de encontro e discussão entre seus membros e o público. Já a tradicional “Sessão Maldita” deve continuar atraindo dezenas de cinéfilos ao Líbero Luxardo, só que agora às sextas-feiras, e não mais aos sábados.

Rodrigo Cruz



SERVIÇO
Aniversário de 1 ano da APJCC
Mostra “Melhores do Ano”

De 17 a 21 de dezembro (quarta a domingo)
Sempre às 15:00 h
No Cine Líbero Luxardo (CENTUR)
ENTRADA FRANCA



Realização: APJCC
Apoio: Cine Líbero Luxardo e MIS

10.12.08

Programação

Dia 17/12 - Rastros de Ódio. John Ford.1956.cor.




Toda aventura épica é também uma busca interior. O herói, ao lutar contra as agruras do destino, inevitavelmente enfrenta em seu caminho a mais terrível de todas as batalhas: aquela que empreenderá contra si mesmo. Munido deste princípio, o diretor americano John Ford reconhece, em 1956, a hora de juntar suas armas, montar em seu cavalo e duelar consigo mesmo no deserto chamado cinema. O resultado desta empreeitada é o poético Rastros de Ódio (The Searchers), o mais belo e brutal faroeste já filmado.
Ao narrar a busca desesperada de Ethan Edwards (John Wayne) e Martin Pawley (Jeffrey Hunters) através das deformações rochosas do Monument Valley, Ford emoldura, em enquadramentos perfeitos, dramas cuja humanidade singular revelam o olhar amargurado do diretor sobre as tragédias de seu tempo.
Rastros de Ódio nos mostra também o que é o cinema para John Ford. Um cinema que se perdeu na virada dos tempos e tal qual Ethan Edwards não encontra lugar entre o céu e a terra. Vagará para sempre com os ventos.
Miguel Haoni

Dia 18/12 - Kill Baby Kill. Mario Bava. 1966. cor.




Tudo é possível no cinema de Mario Bava. Medo. Delírio. Contemplação. Quando as luzes se apagam, somos magicamente transportados para o seu mundo de fantasia, beleza e claro, horror. Em “Kill Baby Kill”, não poderia ser diferente. Temos aqui todos os elementos característicos de Bava: a figura sinistra que surge de trás da janela, a donzela condenada por uma maldição, o sobrenatural desafiando o conhecimento científico, a fixação por imagens duplas, a mise-en-scéne refinada e a inegável plasticidade das imagens.
Não por acaso, Mario Bava era pintor antes de escolher a sétima arte como projeto de vida. Talvez por isso cada fotograma de seus filmes pareça uma pintura delicada. Pintadas cuidadosamente com muito sangue. E “Kill Baby Kill” é sem dúvida, a mais perturbadora de suas pinturas. Não há build-up, não há pausa, nem fuga. A narrativa é densa. A ação, ininterrupta. São 80 minutos do mais onírico pesadelo, da mais intensa experiência estética, do mais demorado suspiro.
Exibido em Belém pela primeira vez em setembro deste ano na Sessão Maldita, dentro do Ciclo “A História Secreta do Horror Italiano”, em comemoração ao aniversário do Grupo “Fellinianos”, um dos braços da Associação Paraense dos Jovens Críticos de Cinema (APJCC), “Kill Baby Kill” volta às telas de Belém especialmente para a mostra especial de aniversário da Associação. Com ele, a APJCC também reacende o debate sobre a beleza do horror, iniciado com o “Ciclo Mario Bava”, exibido em agosto no projeto “Cinema na Casa”. E contribui para o resgate da obra deste que é um dos maiores estetas que o cinema já conheceu.
Rodrigo Cruz

Dia 19/12 - Contos da Lua Vaga. Kenji Mizoguchi. 1953. p/b.




Em 1953, Kenji Mizoguchi filma um dos mais belos e cruéis contos cinematográficos de todos os tempos. "Contos da lua vaga" se passa historicamente durante uma guerra civil no século XVI. O ser humano (japonês) enfrenta o flagelo que se chama vida.
Obra-prima do cinema mundial. Mizoguchi expõe sua visão. A família, o homem e a mulher. Os contrastes, a diferença entre os sexos. A ambição, a tolice masculina. A calma, a sensatez feminina. Uma estória é contada, um novelo de lã sobre a vida e o que vem depois. O lirismo desse novelo de planos vai se desenrolando entre elipses e enquadramentos perfeitos. Um lago de fantasia inunda um solo fértil de realismo. Os sofisticados movimentos de câmera dão o tom estilístico mizoguchiano; ninguém move a câmera e capta imagens com simplicidade tão bela na história do cinema.
Expoente máximo do cinema japonês ao lado de Yasujiro Ozu, Kenji Mizoguchi é a derradeira homenagem da APJCC a um dos cinemas mais ricos e encantadores do mundo.
Mateus Moura

20/12 - Roma de Fellini. Federico Fellini. 1972. cor





"Isso é o que eu gostaria de filmar... um espetáculo de variedades", responde o personagem Fellini a um jovem com princípios marxistas. E assim é Roma, uma cidade-filme multifacetada, "uma loba e uma virgem, uma aristocrata e uma megera, uma cidade sombria e festiva". Abordada em seus aspectos históricos, religiosos, políticos, culturais e sexuais, Roma é tanto um desfile de modas quanto uma crítica mordaz e uma sátira. Com uma espécie de expressionismo enérgico o filme nos inunda de imagens que são paisagens, tipos humanos, estratos culturais e históricos e, acima de tudo, o peculiar e inusitado tato artistico de Federico Fellini.

Murilo Coelho

21/12 - Um Dia Qualquer. Líbero Luxardo. 1965. p/b.





O cineasta Líbero Luxardo foi um homem gentil. Deu ao belenense sua vida e seu amor. Nenhum resquício das superproduções da grande Hollywood. E de nada adiantaria proporções gigantescas. Vemos em suas obras uma vitrine cristalina, simples e honesta do cotidiano de uma terra acolhedora. Em 1962, os grandes diretores Federico Fellini, Luchino Visconti, Vittorio De Sica e Mario Monicelli se reuniram para dar ao público “Bocaccio 70”, baseado em quatro contos de Giovanni Boccaccio. No mesmo período o grandioso Howard Hawks finalizava uma de suas mais belas obras, “Hatari”. Na França a “nova onda” já gritava pelas ruas. “Um Dia Qualquer” se insere nesse contexto e incita o cinema de um sonhador. O diretor escalou amadores para dar vida à obra que narra em tempo real a caminhada do personagem Carlos, pelas ruas e costumes de Belém. Foi preciso um paulista pisar em terreno paraense para que pudéssemos sentir nossa imagem impregnada na tela. Em comemoração ao aniversário de um ano da APJCC, algumas obras foram escolhidas e entre elas o primeiro longa de Líbero Luxardo, “Um Dia Qualquer”. Nada mais justo celebrar o aniversário junto com o único desbravador imagético do Pará.

Aerton Martins

Vanishing Point na Maldita

Sessão Maldita apresenta:



SERVIÇO:


Vanishing Point. Richard C. Sarafian.1971. cor. 
13/12 (sábado) às 21:30 - CINE LÍBERO LUXARDO (CENTUR)


ENTRADA FRANCA!

“Kowalski, para quem a liberdade é a velocidade da alma...”  (Super soul)

Essa frase praticamente define um dos mais fortes sentimentos que Kowalski nos passa. Podemos ver além. Algo como a ressaca de Woodstock, o fim de uma época, de um percurso repleto de sonhos perdidos, esse é o trajeto que o Dodge Challenger branco que Kowalski pilota segue.
Vanishing Point é um dos mais reverenciados “road movies”(filmes de estrada) de todos os tempos, com seqüências virtuosas de ação em alta velocidade guiadas por diálogos simples e poéticos. O “road movie” é representado por obras das mais variadas como: Morangos Silvestres(Ingman Bergman), Easy Rider(Dennis Hopper) ou Brown Bunny(Vicent Gallo). Gênero onde a estrutura do argumento remonta tanto a Odisséia de Homero quanto ao “Bildungsroman” de Goethe, que evidencia o amadurecimento físico, moral e psicológico de um personagem, o revelando para si mesmo.
A fuga de Kowalski é um passeio episódico pela vida, ao contrário da viagem triunfante do herói em seu retorno para casa. Surgem distinções que apresentam um novo lugar ou destino, uma viagem ao infinito, o personagem descobre que as experiências o transformaram e o impossibilitaram de voltar a sua origem, só lhe resta escolher entre a morte ou o exílio, uma crise existencial que se estende por planícies mais vastas que a estrada percorrida por ele onde vislumbramos o reflexo da identidade perdida e paradoxal de um país. Kowalski é um herói mítico obstinado e perdido, imerso em sua desilusão árida e vasta como o deserto.

Max Andreone-APJCC

8.12.08

A regra do jogo de Renoir no Armazém Sto Antonio

Cineclube Aliança Francesa apresenta:



A regra do jogo. Jean Renoir. 1939. p/b.


Madames e monsieurs, sejam todos bem-vindos. Pra começar vamos direto às perguntas essenciais: Onde começa a vida? Onde termina o cinema? Não se preocupem, não há resposta. O grande palco de Jean Renoir se perde em profundidade, fantoches sentimentais se escondem, atores reais declamam, a ficção inundada de realismo, o realismo inundado de interpretação. O que se busca quando olho, mente e coração observam, analisam e sentem? A vida para alcançar a arte ou a arte para alcançar a vida? Afinal, qual é o jogo, quem dita as regras? Talvez, o último filme de Jean Renoir antes de partir para Hollywood, seja realmente sua obra máxima. O grande filme que fala da grande ilusão do jogo social, das tolices e delícias do ser humano, do coração dos corações, do espetáculo da vida, e de seus atores.

Mateus Moura.


 


Serviço:


Endereço: Armazém Santo Antônio (Quintino Bocaiuva, entre Nazaré e Braz de Aguiar, 1696)
Hora: 18:30


Entrada franca!

30.11.08

Jean Gabin em sua Lison - segue ciclo Jean Renoir

Cineclube Aliança Francesa apresenta:



A Besta humana.Jean Renoir.1938.p/b.

A cópia original de “A Grande ilusão”, devido a ocupação nazista em Paris, foi perdida, e acreditou-se durante muito tempo, que seria pra sempre. No Brasil de 2008, não existe uma cópia em dvd do clássico “A besta humana” de 80 anos atrás. Não se sabe quando (ou se) será lançada. O vídeo-cassete, que nasceu a mais ou menos 30 anos, e deu a primeira oportunidade de assistir um filme dentro da própria casa, é que vai dar o prazer aqueles que acima de tudo não podem perder um filme imperdível de Jean Renoir. Essa obra-prima – com uma bela edição em fita, com legendagem melhor do que muitas edições em dvd da obra de Renoir – é baseada num romance (homônimo) e no grande espírito de Émile Zola.
Como todas as adaptações do cineasta francês, não se trata de uma simples publicidade para o livro ou uma “tradução bem feita” para o cinema. Como Jean Renoir já explicou em um artigo, o cineasta, ao adaptar a obra de outro autor não pode ser um simples “telefonista”... acontece que o autor de uma obra quer “dizer algo” (seja esteticamente, tematicamente...) ao mundo; ou seja, entre ele e o público existe o “telefone” (no caso de Renoir: o cinema, de Zola: a literatura)... o autor que pega a obra de outrem e “traduz” de um telefone pra outro é um mero telefonista. Jean Renoir “atende” Zola, e o ama, o idolatra, o respeita; só não sabe – nem lhe interessa - o ofício de telefonista. O cineasta francês fala com outros, assuntos que Zola lhe confiou, do seu jeito, com o seu estilo... “A besta humana” de Jean Renoir é um filme grande, em muitos sentidos: uma homenagem a um grande escritor, ao grande ofício de maquinista, ao grande ofício do ator, do iluminador. O grande drama infausto dos homens trágicos – locomotivas que seguem barulhentas sob os trilhos inexoráveis do destino. As imagens, entre elipses, do filme de Jean Renoir, são barulhentas e iluminadas, entre lapsos de trevas e silêncios desconcertantes.

Mateus Moura

Serviço:
03/12/08 (quarta-feira)
18:30
Armazém Santo Antônio (Tv. Quintino Bocaiúva, 1969, entre Nazaré e Braz de Aguiar)
Entrada franca!

23.11.08

Cineclube Aliança Francesa: A Marselhesa de Renoir


"Depois de muitas discussões e estudos, chegamos à conclusão de que num filme chamado "La Marseillaise", a história mais interessante seria a dos marselheses levando seu canto para Paris; e através desses personagens, dar uma idéia da Revolução. Em primeiro lugar, precisamos evitar a repetição de grandes movimentos de multidão. Nada parece mais com um motim do que outro motim, qualquer que seja o espiríto. Para despertar o interesse profundo numa coisa, é preciso entrar nos detalhes, porque o que interessa não são as coisas externas, mas sim o que pensam os homens." Com comentários do Prof° Décio Guzman.

(Jean Renoir)


 


Serviço:


ARMAZÉM SANTO ANTONIO (TV. QUINTINO BOCAIUVA, ENTRE NAZARÉ E BRAZ DE AGUIAR, 1696)


QUARTA-FEIRA (26/11) - 18:30

11.11.08

Cine Uepa dá adeus.

Cine Uepa apresenta:



Fellini 8 1/2. Federico Fellini. 1963. p/b.


O Cine UEPa marcou o começo de uma nova fase na cidade. O cineclubismo, resgatado pelos futuros fundadores da APJCC, voltou a existir em Belém. Levou-se muita porrada, houveram muitas sessões especiais, muita experiência foi adquirida. O fim talvez como desculpa para um novo começo, outros passos se ensaiam. O último filme não poderia ser outro: Fellini 8 1/2 é o Cine UEPa - é confuso, é preciso aceitá-lo como é. Afinal, a vida é uma festa, vamos vivê-la juntos.


 


Mateus Moura 


 


Serviço:


CCSE da UEPA (Djalma Dutra, s/n)


às 18:30. Entrada Franca!

10.11.08

Textos da APJCC sobre Líbero Luxardo

Líbero Luxardo: o cinema era sua tara

“Um Dia Qualquer” é obra feita por um cineasta. Cineasta de verdade. Líbero Luxardo é nosso Ed Wood! A assertiva passa longe da ironia. Luxardo era um grande tarado. Tarado pela vida, tarado pelas emoções, tarado pelo cinema. Exalava paixão em seus fotogramas. Um crítico paraense deu seu parecer: “...ele não sabia filmar, não tinha noção de continuidade, não sabia usar a câmera...”.

Pouco interessa ao cinema se uma personagem entra no quadro fílmico com um broche e sai sem ele. O cinema não busca a linha da purificação. O cinema clama por sentimentos. Luxardo não buscou uma obra-prima, buscou seu coração, e o encontrou nos lindos travellings frontais de “Um Dia Qualquer”, encontrou na caminhada que o personagem central faz pelas ruas e pelos costumes de Belém.


Enxergamos Luxardo na belíssima seqüência da dança...o erotismo, os falsos-raccords,(desleixados ou não, propositais ou não), o amor, a inocência. Queria por um segundo ter conhecido a alma deste nobre cineasta. Ter apertado sua mão. Conheço pouco sobre ele e nem sei quais eram suas predileções na vida. Mas uma imagem não pára de me perturbar; os deuses do cinema lá em cima abrindo a porta e dizendo: “entra, Luxardo, seu trono o espera”.


Aerton Martins - APJCC - http://cinemamusicaebalela.blog.terra.com.br/cositas_e_libero_luxardo

23.10.08

Cine Uepa Apresenta: Sócrates, de Rosselini


Sócrates, 1971, de Roberto Rosselini.


 


Dia 31 de outubro (sexta-feira), às 18:30, no auditório da reitoria do CCSE/UEPA (Av. Djalma Dutra, s/n). DE GRAÇA


 


Com comentários de Ernani Chaves.


 


Arte do Cartaz por Cantalício.


 

21.10.08

INFORME

No dia 3 de outubro de 2008, em reunião extraordinária, a Associação Paraense de Jovens Críticos de Cinema (APJCC) decidiu por unanimidade pelo afastamento do movimento referente à ação promovida todas as terças-feiras, às 18:30, na Casa da Linguagem, intitulada Cinema na Casa. O espaço segue com sua programação, mas a APJCC não está mais envolvida com sua realização.

27.9.08

Martin, Glauber e José.

1. Cinema na Casa Apresenta:



Cassino, de Martin Scorsese (fechando o ciclo "Martin Scorsese: Em Cada Cidade Existe um Homem").


 


Dia 30 de setembro (terça-feira), às 18:30h, no Auditório da Casa da Linguagem (Av. Nazaré, 31).
ENTRADA FRANCA


 


Sinopse:


Cassino é um filme excessivo: orçamento milionário, grandes estrelas no elenco, uma mega-produção que por três horas nos apresenta o período em que a Máfia do meio-oeste controlava as casas de jogos em Las Vegas. Um filme caro e exagerado, mas que responde como nenhum outro a uma questão centenária do cinema americano: é possível a indústria produzir arte?
Martin Scorsese prova que sim ao construir uma obra forte com uma equipe inspiradíssima e os mais exuberantes movimentos de câmera e montagem até então vistos na sua obra. A beleza plástica de Cassino é arrebatadora e, neste caso, é totalmente ligada ao tamanho da produção. Somente Hollywood produziria uma obra desta proporção e com este nível artístico provando que o monstro imperialista por vezes nos lega frutos extraordinários.

Miguel Haoni
(Associação Paraense de Jovens Críticos de Cinema - APJCC)


 


 


*Ainda na Casa da Linguagem:



Diálogos com o Cinema Brasileiro, com o filme:


O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro, de Glauber Rocha.


 


Dia 1 de outubro (quarta-feira), às 18:30h, no Auditório da Casa da Linguagem (Av. Nazaré, 31).
ENTRADA FRANCA


 


"O Dragão é inicialmente Antonio das Mortes, assim como São Jorge é o cangaceiro. Depois, o verdadeiro dragão é o latifundiário, enquanto o Santo Guerreiro passa a ser o professor quando pega as armas do cangaceiro e de Antonio das Mortes. Em suma, queria dizer que tais papéis sociais não são eternos e imóveis, e que tais componentes de agrupamentos sociais solidamente conservadores, ou reacionários, ou cúmplices do poder, podem mudar e contribuir para mudar. Basta que entendam onde está o verdadeiro dragão."

Glauber Rocha


 


-Continuando os diálogos com o Cinema Brasileiro:



Tropa de Elite, de José Padilha


 


Dia 2 de outubro (quinta-feira), às 18:30h, no Auditório da Casa da Linguagem (Av. Nazaré, 31).
ENTRADA FRANCA


 


O filme retrata o dia-a-dia do grupo de policiais e do Capitão Nascimento (Wagner Moura), membros do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais). Em 1997, Nascimento quer sair da corporação e tenta encontrar um substituto para seu posto. Paralelamente, dois amigos de infância, que se tornaram policiais, se destacam em seus postos; para acabar com a corrupção na polícia, eles têm o objetivo de entrar para o Bope.

Sinopse do dvd



22.9.08

Alguns ciclos se fecham e outros continuam

1. Cinema na Casa Apresenta:



A Última Tentação de Cristo, de Martin Scorsese (Dando continuidade ao Ciclo Martin Scorsese: Em Cada Cidade Existe um Homem)


 


Dia 23 de setembro (terça-feira), às 18:30, no auditório da Casa da Linguagem (Av. Nazaré, n 31). DE GRAÇA.


 


Sinopse:


O filme A Última Tentação de Cristo foi a mais polêmica e audaciosa obra de Martin Scorsese. Ao retratar o Messias a partir de seu aspecto humano - portanto inseguro e imperfeito -, o diretor despertou o ódio de diversos grupos fundamentalistas-religiosos, dentro e fora dos Estados Unidos, que acusaram a película, dentre outras coisas, de ser "o filme mais satânico já feito".
A oposição foi tanta que o filme demorou mais de quatro anos para ser realizado. A falta de financiamentos e de produtores dispostos a assumir o projeto obrigou Scorsese a reduzir os custos de produção até não mais poder. O resultado foi uma obra crua, de estilo único, que alia a marcante sofisticação do diretor a um sentimento de urgência quase documental.
A despeito das acusações, porém, A Última Tentação... é um filme de forte sentido religioso. Scorsese, ao assumir um tom realista para as ações de Cristo e seus Apóstolos, procura aproximar estes personagens de pessoas comuns, estabelecendo um laço real entre estes e o público.
A Última Tentação...foi a obra pela qual Scorsese mais lutou e representa em sua trajetória a paixão por um cinema vivo e livre.

Miguel Haoni
(Associação Paraense de Jovens Críticos de Cinema - APJCC)

2. Duas Vezes Cine Uepa


 


2.1 Cine Uepa Apresenta:



Três Homens em Conflito, de Sergio Leone (Dando continuidade ao Ciclo Cinema e Gêneros).


 


Dia 24 de setembro (quarta-feira), às 18:30, no auditório da reitoria do CCSE/UEPA (Av. Djalma Dutra, s/n). DE GRAÇA.


 


Sinopse:


Existem dois tipos de homem: os que viram Três Homens em Conflito de Sergio Leone, e os que não viram.

Mateus Moura


(Associação Paraense de Jovens Críticos de Cinema - APJCC)


 


2.2 Cine Uepa Apresenta:



O Assassino de Chantung, de Chang Cheh (Fechando o Ciclo Cinema e Gêneros).


 


Dia 26 de setembro (sexta-feira), às 18:30, no auditório do CCSE/UEPA (Av. Djama Dutra, s/n). DE GRAÇA.


 


Sinopse:


Um homem com um machado no abdômen, natimorto, luta contra o mundo. A ascensão e a queda desse‘lutador’ na sociedade de Hong Kong é o assunto de “Assassino de Chantung”. A vingança final se concretizará, todos serão mortos. O vingador, em sua queda, aceita o fim, mas não vai só. Chang Cheh, um dos grandes mestres da sétima arte, pai do cinema de Hong Kong, através de seus zooms e slows nos apresenta o chinês universal: o homem sedento por poder, cobiça, vaidade; e o amor entre irmãos, a vingança e a honra, a vida e a morte. Uma leitura antropológica-sociológica do homem nacional é um elemento presente na filmografia desse grande diretor, que através dos gêneros do Kung Fu e do espadachim – realizados pela produtora Shaw Brothers – nos ofereceu lentos vôos poéticos de seres condenados ao absurdo da existência. Um sangue que jorra como a miséria que se espalha pelos becos e cortiços, onde o único modo de ascender socialmente nessa selva é através da lei do mais forte, através da luta, do kung fu – não metáfora da vida, mas vida em estado de metáfora.

Mateus Moura.
(Associação de Jovens Críticos de Cinema - APJCC).


 


 


3. Sessão Maldita Apresenta:



Tortura, de Lucio Fulci (Fechando o Ciclo A História Secreta do Cinema de Horror Italiano).


 


Dia 27 de setembro (sábado), às 21:30, no Cine Líbero Luxardo (CENTUR, Av. Gentil Bitencourt, 650). Apenas por uma questão de controle do número de pessoas na sala de exibição, estão sendo distribuídos ingressos na bilheteria, mas a Sessão Maldita continua sendo GRATUITA. 


 


Sinopse:


Crianças são assassinadas em um pequeno vilarejo e uma suposta bruxa é a principal suspeita. Um padre busca a ajuda dos policiais para solucionar o caso.


 


Notas sobre a obra:

Uma aldeã pratica rituais de magia negra e carrega um passado misterioso. Somos apresentados a ela na primeira seqüência do filme. Os habitantes da região sustentam sua moralidade contra os transgressores; as prostitutas e uma bela moça que tira a roupa diante de um garoto. É nesse terreno que uma série de mortes violentas contra crianças acontece. Todas as suspeitas apontam para a bruxa que vive no vilarejo. É no acerto de contas dos moradores com ela que somos testemunhas de uma das seqüências mais brutais, e de encenação primorosa, da história da sétima-arte. Homens armados com correntes encurralam a suspeita dos crimes e a espancam até a morte, num sublime e riquíssimo jogo cinematográfico. Florinda Bolkan, que interpreta a aldeã, mergulhada em closes, pela câmera hábil e sofisticada de Lucio Fulci, tentando se levantar com o entrecorte soberbo da câmera subjetiva. Cena ainda estruturada com a música romântica de Ornella Vanoni, “Quei Giorni Insieme a Te”. Uma seqüência de ousadia formal que poucos no cinema conseguem executar. A referida cena e o desfecho da obra deram ao cineasta Lucio Fulci uma pequena maldição: foi excomungado pelo Vaticano. “Tortura” ( Non se Sevizina un Paperino, 1972) chegou a ser lançado em poucos cinemas no centro de São Paulo, nos anos 70. A obra será apresentada aos paraenses em cópia restaurada e sem cortes. Um dos grandes cartões de visitas do cinema e do mestre Lucio Fulci.

Aerton Martins


(Associação Paraense de Jovens Críticos de Cinema - APJCC)


 


 LUCIO FULCI : ‘A Violência Sofisticada’

Lucio Fulci nasceu em 17 de junho de 1927 e morreu em 13 de março de 1996. Apesar de passear, no começo de sua carreira, por vários gêneros, foi nos filmes de terror, que Fulci alcançou maturidade imagética. Seus enquadramentos precisos, e sofisticados, com suas cenas repulsivas e sangrentas, mostradas com riquezas de detalhes, chamado de ‘Gore’, estabelecem uma relação rara - quando se fala em filmes de terror, que não tinham nenhuma preocupação estética- com o cinema, sobretudo com o cinema de autor. Realizou uma das obras mais ousadas do cinema, um Giallo chamado “Tortura” (1972), que alfineta a igreja católica. Ficou cindo anos sem realizar nada, em função das acusações que recebeu da igreja. É apenas em 1979 que Fulci retoma suas atividades, convidado pelo produtor Fabrizio de Angelis para fazer parte da Fulvia Film. É nessa parceria que encontramos as obras que deram ao diretor o apelido de godfather of gore (padrinho do gore). Em “Zumbie 2” (1979), Fulci nos joga em um filme onde a história é um mero ponto de partida, o que interessa ao diretor é a criação de atmosferas, a imersão em ambientes macabros, aliado ao seu profuso derramamento de sangue. A obra “Tortura”, exibida no Brasil em apenas algumas salas em meados dos anos 70, é considerada por muitos, como uma das obras mais violentas do cinema.

Aerton Martins


(Associação Paraense de Jovens Críticos de Cinema- APJCC)


 


 



8.9.08

Os Ciclos Continuam

1. Cinema na Casa Apresenta:



Taxi Driver, de Martin Scorsese. (Parte do Ciclo "Martin Scorsese: Em Cada Cidade Existe um Homem")


 


Os diretores que promoveram a renovação de Hollywood nos anos 70, apesar dos diferentes estilos, possuíam uma forte marca em comum: personagens marginais. Seja o criminoso imigrante (O Poderoso Chefão de Francis Ford Coppola e Scarface de Brian De Palma), o motoqueiro de jaqueta de couro (Sem Destino de Dennis Hopper), o intelectual-judeu-comunista (Noivo Neurótico, Noiva Nervosa de Woody Allen), o soldado psicopata (Nascido Para Matar de Stanley Kubrick), o jovem sexualmente reprimido (A Primeira Noite de Um Homem de Mike Nichols) ou simplesmente o negro (A Volta dos Mortos-Vivos de George Romero), todos estes personagens eram como rachaduras no inconsistente American Way of Life. De alguma maneira, tais tipos representavam uma América que a América recusava encarar. Uma América real.
Martin Scorsese, em 1975, erige o seu herói a partir das fileiras de jovens que, vindos do Vietnam, se depararam com a realidade do modelo de democracia que estavam defendendo e dentro do caos dos grandes centros, lançam-se em sub-empregos a fim de atenuarem sua sensação de deslocamento e frustração.
Travis Bickle é o taxista (Taxi Driver) que não resiste ao impacto de ver em seu país uma realidade tão sombria e miserável quanto a do sudeste asiático. O processo de degradação do personagem explode em um ímpeto ultra-violento que redimensiona moralmente Travis e o mundo ao seu redor. Travis, porém, não representa uma anomalia social. Ele é, acima de tudo, a América real.

Miguel Haoni
(Associação Paraense de Jovens Críticos de Cinema-APJCC)


 


Dia 9 de setembro (terça-feira), às 18:30, no auditório da Casa da Linguagem (Av. Nazaré, n 31). DE GRAÇA


 


2. Cine Uepa Apresenta:



Agora Seremos Felizes, de Vincente Minnelli. (Parte do Ciclo "Cinema e Gêneros")


 


Se imagine abrindo um álbum de fotografias tão antigo que já nem se sabia mais que existia. Pense nas fotos tiradas durante a infância, na vizinhança que você cresceu, com os amigos que você tinha, seus pais ainda jovens e muito do futuro por acontecer. Agora pense na sensação que esse tipo de experiência causa: a estranha combinação de felicidade e alguma melancolia. Pois foi com esse olhar que Vincente Minnelli dirigiu o musical “Agora Seremos Felizes”, uma de suas obras-primas. Abordando um dos temas mais caros ao imaginário americano, a família tradicional e feliz que vive em uma pequena cidade, Minnelli, como um bom homem do cinema, exerce todo o seu inacreditável gênio cinematográfico na composição impecável de quadros e na criação (extremamente inventiva) da atmosfera algo nostálgica, algo fantástica do filme (em especial nas seqüências dedicadas à infância).
“Agora Seremos Felizes” transparece, em cada um dos seus momentos, o amor de um homem pelo cinema, pela sua arte, e é, creio eu, tarefa das mais difíceis não ser cativado por um coração tão apaixonado.

Felipe Cruz
(Associação Paraense de Jovens Críticos de Cinema-APJCC)


 


Dia 12 de setembro (sexta-feira), às 18:30, no auditório do CCSE/UEPA (Av. Djalma Dutra, s/n). DE GRAÇA


 


3. Sessão Maldita Apresenta:



Terror na Ópera, de Dario Argento. (Parte do Ciclo "A História Secreta do Cinema de Horror Italiano")


 


No dia da estréia da Ópera Macbeth de Giuseppe Verdi, uma série de assassinatos acontece tendo como principal motivação os mistérios que cercam a vida da bela cantora lírica, Betty (Christina Marsillach), que ainda tem que presenciar os assassinatos como parte da fantasia aterrorizando do seu algoz.


 


Dia 13 de setembro (sábado), às 21:30, no Cine Líbero Luxardo (CENTUR, Av. Gentil Bitencourt, 650). DE GRAÇA

2.9.08

Ações da APJCC em Setembro

1. Cinema na Casa Apresenta:



Ciclo Martin Scorsese: "Em Cada Cidade Existe um Homem"


 


O homem é produzido ou produz o seu meio? Nascido nas ruas sujas de Nova York, Martin Scorsese precisou construir um abrigo para não ser tragado, como muitos de seus velhos amigos, pela violência urbana. A fé, a base familiar e um amor irracional pelo cinema ofereceram ao jovem Marty um caminho a seguir: a arte.
Quando decidiu fazer filmes, Scorsese possuía uma convicção que acompanharia sua vida e seu trabalho para sempre: a de que todo homem é uma ilha! No seu caso, uma ilha dentro de outra.
O cinema de Scorsese é tão humano quanto um riff de guitarra ou um tiro pelas costas. É visceral e sofisticado, agressivo e inteligente, imoral e lúdico. Em uma palavra: contraditório - como todos os seus personagens. Sua obra lança luz sobre os traumas de uma raça falida que se arrasta - seja nos puteiros da Judéia ou nos templos de Las Vegas - para a própria destruição. Ou simples cegueira.
Por vezes um certo esquerdismo tacanho nos impede de apreciar corretamente a produção hollywoodiana. Um certo "medo de ser colonizado pelo imperialismo demoníaco" turva nossos olhos para a Grande Arte realizada nos Estados Unidos. Em setembro o Cinema na Casa abraça a polêmica e promove o Ciclo Martin Scorsese; um sujeito que foi produzido mas modificou definitivamente o meio que escolheu: o Cinema.

Miguel Haoni
(APJCC)


 


Programação:
02/09 - Caminhos Perigosos
09/09 - Taxi Driver
16/09 - Touro Indomável
23/09 - A Última Tentação de Cristo
30/09 - Cassino


Toda terça-feira, às 18:30, na Casa da Linguagem (Av. Nazaré, n 31).
ENTRADA FRANCA


 


2. Cine Uepa Apresenta:


 


Ciclo Cinema e Gêneros


 


Cada gênero cinematográfico - para o bem ou para o mal - tem seu público fiel. Todo público fiel - para o bem ou para o mal - é tão fiel que vira torcedor. Como bom torcedor, seca o time adversário... perde-se. Além dos reles mortais estão os que apreciam o verdadeiro cinema, que deliram ser aquele irrestrito de condições, mais notadamente o "cinema de arte europeu". Cineclube de Academia é normalmente o recinto perfumado de intelectualidade, distante do mal-cheiro do vulgar entretenimento. O Cine Uepa - Cineclube da Universidade do Estado - propõe a sujeira atmosférica do cinema de gênero. Preocupados com a miopia, o cancro estético, a viseira e o funil, apresentam-se obras-primas de gêneros e sub-gêneros comumente desprezados. "Três Homens em Conflito", western spaghetti de Sergio Leone abre a tampa do esgoto, seguido pelo musical de família "Agora Seremos Felizes" de Vincente Minelli, pelo slasher de dia das bruxas "Halloween" de John Carpenter e finalizando com o golpe final de kung fu shakespeariano "O Assassino de Chantung" de Chang Cheh. Sejam bem vindos e não levem pipoca.


Mateus Moura
(APJCC)


 


Programação:


05/09 - Três Homens em Conflito (Sergio Leone)


12/09 - Agora Seremos Felizes (Vincente Minneli)


19/09 - Halloween (John Carpenter)


26/09 - O Assassino de Chantung (Chang Cheh)


Toda sexta-feira, às 18:30, no auditório do CCSE/UEPA (Av. Djalma Dutra, s/n).  ENTRADA FRANCA


 


3. Sessão Maldita Apresenta:



Ciclo A História Secreta do Cinema de Horror Italiano


 


Foi na Itália de Federico Fellini e Luchino Visconti que surgiu os nomes que imortalizaram o gênero horror. De um lado, Dario Argento, que de aprendiz esforçado dos filmes de Hitchcock, se transformaria em um grande maestro imagético com as obras-primas "Terror na Ópera" e "Profondo Rosso". De outro, Mario Bava, com sua ironia mordaz deu ao cinema seu mundo fantástico e cheio de cores e, também, pincelou o que viria a ser chamado de "Giallo"- filmes de suspense italianos. E por último, Lucio Fulci, diretor versátil, que começou realizando comédias pueris, depois westerns, até chegar ao gênero que o fez um dos mais brilhantes realizadores do cinema, o "horror". É em cima dessa trinca que o cinema pôde sonhar, se libertar e exagerar. Em comemoração ao aniversário de um ano do grupo Fellinianos- grupo que retomou a sessão maldita no segundo semestre de 2007- a APJCC, em parceria com o Cine Líbero Luxardo, apresentará ao público paraense o pungente e secreto cinema de horror italiano.


 


Aerton Martins
(APJCC)


 


Programação:


06/09 – Pavor na Cidade dos Zumbis (Lucio Fulci)
13/09 - Terror na Ópera ( Dario Argento)
20/09 – Kill Baby Kill (Mario Bava)
27/09 – Tortura ( Lucio Fulci)


Todo sábado, às 21:30, no Cine Líbero Luxardo (CENTUR - Av. Gentil Bitencourt, 650). ENTRADA FRANCA

17.8.08

Bava, Tarkovski, 1 Ano de Cine Uepa e Maldita

1. Cinema na Casa Apresenta:



Planeta dos vampiros (Terrore nello spazio). Mario Bava. 1965. cor.

Dia 19 de Agosto, terça-feira, às 18:30, no auditório da Casa da Linguagem (Av. Nazaré, 31). ENTRADA FRANCA


Sinopse: Em 1965, com um par de rochas de gesso, espelhos e fumaça, Mario Bava cria um planeta, e um filme: “Planeta dos vampiros” (Terrore nello spazio). Mistura de sci-fi com horror, poucos recursos obrigam a criatividade de um homem como Bava a usar o que tem. Como não consegue ser banal faz um filme único, imitado por muitos e inimitável em sua essência. Baseado no conto “One night of 21 hours” de Renato Pastriniero, o filme conta com a presença do americano Barry Sullivan como o líder que tem todas as respostas e, de quebra, a brasileira Norma Bengell no papel de Sanya. Mais uma obra-prima do maestro italiano.


Mateus Moura (APJCC)


 


2. Cine EGPA Apresenta:



O Espelho, Andrei Tarkovski. 1975.


 


Dia 21 de Agosto, quinta-feira, às 18:30, no auditório da Escola de Governo do Pará ( Av. Almirante Barroso, n° 4314). ENTRADA FRANCA.


 


Sinopse: Passado, presente e futuro fundem-se em um fluxo tão indiferenciado quanto o do sangue que corre em nossas veias. O Espelho é uma das obras máximas do cinema e é a responsável pela fama de autor incompreensível que paira sobre Tarkovski, a causa disso é a finalidade do filme que busca retratar a solidão, o sonho, as lembranças, o tempo e a misteriosa dança consangüínea das gerações. Quais são os laços que nos unem enquanto familiares? Qual o seu limite? Em que tempo vivemos? Será o presente mais presente que o passado? Margarita Terekhova, atriz responsável pela interpretação de duas personagens, é o invólucro onde pulsa esta bela e desafiadora história sobre a vida.


Murilo Coelho  (APJCC)


 


3. Cine Uepa Apresenta:



Noites Brancas, de Luchino Visconti. 1957. Preto e Branco.


 


Dia 22 de Agosto, sexta-feira, às 18:30, no auditório da reitoria do Cine Uepa (Av. Djalma Dutra, s/n). ENTRADA FRANCA


 


Sinopse: Mario está sozinho. Uma solidão desconcertante que fica mais e mais palpável a cada bar que se fecha, a cada luz que se apaga, a cada pessoa que volta para casa, onde alguém a está esperando. Mario está melancólico, sua presença é dispensável, o sentimento de ser vital não há, a vida lhe parece quase descartável. Por isso Natalia tem um impacto tão grande sobre a vida tão pequena desse homem. Pois é essa moça (também solitária, também triste), que Mario encontra chorando em uma ponte, a responsável por fazer esse fantasma de homem acreditar ser capaz de algo tão fantástico quanto mudar a vida de alguém, e assim mudar a sua própria.
No aniversário de um ano do Cine UEPA é com grande prazer que apresentamos “Noites Brancas”, uma obra-prima de Luchino Visconti. A elegância e a sensibilidade da direção, que cria uma atmosfera de sonho, de ilusão e de leve desespero, faz da história dessas duas pessoas que anseiam tanto por serem encontradas um das obras de arte mais belas e poéticas já produzidas.
No agridoce mundo de Mario e Natalia o presente é o lugar onde se sonha com o futuro ou se remoe o passado, fazer com que esta idéia seja inteligível utilizando imagens, movimentos de câmera e a sempre discreta (porém extremamente significativa) interpretação dos atores é onde reside a quase incompreensível genialidade desse que é um dos grandes artistas do mundo.

Felipe Cruz (APJCC)


 


4. Sessão Maldita Apresenta:



Tetsuo :The Iron Man (1988/ 67min)
Roteiro e direção : Shinya Tsukamoto
Elenco: Tomorowo Taguchi, Kei Fujiwara, Nobu Kanaoka, Renji Ishibashi, Naomasa Musaka, Shinya Tsukamoto


 


Dia 23 de Agosto, sábado, às 21:30, no Cine Líbero Luxardo (CENTUR). ENTRADA FRANCA.


 


Sinopse: Um homem é atropelado por um condutor que se põe em fuga. Gravemente ferido, o jovem punk reconstrói o seu corpo mutilado com pedaços de metal.


 

6.8.08

Volta do Cine Uepa e homenagens continuam

1. Cine Uepa Apresenta:



 


Corpo Fechado ( Unbreakable /EUA/ 2000 /106 min)
Direção e Roteiro: M. Night Shyamalan
Elenco: Bruce Willis (David Dunne), Samuel L. Jackson (Elijah Price), Robin Wright (Megan Dunne), Spencer Treat Clark (Jeremy Dunne), Sean Oliver (Policial), Joey Perillo (Jenkins), Jose L. Rodriguez (Motorista de caminhão), John Patrick Amedori, Greg Korin.


Dia 08/08/08 (sexta-feira), às 18:30, no auditório da reitoria do campus CCSE/UEPA (Av. Djalma Dutra, s/n). ENTRADA FRANCA


Sinopse: O primeiro ato no mundo dos heróis: o nascimento de um vigilante. Quando David Dunn, um homem ordinário percebe-se extraordinário, e outro, Elijah Price encontra nele possibilidade de estar próximo a concretização mítica de sua obsessão por quadrinhos. O embate entre eles é interior, a jornada que segue vai pela auto-descoberta e os efeitos - não especiais - que o filme causa, são profundos em sua construção suave, concisa e praticamente “inquebrável”, a mais autêntica e mundana visão do universo fantástico dos heróis.


“Eu já devia saber há muito tempo, sabe porquê ?
Por causa das crianças.”
Elijah Price

Max Andreone. (APJCC)




2. Sessão Maldita Apresenta:








Sex & Fury (Furyô anego den: Inoshika Ochô/1973/ 88Min)
Direção: Norifumi Suzuki
Roteiro: Tarô Bonten
Elenco: Reiko Ike, Christina Lindberg, Akemi Negishi, Ryôko Ema, Yôko Hori, Nahomi Oka, Rena Ichinose, Osayo Igirisu.



Dia 09/08/08 (sábado), às 21:30, no Cine Líbero Luxardo (CENTUR). ENTRADA FRANCA


 


Sinopse: Ocho, batedora de carteira e apostadora em Tokyo, acidentalmente acaba cruzando com os três gângsters responsáveis pela morte do seu pai e com alguns membros da Yakuza que a querem ver morta. Uma espiã européia que chega ao local irá complicar ainda mais a vida de Ocho.




3. Cinema na Casa Apresenta:



 


Três máscaras do terror, de Mario Bava. 1963. Cores.


 


Dia 12/08/08 (terça-feira), às 18:30, no auditório da Casa da Linguagem (Av. Nazaré, 31). ENTRADA FRANCA


 


Sinopse: Em 1963, Mario Bava assina “Três máscaras do horror”, que consiste em três curtas de horror baseados em três contos da Literatura. Em cores. “O telefone” (baseado num conto de Snyder) é um “giallo” sobre pessoas moralmente corrompidas, um thriller erótico sobre três seres imersos numa atmosfera de horror, Bava fala de dois assuntos que lhe perseguem: sexo e morte. “O Wurdalak” (baseado num conto de Tolstoi) traz um dos maiores papéis da vida de Boris Karloff. O homem - que pode ter virado uma espécie de vampiro que só bebe o sangue daqueles mais ama – volta para sua família. O conto cinematográfico fala sobre o mito do vampiro, o amor e a morbidez, a família e seu tom. “A gota d’água” (baseado num conto de Tchekhov) é o terceiro e último curta – talvez o maior de Mario Bava. Uma enfermeira comete um ato imoral simples. Sua mente (ou o sobrenatural, ou Bava) não perdoarão. É sobre o ser do medo, sobre a gota d’água (denotativamente falando), sobre o interior desesperadamente assustado de uma mulher. O movimento final junta as três narrativas cinematográficas na unidade que o diretor italiano lhes confere. O filme é sobre Mario Bava e seu brinquedo maravilhoso.

Mateus Moura. (APJCC)


 


 


 

31.7.08

APJCC homenageia os 100 anos de imigração japonesa

CINE LÍBERO LUXARDO (CENTUR)
SESSÃO MALDITA: VIVER OU MORRER NO ORIENTE
DIAS 02,09, 16, 23 E 30 DE AGOSTO, SÁBADO, ÀS 21:30 H.
ENTRADA FRANCA



Em comemoração ao Centenário da Imigração Japonesa. Um passeio pelos diversos subgêneros que povoam essa fabulosa cinematografia.



      


       A mostra Viver e morrer no Oriente nos vem lembrar que não há nada como o cinema japonês e sua mais absoluta autenticidade. Filmes como Kairo, Onibaba, Tetsuo, Graveyard of honor e Sex e fury usam tons fantasmagóricos, violência gráfica e erotismo para falar sobre solidão e a mutação ou deteriorização do corpo e da alma. Incitam uma análise política, sociológica, histórica e psicológica. São obras que vão de um vigoroso minimalismo ao mais variado experimentalismo. O impacto desses filmes vem em alto e bom som, um vertiginoso deleite para os olhos e a mente! A APJCC faz sua homenagem aos 100 anos de imigração japonesa. Compareçam!

Max Andreone - APJCC




Programação:


 


02/08/2008 (sábado)
Onibaba (Em/1964/100 min)
Direção: Shindo Kaneto
Elenco: Otawa Nobuko, Yoshimura Jitsuko, Sato Kei, Uno Jukichi, Tonoyama Taiji, Matsumoto Somesho, Kaji Rentaro, Aratani Hosui



 


Sinopse:
No Período Sengoku, um conflito pelo poder divide o Japão feudal. A guerra civil que se prolonga por mais de um século tem consequências sérias, sobretudo para os mais pobres: as terras são abandonadas e é difícil obter alimentos. Duas mulheres, sogra e nora, vivem numa cabana no meio de um canavial, junto a um rio. O seu modo de vida consiste em matar os samurai feridos e moribundos que por ali passam, para trocarem armas e armaduras por comida. Um dia, Hachi, um vizinho que tinha partido para a guerra com o marido da mulher mais jovem, regressa, pondo em risco a manutenção da economia familiar.




09/08/2008
Sex & Fury (Furyô anego den: Inoshika Ochô/1973/ 88Min)
Direção: Norifumi Suzuki


16/08/2008
Graveyard of Honor (Jingi no Hakaba/ 1975/ 94 min)
Direção: Kinji Fukasaku


23/08/2008
Tetsuo :The Iron Man (1988/ 67min)
Roteiro e direção : Shinya Tsukamoto


 

30.7.08

Ciclo Mario Bava: a beleza do Horror

Cinema na Casa apresenta:



 


Ciclo Mario Bava: a beleza do Horror


       Em 31 de julho de 1914 em Sanremo, para servir ao cinema e ao fantástico, nasce Mario Bava. Seu pai, por obra do destino, foi um dos fundadores da indústria cinematográfica italiana, e o menino Bava, desde cedo, se interessava pelas câmeras e brincava nos sets de filmagem. Depois de fazer história na juventude como diretor de fotografia de mestres como Rossellini, Pabst e Raoul Walsh, o já maduro Mario, tem, aos 46 anos, a chance de assinar o seu primeiro filme. Ele já tinha terminado de dirigir filmes como o primeiro horror italiano “I Vampiri (1956)” que Riccardo Freda abandonou, dentre outros... mas é com o sucesso mundial “A Máscara do Demônio” (1960) que realmente começa a escrever a sua própria história: a história de um dos homens mais criativos do século XX. Um pedacinho dela será mostrada no mês de agosto no Cinema na Casa. Além de “A máscara do demônio (1960)”, serão apresentadas as obras-primas: “As três máscaras do horror (1963)”, “Planeta dos vampiros (1965) ” e “Rabid dogs (1974)”.
       Pai do cinema de horror italiano e maestro cinematográfico absoluto do fantástico na história da arte, gênio incompreendido em muitos cantos, é louvado por grandes mestres e amantes da sétima arte em todo o mundo. Um esteta refinado, mestre-mor dos efeitos especiais, poeta da iluminação e do enquadramento, tem controle total de todos os mecanismos que compõe a linguagem do cinema. Experimentalista, foi muito mais que um grande contador de histórias macabras ou um debatedor de grandes temas obscuros do inconsciente, Mario Bava transcendeu seu tempo para ficar na eternidade; ao invés de criar formas que embelezassem o conteúdo, criou formas novas de expressão artística, onde o conteúdo se encontrava no próprio exercício de seu estilo.


       Ainda na intenção de desmistificação na cidade de preconceitos tolos e castradores, o Cinema na Casa apresenta o Ciclo Mario Bava: a beleza do Horror. A poesia maldita do italiano pela primeira vez ecoará em Belém. Um gênio que ocupa o Olimpo do cinema, ao lado de Alfred Hitchcock, merece as libações dos meros mortais. Bravo Mario Bava! Te saúdo! Hoje, e sempre.




Mateus Moura.


Associação Paraense de Jovens Críticos de Cinema


 


Programação:


 


Dia 05/08/08 (terça-feira) às 18:30


Auditório da Casa da Linguagem (av. Nazaré, 31)




A máscara de Satã. Mario Bava. 1960. p/b



 


No seu lançamento, “A máscara de Satã”, para surpresa de seus produtores, foi um sucesso mundial. O primeiro filme assinado por Mario Bava reconta cineatmosfericamente o conto “Viy” de Nicolai Gogol. O delírio visual gótico de horror e sombras tem Barbara Steele como protagonista dupla – considerada “Rainha do Horror” eterna após o lançamento do filme.
A primeira obra-prima do mestre do horror nos convida para uma viagem onírica à Moldávia do século XVII. A diabólica princesa Asa (Bárbara Steele) é condenada a morte por bruxaria e vampirismo, junto com seu irmão. Ela é punida com a “máscara de satã”, mas amaldiçoa a família e seus descendentes. Duzentos anos depois, no século da fé científica, dois médicos se hospedam na aldeia medrosa de lendas. O Destino (Bava) se encarrega do resto.

Mateus Moura.

18.7.08

Cine UEPa discute arte maldita no Enel

1. Cine UEPa no Enel: Diálogos sobre a arte maldita


       O cinema nasce, no fim do século XIX, como parte do espetáculo de variedades. Junto com as focas amestradas e o homem-bala, a máquina de imagens divertia o público faminto por entretenimento. O tempo passou, e mestres como Meliès, Griffith, Hitchcock, Godard e Sokúrov retiram o cinema das feiras e o instituíram como linguagem artística autônoma. Mais de um século de produção, porém, não foi suficiente para que o público consumidor da sétima arte deixasse de vê-la como mero entretenimento.
       O cinema é uma arte maldita. Alguns defendem até mesmo que ele não é arte. Os poucos indivíduos que o respeitam, porém, ainda esbarram em sérios mal-entendidos. Na sua defesa do “filme de arte” acabam discriminando tudo o que, a princípio, ofende o seu “bom gosto”. Mais preocupados em enxergar a arte cinematográfica como transmissora de boas idéias e nobres sentimentos acabam por ignorar um cinema que, na sua educada visão, é lido como superficial: o cinema do gênero.
       Preocupado com esta realidade, o Cine UEPa abre o debate sobre o assunto e apresenta três títulos do mais desprezado gênero cinematográfico: o Horror. “Profondo Rosso”, “The Beyond”, “Canibal Holocaust” são filmes de entretenimento, com litros de sangue, assassinos seriais, zumbis e canibalismo, mas são acima de tudo extraordinárias homenagens de amor ao cinema.

Miguel Haoni e Mateus Moura




Programação:


Dia 20 (Domingo) às 19:00 - Profondo Rosso (1975) de Dario Argento




       Um pianista elogia a banda com a qual toca, a sonoridade é muito boa. Boa demais. Limpa demais. Ele sente falta do sujo, ele se cansa do extremamente formal. Esta cena nos elucida algo sobre o pensamento do diretor italiano Dario Argento, sobre seu interesse pelo violento, pelo repulsivo e, principalmente, sobre sua capacidade de criar o belo a partir do aterrador.
       Afinal, PROFONDO ROSSO é um dos filmes mais belos da história do cinema. Beleza do horror, poema das coisas sombrias e da crueldade arraigada na mente humana. O belo que há no brutal e no incontrolável.
       O mundo de Dario Argento é outro, onde o psicológico se expressa através de objetos representativos das psiquês doentias pelas quais a obra desse autor tem especial interesse. Somos Alice no imaginário desse gênio, que em seu aparente absurdo vai se tornando cada vez mais fascinante.


Felipe Cruz


 


Dia 21 (segunda-feira) às 19:00 - The Beyond (1981) de Lucio Fulci



 


       Lucio Fulci é um dos maiores gênios da sétima arte. Louvado por muitos como o “Edgar Allan Poe do cinema”, “Godfather do gore”, o italiano, foi, por muito tempo desprezado por crítica e público, enquanto Federico Fellini e Luchino Visconti o aplaudiam de pé nos cinemas.
       Em 1981, Fulci entrega a sua obra máxima: The Beyond. Filme apresentado em formato anamórfico (primorosamente utilizado com jogos de foco que são verdadeiras aulas de cinema), com história de Dardano Sacchetti, e atuações de Catriona MacColl, David Warbeck e Cinzia Monreale, é cultuado no mundo todo por especialistas como uma das obras primas do fantástico em toda a história da arte.
       O poema visual que o diretor constrói é embaraçoso para qualquer crítico. Inefável é a palavra que melhor o descreve. Em 87 minutos, Lucio Fulci nos convida para o outro lado: o seu. O poema nervoso e calmo, belo e triste, nos comunica, através de nossa contemplação muda, todo o ser de um artista, toda uma reflexão sobre seu objeto de expressão. A reflexão vai tão longe que não pode mais ser dito com palavras, explicado racionalmente. É o próprio ser do grande artista que se imprime em cada plano. É o amor – e nada mais – o amor à sua obra de arte, e à sua ferramenta de expressão.

Mateus Moura


 


Dia 23 (quarta-feira) às 16:30 - Canibal Holocaust (1980) de Ruggero Deodato


 


 


O polêmico filme de Ruggero Deodato aborda a tênue relação entre o real e o fictício. Numa ciranda de encenações, o autor explora os limites da linguagem cinematográfica ao abordar o documentário enquanto lugar de representação.
Na era da imagem, Cannibal Hollocaust põe em questão o lugar do espectador no rito cinematográfico: qual a diferença entre o canibal e o homem que se regozija ao devorar imagens grotescas? Quem é o selvagem? Qual o limite entre a civilização e a barbárie? Ao jogar com estas fronteiras, o diretor nos apresenta um filme violento, inteligente e acima de tudo corajoso.

Miguel Haoni





Local:  UFPa/Guamá


 


Entrada franca! Todos são convidados!


 


2. Cinema na Casa: Ciclo Samuel Fuller



22/07/08 (terça-feira) às 18:30
Auditório da Casa da Linguagem (av. Nazaré, 31)




Agonia e Glória. Dir. Samuel Fuller. Eua. 1980. 113min.





Um sargento veterano da primeira guerra comanda um pelotão na segunda guerra pela África, Sicilia, no dia D, na Bélgica e na França, mas seu grupo termina num campo de concentração na Tchecoslováquia e enfrenta os verdadeiros horrores da guerra.

11.7.08

Brad Bird (EUA, 1957-)

Ratatouille (2007)

Por Felipe Cruz*

Se a Literatura nasce da escrita que tinha a finalidade de registrar a fala e a Pintura nasce do desenho rupestre que registrava o cotidiano dos homens em rochas, a linguagem da Pixar tem sua raiz em um aparelho que foi criado para armazenar dados na II Guerra Mundial: o computador. Não fosse o artista, o computador continuaria sendo um frio armazenador de dados – fica provado, assim, que é impossível prever de onde virá a arte; e é justamente esse o tema da obra-prima Ratatouille.
Um dos mais belos poemas ao processo artístico, de sua criação até sua apreciação; uma das mais brilhantes reflexões sobre o que diferencia a arte da produção em série, Ratatouille encontra nas mãos do artista Brad Bird a possibilidade de (através da narrativa de um ratinho simpático que tem paixão pela arte da culinária, mas que por ser rato terá problemas em se tornar um chef), tecer diante de nossos olhos emocionados um dos mais cativantes contos sobre o amor à arte e todas as possibilidades e sensações que ela desperta nos seres que se permitem ser suscetíveis a ela. E para concretizar essa narrativa Bird usa de todo o potencial de sua linguagem: planos-sequência inconcebíveis no cinema, um zoom que se aproxima tanto do personagem que enxerga sua lembrança e um retrato dos mais belos já realizados da cidade de Paris – recriada aqui não para ser “fiel” a “original”, mas para ter o efeito narrativo de ser tão poética que é difícil imaginar que a história pudesse se dar em outro lugar com a mesma atmosfera de encanto.
Se quem está lendo esse texto está pensando que Ratatouille é um daqueles “filmes” para criança que é tão bom que diverte até os adultos, me desculpe, mas você não poderia estar mais enganado. Ratatouille é um daquelas animações (feita, sim, para o público infantil) que é tão boa que cativa o público capaz de apreciá-lo em sua essência: os amantes de grandes filmes que também entendem e respeitam as grandes animações.
O grande chef Gusteau estava certo ao dizer ao ratinho Rémy que “todos podem cozinhar” – porque isso não quer dizer que qualquer pessoa é naturalmente artista, mas que a arte pode vir de qualquer lugar; nem que seja do mais insignificante rato.

*publicado originalmente em junho de 2009

Por Mateus Moura*

No filme de Brad Bird, uma animação lançada pela Pixar/Disney em 2007 chamada Ratatouille , um ratinho de nome Remy, descobre – através do grande Chef Gusteau – que qualquer um pode cozinhar, não importando a classe social, a escolaridade, o tamanho ou a espécie. Nas suas aventuras em busca de novos pratos vemos o prazer do pequeno rato em criar o novo; seu irmão, o grande glutão Emile, convencionou que o alimento é pra saciar a fome, nada mais. Numa brilhante cena – só possível na linguagem da animação – o diretor nos emociona com um Remy que tenta a todo custo explicar ao seu irmão insensível à sua arte e a sensação da contemplação de uma degustação, da beleza na mistura de aromas e sabores, da poesia que a criação pode atingir no objeto comestível. A culinária é a arte que encanta o rato, e o alimento é a matéria-prima que ele utiliza para as suas criações.

*publicado originalmente em junho de 2009

Por Felipe Cruz*

O que é a arte? O que é o artista? O que torna a expressão artística algo capaz de produzir tanta fascinação naqueles que se entregam a sua apreciação?
Essas são perguntas que atravessaram os séculos da história humana e para as quais, felizmente, nunca encontramos respostas – nos restando sempre o prazer inestimável da pergunta; e uma das mais belas perguntas já postuladas a respeito do que vem a ser a arte e o que vem a fazer um verdadeiro artista é a animação Ratatouille, de Brad Bird.
Refletindo a respeito da afirmação do chef Gusteau de que “qualquer um pode cozinhar”, esta obra-prima dos estúdios Pixar é um hino de amor à arte e à possibilidade sempre renovadora que ela possui de surgir nos mais improváveis lugares.

*publicado originalmente em julho de 2010

8.7.08

Projeto debate fotografia e cinema na Ed. da UEPa

Projeto debate fotografia e cinema na Editora da Uepa



Parceria entre Editora da Uepa, Associação Fotoativa e CineUepa promove exibição do filme paraense "Feito Poeira ao Vento" e do filme francês "La Jetée" nesta quarta-feira, dia 09

A relação entre a fotografia e o cinema em filmes clássicos e na produção contemporânea estará em debate nesta quarta-feira, dia 09, a partir das 19h na Editora da UEPA (Eduepa) no projeto Diálogos de Fotografia e Cinema. O projeto é uma parceria entre a Editora da UEPA, Associação Fotoativa e CineUepa, com objetivo de criar grupos de diálogos sobre imagem, abrindo espaço para o debate tanto da produção local contemporânea quanto das produções já consagradas em fotografia e cinema.
Nesta primeira mostra serão apresentados para debate os filmes: "Feito Poeira ao Vento", de 2006, do fotógrafo paraense Dirceu Maués e "La Jetée", de 1962, do cineasta e fotógrafo francês Chris Marker.
Depois da exibição, integrantes do CineUEPA mediarão as discussões sobre a estética fotográfica aliada ao cinema, com a participação do fotógrafo Dirceu Maués. O projeto Diálogos de Fotografia futuramente promoverá debates associando fotografia e outras produções culturais, como dramaturgia, dança e música.
Eduepa – A programação Diálogos de Fotografia na Editora da UEPA faz parte de uma série de ações que a Editora realizará ao longo deste ano abrindo seu espaço para encontros e ações culturais, como oficinas, palestras e projetos educativos de estímulo à leitura e produção textual. Um dos objetivos da Editora da UEPA é não se restringir à publicação de livros acadêmicos da Universidade, mas também receber e divulgar os trabalhos dos profissionais que produzem cultura dentro e fora do Estado.



Serviço:
O projeto Diálogos de Fotografia e Cinema na Editora da UEPA acontece nesta quarta-feira, dia 09, na Editora da UEPA, que fica na Dom Pedro I, 519, entre as avenidas Senador Lemos e Municipalidade, no Umarizal, a partir 19h.




La Jetée. Chris Marker. 1962. Photo-roman. p/b.



 


Chris Marker, cineasta francês, num formato de foto-romance (seqüência de fotos inanimadas), realiza La Jetée em 1962. Conta-se uma belíssima história: a de um homem marcado por uma imagem de infância numa plataforma. Num espaço/tempo fictícios (uma Terra devastada depois da terceira guerra mundial), Marker discute espaço e tempo, amor e vida - na realidade do seu imaginário. A memória, a matéria, a busca do tempo perdido, a imagem, o movimento, o cinema... temas caros aos franceses são revistos nessa grande obra experimental. O cuidado com a montagem, a música, e a incrível sensação de que cada foto é perfeita fazem desta obra uma experiência única. Grandes reflexões são feitas. Poderosos sentimentos são expressados. O cinema, a fotografia, a imagem, a arte da imagem, o espaço e o tempo... a eternidade.

Mateus Moura.