28.6.13

Em Julho, a carta da APJCC é o Cinema Contemporâneo

CURSO DE CINEMA ASIÁTICO CONTEMPORÂNEO: ENFIM ÀS ÍNDIAS

Se houve vezes na História do Cinema em que os EUA trouxeram a novidade, ou a França, a Itália, o Brasil, a URSS, hoje, sem dúvida, é dos países do Extremo Oriente que surgem os objetos mais notadamente não-identificados. Afora o movimento forte de vanguarda, parece vir de lá, como se não bastasse, o melhor “cinema clássico”, assim como o melhor “cinema comercial”.
Tais cinematografias, por se tratarem de obras experimentais e/ou distantes, tem circulação restrita a poucos circuitos alternativos. Devido a essa falta de acesso, acabamos creditando a outrem o pódio que outros mereciam ocupar.
O “Curso de Cinema Asiático Contemporâneo: enfim às Índias” propõe uma grande navegação a esse inexplorado continente, tão rico e fascinante. A cartografia deverá ser crítica, os olhos nus e a vontade de exploração criativa. Serão 4 módulos, 2 cineastas perseguidos em cada. Enfim às Índias, sem sair do lugar.


Módulo 2: A vida como ela é, uma vez
(HONG SANG SOO & JIA ZHANG-KE E A ORIGEM DO MUNDO)


Se gênios do cinema como Yasujiro Ozu, Roberto Rossellini, Eric Rohmer, Jean Eustache acreditaram na máquina audiovisual como esse aparato que ao revelar o mundo constrói um universo, é porque seguiam a máxima hermética que o que está do lado de fora é como o que está do lado de dentro. Verdadeiros mensageiros alados, ao deslizar as encostas do caminho que trilharam, engendraram em seus momentos de comunicação com o mundo, fiéis epifanias, tecidas de arte e milagre.
Hong Sang-Soo e Jia Zhang-Ke, herdeiros contundentes deste cinema que Louis Lumiére, Robert Flaherty, André Bazin, Cesare Zavattini sonharam outrora, são, enquanto orientais (ocidentais), indivíduos ícones de nossa era.
Os personagens do primeiro são sempre homens-artistas-perdidos, perdidos com sua mente e a vontade inelutável de criar, perdidos com sua pica e a vontade inexorável de copular... Em “Noite e dia”, em cena antológica e ontológica, numa exposição dos quadros do realista Gustave Courbet, o casal discute, perscrutando o quadro, se ele se chama “A Origem do Mundo” ou “A Origem do Homem”. O diretor coreano Hong Sang-Soo, ao originar o seu mundo no espaço do tempo de um plano, retorna sempre às origens do homem & ao originar no personagem o homem segue sempre em direção ao mundo. Assim como o quadro que está na parede do museu não é nada além de uma superfície com tintas, o universo que se projeta fantasmático não é nada mais que luz de um outrora aprisionado. A vida como ela é, uma vez.
O segundo, o chinês Jia Zhang-Ke, impressiona com o seu faro de observador atento das superfícies mais profundas. Vê no cinema, claramente, sacro ofício de uma função: registrar o Mundo. Tarefa paradoxal em sua subjetividade-objetividade, labiríntica em suas entranhas, a arte de gravar é, em seu livre-arbítrio, problema ético dos mais complexos.
Em “Em busca da Vida”, filme onde registra o drama de cidadãos se adequando às decisões da nação, Jia traz a tona o homem em sua relação mais direta com a existência. Lembrando sempre da ficção inerente à construção artística, não obstante, nos recorda sempre que há um narrador, e que toda verdade só pode brilhar envolta neste olhar terno e desconfiado chamado mentira. A vida como ela é, uma vez.
Era uma vez...

Idealização e texto: Mateus Moura (APJCC – 2013)


SERVIÇO:


Módulo II – A vida como ela é, uma vez
09, 10, 11 e 12 de julho
De 10h as 13h
No Sesc Boulevard
(Av. Boulevard Castilho França, 522-523 – Campina)

INSCRIÇÕES ABERTAS – de 02 a 12 de julho, das 10h as 18h – no Sesc Boulevard 
CURSO GRATUITO COM VAGAS LIMITADAS
Realização: SESC e APJCC

obs: Não é preciso ter feito o módulo I para cursar este módulo.


MINI-CURSO DE CINEMA CONTEMPORÂNEO

O mini-curso pretende através do percurso instituído pelo Mestre Luiz Carlos Gonçalves de Oliveira Júnior em seus textos "A estética de fluxo no cinema contemporâneo e O cinema de fluxo e a "mise-en scene" analisar um recorte da produção cinematográfica contemporânea sob a luz dos conceitos de plano-fluxo, dispositivo e instalação, e mise en scene. De que maneira os filmes de Hou Hsiao-hsien, Gus Van Sant, Claire Denis, Apichatpong Weerasethakul entre outros, são reveladores de uma contemporânea "crise da cena" e de uma sensibilidade neo-primitiva em relação ao mundo e ao fazer cinematográfico? O problema vai do cinematógrafo Lumière aos efeitos em CGI, passando pela longa historiografia da mise en scene clássica. Interessa ao mini-curso, entretanto avaliar de que maneira os realizadores "do fluxo" impõem uma alternativa sensorial ao reino da linguagem.


Mini-curso de Cinema Contemporâneo

com Miguel Haoni (Coletivo Atalante)
10 à 12 de julho (quarta a sexta)
das 14h às 18h, no auditório do CCBEU
(Tv. Padre Eutíquio, 1309)

Inscrições: 50 R$

VAGAS LIMITADAS

Realização: Centro Cultural Brasil-Estados Unidos

Apoio: APJCC e Coletivo Atalante

Sessão Maldita exibe filme de Peter Fleischmann




Em “A Vingança de Dorothea”, diretor que fez parte do Novo Cinema Alemão realiza provocante obra surrealista.

Um ovo quebrado em primeiro plano. Um homem sedento retira o líquido podre repetidas vezes para saciar sua vontade. A cena seria grotesca se não fosse medida em tom humorístico. A certa altura, um professor explica à sua aluna que a sexualidade costumava ser escancarada sem nenhum temor: “Cleópatra teve 108 amantes”, “a rainha da bizantina adorava ter orgasmos em público”, e complementa, “houve um tempo que a sexualidade não era suja, o homem a sujou...”.
A narrativa, em “A Vingança de Dorothea”, 1974, é modorrenta, arrastada, sacana, abjeta. Carrega, na ‘sujeira’ de sua trama, uma garota e seus amigos realizando filmes educativos sobre a biologia do corpo, aventuras carnais. Genitálias dançando na tela, vovozinhos se entregando em bacanais, cortes bruscos entre as imagens e intertítulos fazem parte da obra do cineasta alemão Peter Fleishchmann, com roteiro do famoso Jean-Claude Carrière, grande parceiro do mestre espanhol Luis Buñuel.
Fleischmann fez parte do Novo Cinema Alemão e foi aclamado por Alejandro Jodorowsky e Fernando Arrabal. Alguns mobilizam a expressão “surreal” para “A Vingança de Dorothea”. Nada mais real do que sentir a estranheza que constrói o ser humano.

Aerton Martins (APJCC- 2013)

Sinopse - Dorothea, uma jovem burguesa de 17 anos, brinca com amigos de ambos os sexos, imitando a produção de filmes adultos. Logo tais brincadeiras parecem insuficientes para saciar a curiosidade da garota quanto ao sexo, o que a leva a fazer uma jornada pelo submundo da dominação, pornografia e prostituição.
Classificação: 18 anos.

Serviço:
Sexta-feira, dia 28 de junho
Às 21h, no Cine Líbero Luxardo
(Centur - Avenida Gentil Bittencourt, 650-Nazaré)
ENTRADA FRANCA

Realização: Cine Líbero Luxardo
Curadoria: Aerton Martins
Apoio: APJCC

Mais informações:
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